O Ministério Público não contou conversa ao buscar a desconstrução dos argumentos da primeira testemunha da Defesa dos pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda ouvida nesta quarta-feira (26) no júri popular do Caso Lucas Terra. Revelou aos jurados que o bispo da Igreja Universal Jadson Edington foi suspeito de estupro em São Paulo.
O caso trazido à tona pelo assistente da Acusação, Vinícius Dantas, foi lançado para confrontar a afirmação da testemunha de que a Igreja Universal pune os pastores com rigor quando detectado um desvio de conduta.
O bispo afirmou que a “acusação não tinha lógica” e por isso não foi afastado das funções. “Não tive contato com ela e no primeiro exame foi constatado que ela era virgem”, rebateu.
Já com a palavra, o promotor Davi Gallo revelou que o exame de corpo de delito citado pelo bispo atestou a virgindade da vítima “porque o relato da moça foi de ela teria sido forçada a praticar sexo anal”.
O sacerdote disse que não lembra quando o caso aconteceu, nem a idade da jovem que o acusou. “Foi há mais de 12 anos”, pontuou.
Conforme apurado pelo MASSA!, Jadson Edington nunca foi acusado formalmente pelo crime de estupro. O caso aconteceu na década de 2000, quando o hoje bispo do Templo de Salomão, em São Paulo, era pastor de igreja no bairro do Brás, zona central da capital paulista.
Na época o corpo jurídico da Igreja Universal, segundo o relato de Edington, assumiu o caso. “Tudo foi resolvido com a família, que entendeu a acusação como caluniosa porque os horários que ela disse ter acontecido isso não batiam”, narrou.
Em 29 de janeiro de 2009 o Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu habeas corpus favorável à defesa de Edington para trancar o inquérito policial nº 362/2006, que apurava estupro e atentado violento ao pudor.
A peça levanta a hipótese de distúrbios psíquicos da suposta vítima e os desembargadores entenderam que a continuidade da investigação “somente prolongaria o constrangimento” do suspeito.
De volta ao Fórum Ruy Barbosa, o assistente da Acusação, Ricardo Paranhos, afirmou que a investigação da vida pregressa das testemunhas da Defesa não será a tônica do julgamento do Caso Lucas Terra.
“O que nós precisamos ponderar é se uma pessoa investigada por estupro pode vir aqui em plenário ratificar a conduta de outras pessoas acusadas tão somente pelo mesmo crime, mas por um homicídio cometido de forma bárbara”, explicou. (M!)