O baixo número de interessados em disputar leilões marcou os primeiros eventos envolvendo estradas, portos e aeroportos da atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A maioria dos certames contou com apenas dois concorrentes, número fraco diante do histórico brasileiro e considerado frustrante pelo setor. Há uma década, licitações tinham quase uma dezena de interessados.
Especialistas e representantes do setor apontam que não há um único motivo para a baixa competitividade dos primeiros leilões de Lula 3. No entanto, afirmam que os juros elevados e o fantasma das concessões problemáticas de outras gestões petistas ajudam a explicar o atual desinteresse da iniciativa privada nos ativos.
Os números fracos vêm em um momento em que o governo movimenta suas fichas para fazer da infraestrutura uma de suas vitrines. Além dos bilhões prometidos pelo Novo PAC, o Ministério dos Transportes anunciou uma nova política de leilões, entre outras medidas para melhorar o ambiente regulatório, atrair capital e destravar investimentos. A pasta trata o tema como prioridade, e o ministro Renan Filho já disse que o governo espera fazer 35 leilões nos próximos quatro anos.
De janeiro de 2023 para cá, o governo federal transferiu à iniciativa privada sete ativos de infraestrutura. Foram dois lotes de rodovias no Paraná, um aeroporto no Rio Grande do Norte —que passou por relicitação— e quatro terminais portuários no Nordeste. Havia ainda um leilão de terminal em Porto Alegre previsto para agosto, que foi cancelado por falta de propostas. Com isso, as licitações de 2023 tiveram média de 1,8 participante.
Em 2013, por exemplo, o leilão da BR-040 teve cinco concorrentes. No ano anterior, a concessão da BR-101 teve oito grupos disputando o ativo. Já a BR-163, licitada em 2013, teve seis participantes. (bahia.ba)