Com a bênção do ex-presidente Lula, a deputada Gleisi Hoffmann (PR) foi reeleita com 71,5% dos votos petistas para mais quatro anos na presidência do PT. Ao avaliar as prioridades do partido, ela reconheceu que é preciso fortalecer a comunicação digital, dominada pela direita.
Gleisi admitiu que a comunicação do PT está “aquém daquilo que nós precisamos”. “A direita está na nossa frente. Precisamos nos armar nas redes sociais, organizá-las, juntá-las, potencializar os nossos canais”, afirmou.
O resultado do 7º Congresso Nacional do PT foi anunciado neste domingo (24) e já era esperado. A principal corrente do partido, a CNB (Construindo um Novo Brasil), da qual Gleisi faz parte, tinha a maioria dos 800 delegados eleitos previamente para deliberar sobre o comando da sigla.
O congresso também apresentou uma resolução final, que guiará a atuação do partido nos próximos anos. O documento é basicamente a tese já defendida pela CNB, mas com uma emenda que avaliza a possibilidade de o partido pedir o impeachment de Jair Bolsonaro caso enxergue condições para isso.
“A partir da evolução das condições sociais e percepção pública sobre o caráter do governo, da correlação de forças, a direção nacional do partido, atualizando a tática para enfrentar o projeto do governo Bolsonaro, poderá vir exigir a sua saída”, diz o trecho.
Segundo membros da CNB, hoje não há crime de responsabilidade praticado por Bolsonaro nem mobilização popular ou maioria no Congresso capaz de sustentar um impeachment. O texto final, no entanto, coloca essa hipótese no horizonte em vez de descartá-la. “A possibilidade sempre tem. O presidente comete uma série de impropriedades, sua família está sendo investigada, então há possibilidade de se configurar um crime de responsabilidade como diz a Constituição”, afirmou Gleisi à imprensa.
Os outros nomes que concorreram à presidência foram a deputada Margarida Salomão (PT-MG) e o historiador Valter Pomar, de correntes mais à esquerda no partido. Eles obtiveram respectivamente 11,7% e 16,6% dos votos. No caminho para a reeleição, Gleisi chegou a enfrentar resistência dentro da CNB. Houve um movimento a favor de que Fernando Haddad, presidenciável do partido em 2018, comandasse o PT. O nome da deputada, no entanto, foi defendido por Lula e acabou se sobressaindo. (Varela)