Sonhos que resistem: idosas na Bahia retomam os estudos e fazem Enem em busca dos cursos de enfermagem e medicina

Maria Augusta Pereira, de 74 anos, retomou os estudos há 6 anos com o objetivo de ter a formação escolar e, este ano ela, faz Enem pela primeira vez. Já Vera Lúcia Gomes, de 64, faz a prova pela 2ª vez.

Foto: Malu Vieira/g1

Desde os 18 anos, Maria Augusta Pereira da Silva, de 74 anos, tinha um sonho: ser enfermeira. Naquela época, ele precisou ser colocado em modo de espera.

A baiana casou, teve filhos e precisou trabalhar para pagar as contas de casa. Mais de 50 anos depois, o sonho foi retomado e, neste domingo (5), ela se preparou para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Salvador, pela primeira vez.

Assim como muitos soteropolitanos, Maria Augusta saiu de casa cedo e esperou a abertura dos portões do Colégio Estadual Luiz Viana para o primeiro dia de prova. Depois de 56 anos de espera, se atrasar, definitivamente, não era uma possibilidade.

“Retomei os estudos há uns seis anos e neste ano vou receber o diploma. Meu maior sonho é ser enfermeira, sou apaixonada pela profissão” , contou.

Maria Augusta já havia buscado o ingresso no curso superior, mas precisava finalizar os estudos nos ensinos fundamental e médio. Além disso, o valor que recebia trabalhando em um armarinho no centro de Salvador não era suficiente para que ela persistisse no sonho naquele momento.

Somente agora, aos 74 anos, ela conseguiu concluir a formação escolar e vai em busca da aprovação no curso de enfermagem. Ela conta que ao longo dos anos se realizou de outra forma. Viu a neta, hoje com 22 anos, se formar como enfermeira.

“Minha neta é a minha maior incentivadora. Foi ela quem me inscreveu no Enem”, contou.
A história de Maria Augusta não é a única. Segundo o Inep, realizador do Enem, são 9.475 pessoas de 60 anos ou mais que vão fazer a prova em todo o Brasil. Entre elas está Vera Lúcia Gomes, de 64 anos, que também tenta uma vaga na área da saúde, só que em medicina.

“Eu não poderia ficar velhinha pensando: ‘e se eu tivesse tentado? Será que eu conseguiria?'”, desabafou.

Essa é a segunda vez que a idosa faz as provas do Enem. Depois da experiência em 2022, ela se sente mais confiante.

Assim como Maria Augusta, Vera teve incentivadores. Os sobrinhos, já graduados em administração, engenharia e direito fizeram coro para a tia tentar a prova mais uma vez este ano. (G1)

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