Promotoria acusa seis colombianos pela morte de candidato no Equador

Os nomes dos homens supostamente envolvidos na morte do candidato foram divulgados em comunicado

Foto: Divulgação/Campanha Villavicencio

O Ministério Público do Equador acusou seis suspeitos pelo assassinato do candidato à Presidência do país Fernando Villavicencio ocorrido na quarta-feira (9). Eles também responderão por tráfico de drogas, de acordo com a imprensa local.

Os nomes dos homens, todos de nacionalidade colombiana, foram divulgados em comunicado que omite os sobrenomes: Andrés M., José N., Adey G., Camilo R., Jules C. e Jhon R.

Segundo a Promotoria, os suspeitos foram acusados após audiência na Delegacia de Flagrantes Mariscal, onde foram expostos 22 elementos de condenação colhidos no local do crime e em diligências do Ministério Público e da polícia.

Entre eles estariam testemunhas, análise de vídeos de câmeras de segurança nas redondezas do local onde Villavicencio foi morto e a autópsia. A Promotoria afirma também que o laudo balístico mostra compatibilidade entre cartuchos encontrados e um fuzil achado em incursões do órgão judiciário.

Foram localizadas 61 cápsulas de calibre 9mm e 3 de .223, além de arma usada no atentado.

Os suspeitos haviam sido detidos, segundo o Ministério Público, em ações em propriedades nos bairros de Monjas e Argelia Baja. Com eles, a Promotoria achou espingardas, uma submetralhadora, quatro pistolas, três granadas, quatro caixas de munição e duas motos.

Também de acordo com o comunicado, a órgão afirma que processa o caso com base no artigo 140 do Código Penal, incisos 9 e 10, que versam sobre o assassinato de autoridades ou candidatos a eleição e a morte causada durante grandes concentrações e com comoção popular. As penas relativas ao artigo vão de 22 a 26 anos de prisão.

Segundo a imprensa local, dos 6 suspeitos acusados, 5 possuem antecedentes criminais. Entre eles, penas por fabricação e tráfico de armas de fogo, furto, tráfico de drogas, homicídio e violência doméstica.

A defensora pública que representou os acusados na audiência afirma que os suspeitos apresentavam sinais de terem sido agredidos, com atestados médicos que comprovariam a violência. Ela solicitou que a apreensão dos homens fosse classificada como ilegal, sob o argumento de que o devido processo legal não foi respeitado e acrescentando que a Embaixada da Colômbia no país não havia sido notificada, segundo o jornal El Universo.

O assassinato do candidato Fernando Villavicencio mergulhou as iminentes eleições no país em incerteza. Ao menos três candidatos suspenderam suas campanhas –um deles, Jan Topic, foi ameaçado publicamente pela facção que reivindicou a autoria do crime.

O governo do presidente Guillermo Lasso anunciou que manterá a data do pleito para 20 de agosto.

Lasso, que havia decretado estado de exceção por 60 dias no país após a morte de Villavicencio, retirou do texto os artigos que limitavam o direito à liberdade de reunião, justificando a mudança em razão da manutenção do pleito do próximo dia 20. Continuam vigentes as suspensões de outros direitos, como o da inviolabilidade de domicílio.

Villavicencio foi assassinado a tiros na saída de um evento de campanha em um colégio na capital do Equador, Quito. O ataque ocorreu por volta das 18h20 da última quarta-feira e deixou mais nova pessoas feridas. O político de centro-direita, jornalista e ex-sindicalista, já havia recebido ameaças e sofrido outro atentado em 2022.

O velório privado do candidato aconteceu nesta quinta (10), na sala de velórios Memorial, em Quito. Apoiadores se reuniram na porta do local para tentar se despedir do político, mas foram impedidos de entrar e lamentaram do lado de fora, sob protestos. Houve uma breve tentativa de forçar o portão de entrada, captada por vídeos em redes sociais.

Um funeral público era esperado, e o Movimento Construye, partido pelo qual Villavicencio era candidato, organizou um evento no centro de convenções da capital.

O traslado do corpo foi feito diretamente ao cemitério Monte Olivo, onde uma missa foi realizada com familiares na capela, sob proteção de policiais fortemente armados.

“Meu filho deixa um legado de luta, transparência e sacrifício”, afirmou a mãe de Villavicencio, Gloria Valencia. “Espero que sua trajetória não seja usada como propaganda por outros.”

Também na quinta, um dia após o assassinato do presidenciável, uma candidata à Assembleia Nacional do país foi alvo de um ataque na cidade de Quevedo (230 km de Quito).

Estefany Puente dirigia um carro com adesivos de outro candidato, Eduardo Mendoza, quando o veículo foi interceptado por dois criminosos, que dispararam contra o para-brisa, do lado do motorista. Um tiro atingiu de raspão o braço da política, que recebeu atendimento médico e não corre risco de morte.

Os atiradores fugiram, e as motivações do ataque são incertas. Puente estava acompanhada do pai e de um funcionário.

“Hoje fui vítima de um crime contra a minha integridade, o que nós equatorianos vivenciamos diariamente”, escreveu Puente em perfil nas redes sociais. “Fomos esquecidos por um governo inoperante, envolto em corrupção e máfias, fruto de governos anteriores (de fugitivos) e do atual.”

(BNews)

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