A major Denice Santiago vai se afastar da Polícia Militar após evento na próxima segunda-feira (9), em comemoração aos cinco anos da Ronda Maria da Penha, projeto que criou e comanda atualmente.
A saída oficial dela da corporação pode ocorrer já no dia seguinte, 10, para concorrer à prefeitura de Salvador pelo PT, conforme apurou A TARDE com cinco fontes da sigla que falaram em condição de anonimato. Principal fiador da candidatura da major, o governador Rui Costa (PT) deve participar da cerimônia na segunda. A data de filiação de Denice à sigla, entretanto, não foi definida. A legenda vai estudar na próxima semana quando e como será o ato.
O afastamento, no entanto, pode acontecer depois do previsto porque a major ainda procura a melhor solução jurídica para fazê-lo. A Lei Complementar 64/90, que estabelece situações de inelegibilidade, obriga a deixarem as funções, até quatro meses antes da eleição, as autoridades policiais, civis ou militares, que queiram se candidatar ao cargo de prefeito ou vice-prefeito.
Uma das possibilidades cogitadas é a de que ela se desincompatibilize das funções e seja colocada na condição de agregada da PM, previsão contida no inciso XIV do artigo 23 do estatuto da corporação.
“O policial militar será agregado quando for afastado, temporariamente, do serviço ativo por motivo de: […] ter se candidatado a cargo eletivo, desde que conte dez ou mais anos de serviço”, diz o dispositivo. Com isso, ela continuaria pertencendo aos quadros da polícia, mas atuando em outro lugar. No entanto, poderia voltar à PM caso perca a disputa eleitoral.
Escolhida por Rui para representar o partido na disputa majoritária este ano, Denice só deve ser indicada oficialmente pela legenda em um encontro de delegados. Inicialmente marcado para o dia 14 de março, o evento foi adiado para o dia 21 de março em razão de uma reunião da direção nacional da legenda, que acontecerá entre os dias 13 e 14. Até o dia do encontro, a expectativa é de que Denice tenha conversas com deputados petistas e realize atividades de pré-campanha, possivelmente acompanhada pelo padrinho político.
Apesar de petistas terem vindo a público verbalizar seu descontentamento com a escolha de uma candidata não filiada ao partido, naquilo que militantes partidários têm chamado de “importação”, a avaliação é de que a major será escolhida pelo PT com folga. A expectativa é de que ela consiga mais de 70% de apoio das correntes internas que formam a legenda. Atualmente, a sigla tem quatro pré-candidatos: o deputado estadual Robinson Almeida, a socióloga Vilma Reis, o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira e a secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial, Fabya Reis.
A estratégia em relação a esses nomes tem sido discutida internamente. Há setores que defendem a retirada das candidaturas, em favor da construção de unidade partidária em torno de Denice, que tem mostrado mais viabilidade em relação aos demais postulantes. Entretanto, não há consenso sobre o assunto entre os pré-candidatos.
Entre os que podem desistir para evitar o bate-chapa e preservar a legenda de um racha, estão Robinson e Fabya. No caso do parlamentar, o recuo pode vir antes mesmo do encontro. Já a secretária avalia anunciar a desistência no dia da reunião. No seu grupo político, o entendimento é de que, apesar de ela sair do processo de pré-candidatura com saldo positivo, não é possível lutar contra uma candidatura colocada pelo governador. Já Juca e Vilma querem se manter na disputa até o fim, inicialmente. (A Tarde)