Zezé di Camargo e esteatose hepática: veja causas, diagnóstico e tratamento da doença do cantor

Sertanejo foi diagnosticado com gordura no fígado, mas, depois de fazer dieta e atividades físicas, conseguiu reverter o quadro

O cantor sertanejo Zezé di Camargo, de 60 anos, foi diagnosticado recentemente com esteatose hepática, nome que se dá a pacientes que têm acúmulo de gordura no fígado. Desde então, ele tem feito dieta e atividades físicas. De acordo com a sua mulher, a influenciadora e educadora física Graciele Lacerda, que ajudou a montar o roteiro de atividades do cantor, o quarto já foi revertido.

“Quando iniciamos, ele estava com esteatose hepática. Hoje, já não tem mais e o porcentual de gordura diminuiu, está se sentindo mais disposto”, disse Graciele ao jornal Extra.

De acordo com Mario Kondo, gastroenterologista do Núcleo Avançado do Fígado do Hospital Sírio-Libanês, o tratamento para gordura no fígado é, realmente, a mudança de hábitos na alimentação e o aumento da prática de atividades físicas.

“Não existe um tratamento fácil. É preciso, seguindo um cronograma rigoroso, mudar os hábitos. Se fizer isso, é possível eliminar toda a gordura do fígado”, diz o especialista.

O que causa a esteatose hepática?

De acordo com Kondo, o acúmulo de gordura no fígado acontece principalmente quando a pessoa consome mais calorias do que gasta no dia a dia. “Isso vai acontecendo gradativamente e repetitivamente até que uma hora essas calorias que sobram acabam tendo de se depositar na forma de gordura em órgãos do organismo, principalmente o fígado”, diz.

Especialmente se a pessoa consome muitos alimentos de baixa qualidade nutricional, como embutidos, ultraprocessados e doces, ela pode desenvolver síndrome metabólica, que é o acúmulo de condições que propiciam o aparecimento de doenças, incluindo a esteatose hepática.

“As causas, em geral, estão associadas a um estilo de vida inadequado. Sobrepeso, sedentarismo, triglicérides elevado e colesterol bom (HDL) baixo, além de alterações na glicose, especialmente diabetes, são as principais condições associadas à doença gordurosa do fígado”, afirma Patricia Marinho Costa de Oliveira, gastroenterologista e hepatologista do Fleury Medicina e Saúde.

Algumas doenças raras também podem favorecer o acúmulo de gordura no fígado, assim como o consumo excessivo de álcool. Por isso, é importante que o hepatologista, médico especialista em doenças do fígado, faça uma análise completa do quadro clínico do paciente para descobrir a causa.

Em quadros mais graves, a esteatose hepática pode evoluir para uma cirrose, ou até um câncer de fígado.

Quais os sintomas da gordura no fígado? Como diagnosticar?

O acúmulo de gordura no fígado não causa sintomas, a não ser quando o quadro já está muito avançado, evoluindo para uma cirrose ou para um câncer de fígado. Nesses casos, a pessoa pode ter inchaço na barriga, vômitos com sangue, emagrecimento, entre outros sintomas, afirma Patricia.

Por ser uma doença silenciosa, é importante fazer exames de rotina. Exames de imagem, em especial a ultrassonografia abdominal, e exames de sangue ajudam a diagnosticar o problema.

Mesmo pessoas magras, se tiverem uma alimentação rica em alimentos de má qualidade nutricional, podem ter acúmulo de gordura no fígado. Então, o que você come pode ser o maior alerta.

Tratamento

Além do comprometimento das funções metabólicas do corpo pelo mau funcionamento do fígado, a esteatose hepática favorece problemas cardíacos, entre outros, especialmente em diabéticos. Por isso, é preciso ser tratada o quanto antes.

Para combater o problema, deve-se tratar as causas de acordo com cada tipo de paciente: cntrolar o diabetes, reduzir o consumo de álcool e, principalmente, fazer uma reeducação alimentar e aumentar a prática de exercícios físicos, como foi o caso de Zezé di Camargo.

De acordo com Tarcila Campos, nutricionista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a dieta deve ser balanceada e focada em fazer substituições saudáveis, trocando alimentos ricos em gordura e produtos químicos por opções mais naturais e ricas em nutrientes.

“Geralmente, essa doença acontece em pessoas que têm uma base nutricional mais inflamatória, rica em alimentos industrializados, à base de farinha branca, muito gordurosos e embutidos“, diz a especialista. Tudo isso deve ser reduzido ao máximo.

“Em geral, recomendamos que esses pacientes passem a consumir metade do prato em verduras, legumes e vegetais, no almoço e na janta. Eles precisa receber uma quantidade maior de fibras, vitaminas e minerais, pois essas substâncias funcionam como antioxidantes para o corpo, ajudando nessa limpeza do fígado”, afirma.

A dieta deve considerar também a quantidade de calorias que deve ser ingerida diariamente de acordo com o gasto calórico daquele paciente, para que haja um equilíbrio. Nesse sentido, aumentar a prática de exercícios físicos, evitando o sedentarismo, é essencial.

Em casos mais graves, onde o fígado é totalmente tomado por gordura, é preciso fazer um transplante. Por isso a importância de diagnosticar precocemente e seguir a reeducação alimentar e prática de atividades físicas corretamente.(estadão)

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