PF avalia que governo de Israel quis faturar politicamente com ação contra terrorismo no Brasil

Avaliação é que Netanyahu tentou capitalizar politicamente ao divulgar operação em tom alarmista e ‘exagerado’, citando participação do Mossad

Foto: Divulgação/Polícia Federal

ntegrantes da Polícia Federal (PF) avaliam que o governo de Israel tentou capitalizar politicamente a Operação Trapiche, deflagrada nesta terça-feira (8), contra suspeitos de ligação com grupo terrorista no país.

Conforme Paulo Cappelli no portal Metrópoles, agentes ouvidos pela coluna apontam que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, quis “faturar politicamente” ao citar a participação do serviço secreto israelense na operação.

“As forças de segurança brasileiras, junto do Mossad e seus parceiros na comunidade de segurança israelense, bem como agências de segurança internacional, desmontaram um ataque terrorista no Brasil, planejado pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo Irã”, publicou o premiê na nas redes sociais. “O Mossad agradece os serviços de segurança brasileiros pela prisão de uma célula terrorista operada pelo Hezbollah para atacar alvos israelenses e judeus no Brasil”, continuou.

Segundo a coluna, a divulgação não estava nos planos dos investigadores e o tom alarmista da mensagem , citando “célula” do Hezbollah no Brasil, foi visto como “exagerado” pela PF. Em entrevista à CNN, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, chegou a falar em “quebra de confiança” com o governo de Israel.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), também se manifestou de forma contundente, após as declarações de Netanyahu. Por meio das redes, ele afirmou que “o Brasil é um país soberano”, disse que a cooperação pode ocorrer entre países de diferentes matizes ideológicos “tendo por base os acordos internacionais”, mas destacou: “Nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil. E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento”.

“As investigações da Polícia Federal começaram ANTES da deflagração das tragédias em curso na cena internacional. Apreciamos a cooperação internacional cabível, mas repelimos que qualquer autoridade estrangeira cogite dirigir os órgãos policiais brasileiros, ou usar investigações que nos cabem para fins de propaganda de seus interesses políticos”, retrucou.

Dino destacou ainda que os mandados cumpridos na terça (8) sobre possível caso de terrorismo derivam do Judiciário brasileiro e afirmou que cabe à PF investigar para confirmar ou não as hipóteses investigativas. Ele ressaltou também que a condução do caso será pautada exclusivamente nas leis brasileiras e “nada tem a ver com conflitos internacionais”.

(Bahia.ba)

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