Pastores suspeitos de matar Lucas Terra irão a júri popular, diz promotor

Lucas Terra tinha 14 anos quando foi abusado sexualmente e queimado vivo — Foto: Reprodução/TV Bahia

Dois pastores suspeitos de envolvimento no estupro e assassinato do adolescente Lucas Vargas Terra, em Salvador, em março de 2001, vão a júri popular, no fórum da cidade, segundo informações do promotor de Justiça Davi Gallo. Após sofrer o abuso, Lucas foi queimado vivo.

Segundo informações do promotor, a data do julgamento de Joel Miranda e Fernando Aparecido da Silva será decidida pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A decisão não cabe mais recurso.

Em novembro do ano passado, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), anulou o processo contra os pastores, por falta de provas. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão e, de acordo com Davi Gallo, a 2ª Turma do STF, em Brasília, decidiu a favor do recurso, no fim da tarde de terça-feira (17).

Os ministros Celso de Melo, Carmen Lúcia, Luiz Edson Fachin e Gilmar Mendes votaram a favor da decisão, enquanto Ricardo Lewandowski foi contra.

O G1 entrou em contato com o STF, para obter a decisão, e aguarda resposta. Após receber a notícia, Marion Terra, mãe da vítima, comemorou o resultado da decisão.

“Eles vão a júri popular, acabou gente, acabou, o Fernando Aparecido da Silva e o Joel Miranda vão sentar no banco dos réus porque a palavra final, a última palavra vem do nosso supremo juiz, o juiz dos juízes, o senhor dos senhores. Enfim a justiça, enfim esses homens vão sentar no banco dos réus. Eu estou muito emocionada, eu acho que vocês, meus amigos, que têm acompanhado essa caminhada, que estão há 18 anos perguntando se houve o júri popular, chegou ao final, eles vão ser julgados”, comemorou.

Até agora, somente um dos três suspeitos de envolvimento no crime, o pastor Sílvio Galiza, foi condenado.

Galiza foi acusado por homicídio qualificado com motivo torpe e ocultação de cadáver e, atualmente está em liberdade condicional. Os ex-bispos Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda, foram denunciados a partir do depoimento de Galiza, em 2008.

Em fevereiro de 2019, o pai de Lucas Terra, José Carlos Terra, de 65 anos, morreu no Hospital Ernesto Simões, em Salvador. Ele teve uma parada respiratória decorrente de uma cirrose hepática, diagnosticada em 2018. José Carlos deixou uma esposa, dois filhos e quatro netos.

Crime

O assassinato do adolescente Lucas Vargas Terra aconteceu em março de 2001, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho, na capital baiana. A vítima tinha 14 anos.

Na época, o pai de Lucas apontou como motivo para o crime o fato do seu filho ter flagrado os pastores Joel e Fernando fazendo sexo, com base no testemunho de Galiza, dado depois da condenação.

O corpo de Lucas foi encontrado carbonizado em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama.

Em novembro de 2013, a juíza Gelzi Almeida inocentou os religiosos. A família de Lucas recorreu e, em setembro de 2015, o recurso de apelação foi julgado pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA).

Os desembargadores decidiram, por unanimidade, que os religiosos fossem à júri popular. Foi então a vez da defesa dos ex-bispos recorrerem. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão do TJ-BA.

Silvio Roberto Galiza foi condenado inicialmente a 18 anos de prisão, mas a pena depois foi reduzida para 15 anos.

(G1/BA)

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