Uma nova pesquisa feita pelo Instituto de Psiquiatria, Psicologia e Neurociência do King´s College London, em conjunto com a Universidade de Liverpool e o Instituto Karolinska, demonstrou que sintomas típicos da síndrome da fibromialgia, como sensibilidade aumentada para a dor e fraqueza muscular, são consequência da ação de anticorpos do próprio paciente. O resultado do estudo, publicado no começo do mês na revista científica “Journal of Clinical Investigation”, aponta na direção de enquadrar a fibromialgia como uma doença do sistema imunológico.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a síndrome da fibromialgia se manifesta através de uma dor difusa no corpo inteiro, principalmente na musculatura, acompanhada de fadiga, sono não reparador e até alterações na memória, ansiedade e depressão. Uma de suas características mais marcantes é a grande sensibilidade ao toque – uma leve compressão já causa desconforto e dor. Uma em cada 40 pessoas sofre com a enfermidade, sendo que 80% delas são mulheres.
Os pesquisadores injetaram anticorpos de indivíduos com fibromialgia em camundongos e observaram que as cobaias rapidamente desenvolveram uma sensibilidade aguda à compressão e ao frio, ao mesmo tempo em que tinham a força dos membros diminuída e os movimentos prejudicados, ao passo que os ratinhos que haviam recebido anticorpos de pessoas saudáveis não foram afetados. Além disso, as cobaias com anticorpos se recuperaram depois de algumas semanas, quando não havia mais vestígio da substância em seu organismo.
O trabalho mostra que os anticorpos são a causa ou, pelo menos, um dos fatores principais que contribuem para a enfermidade. A descoberta sugere que terapias já existentes para reduzir o volume de anticorpos em outros distúrbios podem se tornar um tratamento eficiente. O cientista David Andersson, que liderou o projeto, afirmou que as implicações desse achado são profundas: “tínhamos um conhecimento limitado da doença. O tratamento para a síndrome da fibromialgia era focado em exercícios aeróbicos suaves, drogas para o manejo da dor e terapias psicológicas, embora nada se mostrasse eficaz para a maioria dos pacientes. Isso agora vai mudar”. (G1)