Um taxista foi baleado de raspão na cabeça durante assalto em Salvador e afirmou que, após o disparo, fugiu de perto dos criminosos porque percebeu que a arma deles só tinha uma bala. O caso ocorreu na segunda-feira (3) depois que o condutor, que preferiu não se identificar, aceitou uma corrida solicitada pelos criminosos, que se passaram por clientes, na frente de um shopping da capital baiana. Após anunciarem o assalto no meio da corrida, os criminosos fizeram o condutor dirigir até o Parque São Cristóvão, onde o motorista foi espancado e obrigado a entrar no porta-malas do próprio carro.
“No shopping, eu peguei dois [ passageiros]. Mas quando chegou lá para eles descerem, chegaram mais dois, que já estavam lá aguardando. Me mandaram ir para o banco de trás, eu fui. Eles me bateram muito, bateram muito mesmo. Entraram em umas três ruas e diziam que tinha muito movimento, eu achando que iriam me matar”, afirma a vítima, que tem 13 anos de profissão. O condutor diz que passou quase uma hora em poder dos assaltantes.
“O momento mais dramático foi quando eles queriam me colocar na mala do carro e eu resisti. Eu resisti porque, quando ele estava com uma arma apontada para mim, eu vi os quatro furos sem munição. Aí eu falei: ‘Ele só tem uma bala’. Eles me empurraram, eu caí sentado no porta-malas e ele atirou. Depois eu disse: ‘Agora, eu vou ter que correr'”, destacou. O crime foi registrado na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV) e quatro homens envolvidos na ação são procurados pela polícia.
O carro do taxista foi levado pelos criminosos, mas já foi recuperado pela polícia. O veículo estava no Parque São Cristóvão. “Quando e vi ele com uma arma, nervoso, eu achei logo que eles iam me matar ali mesmo. Não ia ter como sair dali. E eu não sei como foi que eu saí, porque cair nas garras de uns elementos daqueles, do jeito que eles estavam nervosos”, disse o taxista.
Violência
Salvador tem quase 20 mil motoristas de táxi. A cidade registrou 87 casos de assaltos a taxistas nos três primeiros meses de 2019 — média de quase uma ocorrência por dia no trimestre. Os dados são da Associação Geral dos Taxistas. Somente no mês de março, foram registrados 43 ocorrências na capital baiana. Em janeiro foram 24 casos e em fevereiro, 20. Cinco motoristas foram agredidos fisicamente, 16 ficaram reféns de assaltantes. Em 2018, 333 motoristas de táxi foram assaltados na capital baiana e dois morreram. Quatro vítimas sofreram ferimentos com faca. Dos três carros levados por criminosos, dois foram recuperados.
“Muitas vezes um assalta um de nós e, no outro dia, a gente vê o mesmo solto de novo, ameaçando a gente. Então, a gente está desacreditado totalmente por isso, porque a gente não tem segurança. As audiências de custódia estão soltando eles o tempo todo”, afirma Ademilton Paim, presidente da Associação de Taxistas. A Polícia Militar informou que realizou, em 2018, 5,5 milhões de abordagens preventivas a veículos, incluindo carros, motos, ônibus e táxis. A corporação disse que foram abordados 153 mil táxis. Além disso, a PM disse que realiza uma média de 13 mil blitze por mês.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informou que, após ouvir as demandas dos profissionais de transporte particular, dentre eles os taxistas, delegacias territoriais foram orientadas a priorizar o atendimento a profissionais dessa categoria. (G1/Bahia)