Entre 2014 e 2019 houve um aumento de 49,6% dos suicídios cometidos por jovens de 11 a 20 anos, segundo pesquisa da Azos
Falar de saúde mental não é só coisa de “gente grande”. Ao menos não deveria. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é a quarta causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. Em 2018, mais de 45% dos casos de automutilação no país ocorreram nessa faixa etária. Dessas automutilações, 40% foram registradas como tentativas de suicídio.
Entre 2014 e 2019 houve um aumento de 49,6% dos suicídios cometidos por jovens de 11 a 20 anos, segundo pesquisa da Azos. Além disso, aproximadamente 1/3 das pessoas que cometem suicídio apresentam um histórico de tentativas frustradas.
Esses dados mostram que, assim como adultos, jovens e também crianças podem desenvolver transtornos mentais. E observar os sinais dados por eles é fundamental para um diagnóstico. Daniela Araújo, psicóloga e coordenadora do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria explica que os pais devem ficar atentos a mudanças de comportamento dos filhos.
“Quando o filho começa a mostrar de forma repetida uma mudança de comportamento é importante atentar quais são essas mudanças. Mais isolamento, falando menos, evitando ir para os ambientes sociais, evitando sair de quarto, com dificuldade de manter a rotina, tomar banho, se alimentar, aparentando tristeza maior, com mais dificuldade em estar se animando com as coisas”, enumera.
Além disso, a especialista destaca que reações após eventos traumáticos, como a perda de alguém querido ou até mesmo a separação dos pais, pode desencadear mudanças de comportamento.
Diante desse cenário, a recomendação é que os pais levem os filhos para um psicólogo, para eles sejam acompanhados por um profissional.
Adolescência
Quem nunca ouviu a expressão “aborrecência”? Ela é usa de maneira irônica ao se falar da adolescência, período em jovens entram em uma fase que pais consideram mais difícil de lidar. Daniela Araújo explica que a adolescência é uma fase de transmissão no qual o jovem “sai da lógica do funcionamento infantil”.
“O corpo começa a se mostrar diferente para o próprio jovem. Ele começa a se encontrar com o corpo de uma outra maneira, o despertar sexual. […] E aí ele vai começar a experimentar viver o mundo distante dos pais. Esse momento em que eles vão se responsabilizando mais pelos próprios atos e comportamentos e vão podendo fazer algumas coisas de forma mais autônoma. Então é um momento justamente de sair dessa relação com as autoridades materna e paterna. Na fase da adolescência, eles vão buscar os grupos os grupos onde vão se identificar”, pondera.
A profissional explica que um sinal de alerta deve ser ligado quando há um excesso. “O ponto me parece que está em quando esses comportamentos viram excessivos e quando tem algo que se perde, ou seja, ainda que eles saiam da autoridade paterna e materna, é importante que eles tenham uma referência, porque pai e mãe não deixam de ser referência, de lei, de normas, de como as coisas devem andar”, disse.
Confira alguns sinais que podem ajudar o adulto a identificar que o filho precisa de ajuda:
• Está com dificuldade na escola e não consegue se concentrar;
• Está agressiva;
• Tenta se machucar com frequência;
• Evita amigos e familiares;
• Passa por mudanças constantes de humor;
• Está sem energia e motivação;
• Apresenta dificuldades para dormir ou tem muitos pesadelos;
• Costuma se queixar muito de dores ou desconfortos físicos. (Ibahia)