Novos trechos de conversas divulgadas pelo The Intercept Brasil, neste sábado, (22/6),revelam que Deltan Dallagnol e outros procuradores do Ministério Público Federal (MPF)concordaram e defenderam a publicação na mídia de vazamentos de informações sigilosas ou obtidas ilegalmente.
Desde que vieram à tona as primeiras mensagens entre o então juiz Sergio Moro e procuradores indicando possível interferência do agora ministro na operação Lava Jato, as manifestações públicas de Deltan são de que ele e os procuradores, assim como a operação em si, são vítimas de um “ataque gravíssimo por parte de um criminoso”.
Mensagens enviadas via Telegram num chat chamado “PF-MPF Lava Jato 2”, no entanto, apontam que em novembro de 2015 Deltan alertou seus colegas que seria “praticamente impossível” investigar pela via judicial jornalistas que tenham publicado material vazado. Na ocasião, eram discutidas no grupo medidas para coibir vazamentos de informações da força-tarefa, classificados por alguns como “muito prejudiciais”.
Já em maio de 2018, Deltan escreveu que “Autoridades Públicas estão sujeitas a críticas e tem uma esfera de privacidade menor do que o cidadão que não é pessoa pública.” Desta vez, a conversa ocorreu no chat chamado “Liberdade de expressão CF”.
Deltan também já defendeu a prevalência do interesse público “quando há o conflito entre o direito à privacidade e o direito à informação sobre crime grave”. Em março de 2016, ele compartilhou no Twitter uma análise René Dotti favorável à decisão de Moro de tornar públicas gravações telefônicas do ex-presidente Lula com a então presidente Dilma Rousseff.
Mensagens trocadas entre Sergio Moro e Deltan Dallagnol, divulgadas pelo The Intercept Brasil nesta terça-feira (18), apontam que o ministro repreendeu as investigações contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pois “não queria perder o apoio”.
O diálogo teria acontecido logo após o Jornal Nacional veicular, em 13 de abril de 2017, uma reportagem de suspeitas contra o tucano. O então juiz questionou Dallagnol sobre a seriedade das “acusações”.
O procurador teria afirmado que a Lava Jato não levou em consideração a prescrição para demonstrar “passar um recado de imparcialidade”. Na época, a operação era criticada por investigar apenas membros do PT envolvidos no esquema de corrupção.
“Ah, não sei. Acho questionável pois melindra alguém cujo apoio é importante”, responde Moro.As denúncias de FHC seriam referentes a um suposto Caixa 2 em 1996.