Com mais de 1 bilhão de usuários, o Instagram é o destino favorito da internet para registros de viagens incríveis, padrões de beleza inalcançáveis e níveis de felicidade dignos de final de novela. Mas, desde a última quarta-feira, 17, algo mudou.
A rede começou a esconder o número de curtidas em fotos no Brasil. Agora, cada pessoa só acessa os próprios números – uma forma, diz o Instagram, de reduzir o impacto à saúde mental dos usuários, crítica frequente à rede. A medida não agradou a todo mundo: além de reclamar, influenciadores passaram a dar um jeito de burlar o sistema e exibir suas curtidas publicamente.
Não é algo restrito ao Brasil: a mudança faz parte de um teste iniciado no Canadá em maio e expandido nesta semana para mais seis países. “Não dá para dizer se vai dar certo, mas é algo que estamos tentando para melhorar o ambiente”, disse Adam Mosseri, principal executivo da rede social, há dois meses. No geral, a iniciativa foi bem recebida pelos usuários – muita gente viu ali o primeiro passo para encerrar a aura de “concurso de popularidade” do serviço.
Mas o grupo dos descontentes é grande – e incluiu até o presidente da República. Na sexta (19), Jair Bolsonaro disse que o fim da contagem de “likes” era uma interferência contra a liberdade. Ele ecoou o discurso do filho Carlos, que afirmou em sua conta no Twitter, um dia antes, que a medida visa a “barrar o crescimento dos que pensam de forma diferente”. Em postagens subsequentes, Carlos acusou a rede de seguir uma “cartilha ideológica ‘progressista’ “.
Preocupados com as mudanças – e os próprios bolsos -, um grupo de subcelebridades e influenciadores digitais não ficou só nas queixas. Deu um jeito de compartilhar o número de curtidas, de diferentes formas. Passaram a comentar nas legendas das próprias fotos, ou postaram capturas de tela com o número de likes, seja na linha do tempo ou nos Stories – a função de mensagens efêmeras do Instagram.
Com 2,4 milhões de seguidores, a influenciadora Marina Ferrari, de 26 anos, publicou na quarta-feira duas capturas de tela, nas quais era possível ver as 40 mil curtidas de uma de suas fotos – tirada em uma viagem a Cancún, no México. Foi criticada em várias redes sociais, mas não viu problema.
“Com certeza continuarei a divulgar meus números nos Stories, porque estou com um bom engajamento”, disse Marina ao Estado. “Postei meus números para mostrar que ainda ia aparecer para mim. Pedi para continuarem curtindo e comentando. Isso ajuda a me motivar mais e também a mostrar resultados para meus clientes”.
Assim, a alagoana mostra que postar os números é uma forma de defesa – além de ter dúvidas se o fim dos “likes” será benéfico para a carreira, ela parece temer que seus anunciantes também não entendam como o sistema funciona. (Estadão)