Versão da Polícia Militar, de que agentes foram recebidos a tiros, contradisse as imagens registradas.
A morte do jovem Daniel da Cruz de Jesus, de 24 anos, baleado por um policial militar durante uma abordagem, em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, completa dois meses nesta quinta-feira (15). Uma câmera de segurança flagrou toda a ação e, segundo a Polícia Civil, as imagens ainda estão sob análise.
A polícia disse ainda que aguarda os laudos de perícia para auxiliar na investigação, e detalhou que testemunhas ainda estão sendo ouvidas. O g1 entrou em contato com a Polícia Militar que se limitou a informar que “o fato segue sendo apurado em procedimento interno”.
No mês de julho, a Polícia Militar apresentou uma versão oficial que contradisse as imagens registradas. Nela, a PM afirma que os agentes de segurança foram recebidos a tiros, que houve um revide e que Daniel foi “atingido, desarmado e socorrido imediatamente para o hospital”.
As imagens, no entanto, mostram o momento em que Daniel passava pela rua, aparentemente desarmado, quando um carro com os policiais se aproximou dele. O veículo não tinha caracterização da polícia.
Dois PMs desceram do carro empunhando armas de grosso calibre na direção de Daniel, que colocou as mãos na cabeça quando a abordagem começou. Logo depois, são ouvidos três disparos feitos na direção dele por um dos policiais.
Também na nota, a polícia diz que uma arma de fogo e um vasto material de drogas, como crack, maconha e cocaína foram apreendidos com Daniel, mas na gravação não é possível identificar nada nas mãos do jovem.
Na ocasião, a Polícia Militar informou que “determinou a instauração de um inquérito policial militar, a fim de apurar as circunstâncias do fato, devendo ser concluído em um prazo de 40 dias”. No entanto, o prazo não foi cumprido pela própria corporação.
O texto informa, ainda, que as armas dos policiais foram recolhidas, e que serão periciadas. No mesmo dia da morte de Daniel, os familiares dele fizeram um protesto, com pedidos de justiça, em frente ao Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde o corpo era periciado. (G1 Bahia)