Agentes da Polícia Federal prenderam na manhã desta quinta-feira, no Santo Cristo, na Zona Portuária do Rio, o pastor Tupirani da Hora Lores, conhecido por discurso contra judeus, além de praticantes de outras religiões, e gays.
Tupirani, líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, foi alvo da operação Rófesh — nome que, em hebraico, significa liberdade, fazendo alusão às recentes discussões sobre os limites da liberdade de expressão.
De acordo com as investigações, o pastor produziu e publicou diversos vídeos com ataques diretos aos judeus e membros de outras religiões. Tupirani responderá pelos crimes de racismo, ameaça e incitação e apologia ao crime. Ele teve o celular apreendido. No momento da prisão, Tupirani exibia uma camisa com a frase “Não sou vacinado”.
Em agosto do ano passado, Tupirani afirmou durante pregação, no começo do mês, que a “igreja não levanta placa de filho da puta negro e veado”. O discurso foi feito em resposta ao pedido de desculpas da pregadora Karla Cordeiro, a Kakau, da Igreja Sara Nossa Terra. Ela havia dito para os fiéis pararem de “ficar postando coisa de gente preta, de gay”, em 31 de julho. Após a repercussão do vídeo e da abertura de um inquérito policial, Kakau publicou uma nota de retratação, em 3 de agosto. O recuo de Kakau irritou o líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo.
“Sabe o que você é, Karla Cordeiro? Você é uma puta, uma prostituta, seu pastor deve ser um veado e a sua igreja toda é uma igreja de prostitutas. Vocês não são evangélicos. Malditos sejam vocês, que a garganta de vocês apodreça por terem ousado tocar no nome de Jesus, raça de putas e piranhas, é isso que vocês são” disse o pastor.
“A igreja de Jesus Cristo não levanta placa de filho da puta negro nenhum, não levanta placa de filho da puta de político, não levanta placa de filho da puta de veado. A igreja de Jesus Cristo só levanta a sua própria placa, porra” acrescentou, aos gritos, o pastor, no altar.
Tupirani já foi preso por intolerância religiosa, em 2009. sendo o primeiro condenado no Brasil por esse tipo de crime. Em 2012, ele e alguns discípulos da igreja foram presos por intolerância religiosa, por comportamentos homofóbicos, xenófobos e racistas. Em março do ano passado, na operação Shalom, ele já havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal. Uma busca e apreensão autorizada pela Justiça buscou encontrar provas que o religioso, em um de seus cultos, pediu por um “massacre” de judeus. O pastor disse que eles “deveriam ser envergonhados como foram na 2ª Guerra Mundial”. Tupirani desafiou agentes em vídeo:
“Manda o delegado vir aqui pedir a minha retratação. Ele não é homem para isso, eu sou vencedor do sistema, ninguém me detém”.
Jornais de Israel repercutiram as declarações do pastor, e a Confederação Israelita do Brasil e a Federação Israelita do Estado do Rio enviaram uma notícia crime para a PF. (Extra)