Salvador tem 81% de ocupação de leitos de UTI: ‘Viveremos as piores semanas da pandemia’, diz secretário de Saúde

Foto : Paula Fróes/ Governo da Bahia

Aumento da procura por atendimento nas UPAs, 81% dos leitos de UTI ocupados e número de casos subindo. Esse é o cenário da pandemia do novo coronavírus em Salvador, cidade que já registrou 104.732 mil pacientes infectados pela Covid-19 e 3112 óbitos.

A tendência é o aumento desses números, conforme destacou o Secretário Municipal da Saúde (SMS), Leo Prates, em entrevista ao Jornal da Manhã desta sexta-feira (18). Ele acredita que com as festas de final de ano, a doença pode evoluir em todo o estado e prevê a chegada das piores semanas da pandemia.

“Nós viveremos, a partir da semana que vem, as cinco piores semanas da pandemia. O sistema público de saúde está num momento muito mais crítico do que no auge da pandemia, porque eu estou pressionado com outras doenças, com pessoas que não se cuidaram na pandemia, especialmente pessoas com AVC e com infarto”, relatou.
O secretário contou que, na quarta (16) e quinta-feira (17), visitou as UPAs de Salvador para acompanhar o serviço e atendimento à população. No local, ele percebeu que muitas pessoas têm ido às unidades em busca da testagem para viajar para o interior.

“As pessoas acham que testar, basicamente, [depois] você vai chegar lá ver seus parentes e está protegido. Não está protegido. Todo teste, mesmo do PCR, tem uma janela onde há um período da doença. No caso do PCR, por exemplo, é de três dias em que ele não detecta”.
“Então você precisa entender que a testagem não é garantia de que você não está com a doença, quer dizer que você, naquele momento, não desenvolveu a doença. Então, essa testagem para ver os parentes não é 100% segura”, destaca.

De acordo com dados disponibilizados pela plataforma da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), que concentra os dados da Covid-19 em toda a Bahia, de quarta para quinta-feira, Salvador teve 601 novos casos de pacientes com o covonavírus.

Além disso, Salvador está no topo da lista dos municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100 mil habitantes, com 23,06%.

A situação também é preocupante em toda a Bahia. No último boletim, o da quinta-feira, o estado registrou quase 5 mil novos casos em 24 horas.

Leitos

Sobre os leitos, a Sesab aponta que 816 estão ativos na capital baiana. Do total, 658 estão ocupados, o que corresponde a uma taxa de ocupação geral de 81%. Os leitos de UTI adulto estão com 81% de ocupação. Já os de UTI pediátrica, 63% de ocupação. Com relação aos leitos de enfermaria, a capital baiana tem taxa de ocupação de 82% (adulto) e 78% (pediátrico).

O secretário de saúde também falou da disponibilização de leitos e relembrou que, na última segunda-feira (14) foram abertos 26 leitos clínicos no Hospital Salvador, sete no Hospital Santa Isabel e três no Hospital Português.

“Totalizamos 36 leitos clínicos, aquele leito para o paciente com menor gravidade que não precisa de respirador, mas precisa de internamento”, explicou.
O secretário ressaltou que a prefeitura vai seguir abrindo leitos na capital baiana, mas faz um alerta e pede apoio da população para conter o avanço da doença na cidade.

“Hoje teremos reunião de emergência e vamos abrir 10 leitos de UTI no Hospital Salvador. O Estado deve abrir leitos hoje, e na próxima semana vamos abrir mais leitos. Porém, a nossa capacidade de abertura de leitos é finita, e a doença está avançando rápido. Ontem [quinta] fechamos o dia com sete pessoas a serem reguladas das UPAs para os leitos, mas quando foi hoje de manhã, eram 16 pessoas. Há volume e rapidez de entrada das pessoas nas entradas nas UPAS”, relatou.

Leo Prates disse ainda que, apesar dos esforços das gestões municipal e estadual, precisa do apoio da população, principalmente para que elas evitem aglomeração. Informou ainda que a prefeitura mantém as ações de restrições, fiscalização e exemplificou com a proibição de venda e consumo de bebidas em espaços públicos do Rio Vermelho e Itapuã.

“Estamos fiscalizando os protocolos. A Sedur, Semop e a Guarda Civil Municipal têm feito um excelente trabalho de fiscalização, mas é preciso a colaboração da população”, disse. (G1)

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