O Voz da Bahia entrevistou em sua live das 12h30 desta quarta-feira (11), uma das filhas de Maria Damiana dos Santos que foi assassinada em Santo Antônio de Jesus pelo seu companheiro Antônio dos Santos Borges, 44 anos, e enterrada no fundo de um bar em que era proprietária (relembre aqui). A filha, Ivonete Santos, buscou descobrir a verdade juntamente com a Polícia Civil e outros familiares sobre a morte de sua mãe que chocou o município.
DESCONFIAR:
Ivonete, 38 anos, residente na Rua do Curral em Santo Antônio de Jesus, afirmou que desde o desaparecimento de sua mãe, no dia 1 de setembro já havia pensado na possibilidade da mesma estar morta. Além disto, falou como descobriu que Antônio era culpado pelo desaparecimento da sua mãe, “eu havia mandado um áudio para ela avisando que iria visita-la, mas acabei não indo. Mandei um áudio para ela no domingo (31), que foi visualizado, mais de 1h depois começaram a me mandar figurinhas pelo WhatsApp, coisa que ela não sabia fazer, apenas áudio porque não sabia mexer. Mas não desconfiei porque todo mundo pode aprender. Depois disso, fui no bar em que ela era proprietária na terça-feira (3) e ele estava fechado, minha mãe tinha o costume de ir nesses dias para a casa dela no bairro São Paulo, então achei que estava tudo comum e normal. Eu não imaginava que minha mãe já estava morta. Na quinta-feira (5), meu filho estava trabalhando e estava de passagem pelo local e decidiu ir na casa da avó, quando ele chegou, perguntou a Antônio e ele respondeu: ‘sua avó deu uma saidinha e depois já volta’. Ele nunca tinha tratado o meu filho bem, ofereceu dinheiro para comprar pão, por isso meu filho estranhou. Ele ficou confuso com a resposta de Antônio e também por encontrar ele no balcão, o que minha mãe nunca havia feito, deixado o balcão. Devido a isto, meu filho retornou e falou com um vizinho, que afirmou que Antônio teria dito que Damiana estaria em Salvador na casa de uma filha”, afirmou.
INVESTIGAÇÃO:
Através do seu filho, Ivonete pôde começar a investigar o paradeiro da sua mãe, juntando pistas e relatos de vizinhos, “meu filho me contou o que havia acontecido e eu comecei a juntar as peças, fui até a Rua da Linha e chamei minha mãe, olhei em um buraco no portão e não vi nem Antônio, nem ela, muito menos o carro. Fiquei mais desesperada ainda e fui bater na porta dos vizinhos. Eles me contaram que quem estava tomando conta do bar era Antônio e que desde domingo Damiana estava desaparecida, além disto, eles falaram que ouviram 3 disparos de arma de fogo. Aí eu fiquei desesperada. Fui no bairro São Paulo na casa dela, não havia ninguém, outro vizinho afirmou que não tinha visto ela, mas sim o Antônio”, declarou.
SENTIMENTO:
Ivonete contou também sobre o trabalho da polícia, após prestar queixa e falar sobre todas as informações colhidas. Por fim, contou também que desconfiava que Antônio estava prestes a tirar sua vida, “fui para a delegacia tarde da noite, mas eu não tinha documentos e não pude fazer nada. Na sexta-feira (6), eu decidi ir cedo pela manhã no bar, onde eu encontrei Antônio saindo, e ele falou com a cara mais lavada: ‘eu levei sua mãe para a casa dos tios em Cruz das Almas, eu já ia lhe buscar para te levar’. Eu tive a certeza, ele havia cometido um crime e ia cometer outro. Ele sabia que eu estava investigando e queria me matar. Ele insistiu muito para entrar no carro, mas Deus me deu sabedoria e eu disse que iria em uma amiga dela. Naquele momento, eu já sabia que ela estava morta, mas jamais desconfiei que ela estava enterrada no bar”, pontuou.
JUSTIÇA:
Os vizinhos e amigos de Damiana foram as chaves principais para o desfecho deste crime, eles coletaram informações, repassaram para os familiares e se mobilizaram em frente ao bar para buscar respostas, “alguns vizinhos afirmaram que Antônio pediu cavador e outras ferramentas emprestadas, eu voltei para a polícia e informei tudo o que me disseram e que ele estava com um monte de dinheiro, que possivelmente pode ter sido ganhado pela minha mãe no ‘Jogo do Bicho’, mas ainda estou investigando. Quando eu estava desesperada chorando na rua, um radialista me perguntou o que havia acontecido e graças a isso as coisas começaram a andar, a população começou a se mobilizar e finalizando com o desfecho dela sendo descoberta no bar”, declarou.
QUAL SERIA O MOTIVO DO CRIME?
Ivonete finalizou afirmando que o motivo de Antônio ter assassinado sua mãe, certamente foi por ganancia, “eu nunca havia visto Antônio agredir fisicamente minha mãe, apenas ameaçava bater. Uma vez ele fez isso na frente de meus filhos e eu afirmei que chamaria a polícia quando acontecesse. Tudo o que ele tem foi minha mãe que deu. Ele passou a ser gente graças a ela. Ele era alcoólatra, andava mijado e ninguém o respeitava. Ela deu uma vida digna, até os dentes que ele tem na boca foi minha mãe quem deu. Creio que ele matou minha mãe por ganancia, queria os bens dela, ele está na justiça por ter arranjado o carro do vizinho, foi decretado que o mesmo terá que pagar R$ 3 mil reais, mas como não tem dinheiro, não é respeitado e é jurado de morte. Ele já havia falado na minha frente quando minha mãe mandou ele ir embora: ‘você está pensando que eu vou sair daqui liso? Você vai dividir tudo o que é seu comigo’, dizia esse monstro. Vou dar um jeito para que ele apodreça na cadeia, não vou permitir que isso aconteça de novo com outras pessoas”, finalizou.
Confira a entrevista completa abaixo:
Reportagem: Voz da Bahia