Dois meses após surgir na China, a COVID-19 – doença respiratória causada por um novo tipo de coronavírus – foi identificada no Brasil na última quarta-feira (26/02). A confirmação foi dada pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, em coletiva de imprensa. Com isso, o Brasil se torna o primeiro país a reportar um caso do vírus na América Latina – que, até agora, era a única região do mundo sem nenhum caso relatado da doença.
Confira as respostas para cinco perguntas relevantes agora que sabemos que o vírus está definitivamente entre nós:
1) Como a COVID-19 chegou ao Brasil?
O primeiro caso foi detectado em um homem brasileiro de 61 anos, que viajou a trabalho para a região de Lombardia, norte da Itália, no dia 9 de fevereiro, retornando para a cidade de São Paulo no dia 21. Quando ele chegou, estava assintomático, mas dois dias depois apresentou sintomas e procurou ajuda médica. Como ele veio de uma área onde há um surto, um exame preliminar foi feito pelo Hospital Albert Einstein e indicou resultado positivo. A confirmação oficial veio do Instituto Adolfo Lutz, se tornando assim o primeiro caso da doença confirmado em toda a América Latina. Depois veio um caso confirmado na Bahia através do Ministério da Saúde (saiba mais aqui).
A Itália, por sua vez, vive o maior surto da doença na Europa: até a tarde do dia 26/02, já eram mais de 370 casos de covid-19 confirmados e 12 mortes, concentradas no norte do país.
2) Há risco de epidemia?
Ainda não dá para saber. Só há um caso confirmado até agora, mas outros 20 estão sendo monitorados como suspeitos – a maioria (11) no estado de São Paulo. Um dos casos suspeitos é a esposa do homem já infectado; os outros são de pessoas que viajaram para países onde há casos confirmados da doença, como Itália, Alemanha e a própria China. Outros 59 casos já foram descartados.
A Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) informou que outras 46 pessoas que tiveram contato com o paciente serão procuradas e contatadas – 30 são familiares do homem e 16 são pessoas que estiveram no mesmo voo que ele. Esses indivíduos serão orientados a procurar a rede de saúde caso desenvolvam sintomas da doença.
O número de pessoas em monitoramento é grande, mas estudos preliminares já demonstraram que cada indivíduo infectado passa o vírus para, em média, 2 a 3 outras pessoas.
De qualquer forma, não há nada que justifique pânico. A detecção precoce da doença no Brasil ajuda no rastreamento da doença, e mesmo na China, onde a doença surgiu e se espalhou rapidamente, a transmissão está sendo contida aos poucos.
3) O que fazer para se precaver?
Os protocolos de prevenção da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde concordam que a melhor maneira de se precaver é a higienização, lavando as mãos com frequência ou utilizando desinfetantes à base de álcool. Outra medida eficaz é evitar levar as mãos ao nariz, boca ou olhos sem antes lavar as mãos. De resto, valem as regrinhas aplicadas em casos de gripe comum: espirrar e tossir apenas em lenços descartáveis; evitar aglomerações de pessoas; limpar e desinfetar objetos com frequência; e manter uma dieta saudável para fortalecer o sistema imunológico.
4) Devo usar máscara cirúrgica ao sair na rua?
Por incrível que pareça, não. Apesar de ser uma visão comum em diversas cenas da epidemia pelo mundo, as máscaras descartáveis comuns protegem muito pouco contra a COVID-19. Além disso, se usadas por muito tempo, podem acumular fluídos infectados em sua superfície e assim levar o vírus para pessoas próximas. Por isso, nem a OMS nem o Ministério da Saúde citam o uso de máscara como uma medida de prevenção efetiva – o melhor mesmo é a higienização constante.
As máscaras só são recomendadas em alguns casos, como quando a pessoa já estiver infectada com a doença, para evitar que passe o vírus adiante, ou quando uma pessoa saudável vai ter contato próximo com uma pessoa que já estiver infectada, como no caso de médicos e agentes de saúde. Nesses casos, é necessário utilizar um respirador do tipo PFF2/N95, que deve ser descartado imediatamente após o uso.
5) Quais são os sintomas de uma possível infecção? O que fazer na presença deles?
Os sintomas da doença parecem com o de uma gripe comum: coriza, febre e tosse, e, em quadros mais graves, dificuldade para respirar. Se você apresentar algum desses sintomas, deve procurar uma unidade de saúde e relatar se viajou para o exterior recentemente ou se teve contato com alguém que viajou.
O protocolo médico é testar os pacientes suspeitos, mas só internar aqueles que apresentarem sintomas graves, como dificuldade em respirar. Quem apresentar apenas sintomas leves deve ficar em quarentena em sua própria casa até a doença desaparecer. Isso porque, em um hospital, o infectado pode passar a doença adiante para pessoas já vulneráveis e doentes.
Não há cura conhecida para a COVID-19: o jeito é esperar que o sistema imunológico se livre do vírus por si só. Por isso, pessoas mais velhas ou com o sistema imunológico debilitado estão sob maior risco.