O governador Rui Costa falou nesta sexta-feira (10) sobre a situação das chuvas no Estado, com 24 cidades em situação de emergência por conta de alagamentos. O Extremo-Sul é a área mais afetada da Bahia. Não há uma estimativa precisa de desabrigados no estado por conta da chuva, por conta da dificuldade de contabilização e do alto número de locais ilhados, segundo a Defesa Civil.
“Tá chovendo muito em praticamente em todo estado, mas a situação mais crítica é no Extremo Sul. Dentro do Extremo Sul, a situação pior é a cidade de Jucuruçu e parte de Itamaraju, principalmente o distrito de Nova Alegria. Praticamente estão debaixo de água, só parte dessas duas localidades estão fora do alagamento”, avaliou Rui durante o Bahia Meio Dia, da TV Bahia.
Rui afirmou que o governo tem feito esforços para ajudar nos resgates de ilhados, mas há muita dificuldade por conta das condições meteorológicas. “A grande dificuldade é ter acesso às casas. Helicópteros não conseguiram operar, operação muito limita em função das condições meteorológicas. além da chuva, um nevoeiro. Você não consegue operar sem visibilidade”, explicou.
Falando de algumas famílias que estão se recusando a sair das casas, mesmo com risco de alagamento, Rui disse que o poder público pode agir, especialmente se houver menores envolvidos. “A prioridade é proteger as pessoas, tirar as pessoas da área de risco. Queremos enviar essa mensagem a todas pessoas. Saiam desses lugares, vão para lugares mais altos. Prefeitos relataram a resistência grande de muitas pessoas a sair de casa, mesmo com nível da água subindo. Saiam de suas casas”, repetiu.
“Pedimos primeiro com convencimento, mas em risco iminente, a gente pode fazer a remoção compulsória. Se o Estado sabe, se a prefeitura sabe, que o nível da água vai subir 4, 5 metros e deixar aquela casa completamente debaixo d’água, não podemos simplesmente virar as costas e aceitar a negativa da pessoa, quando ali tem crianças inocentes que não têm noção do risco. Não vamos deixar uma criança morrer porque o pai ou mãe se nega a sair de casa, mesmo sendo informada que a casa vai ficar debaixo d’água”, ressaltou.
Ele disse que até agora não recebeu nenhum contato do governo federal. “Não recebi nenhuma ligação ou informação do governo federal. Espero que o governo, como historicamente sempre foi feito, ajude o estado e municípios envolvidos. Mas até esse momento não recebi contato para tratar desse assunto”, destacou.
Previsão de melhora domingo
Para a noite de hoje e manhã de sábado, a previsão assusta. “Volume de água chegará hoje à noite ainda maior”, diz o governador. “Reiteramos com prefeitos que essas pessoas (que moram perto de rios e afins) saiam de suas casas. Não esperem que o nível de vários rios e riachos ainda vão subir, algumas barragens vão soltar mais água. Recebemos alerta da Chesf, que opera barragem de Pedras, em Jequié, que de hoje para amanhã soltará um volume grande de água. Todas as cidades que estão depois da barragem, vai aí nosso alerta para que retire a população próxima aos rios porque vai chegar um volume grande de água”, ressaltou.
A expectativa é que as chuvas comecem a diminuir no domingo e haja uma “melhora sensível” na segunda. “Dezenas de pontes que caíram, estradas interrompidas e só poderemos atuar depois que o nível da água abaixar”, destacou. “Já estamos com máquinas e equipamentos, maioria não consegue trabalhar porque o nível da água está alto”.
Assim que for possível, esse trabalho de recuperação vai começar para reconstruir pontes, escolas e casas mais atingidas. “Pedimos aos prefeitos que identifiquem as casas destruídas, vamos apoiar também a reconstrução, eventualmente algumas terão que ser reconstruídas em outro local, mais alto, para que no futuro essas famílias não sejam alcançadas pela água”.
Ao longo dos dias, reuniões diárias vão acontecer entre as equipes estadual e municipais para monitorar a situação.
Jucuruçu
Uma das cidades mais atingidas por alagamentos é Jucuruçu. Rui explicou que a cidade tem acesso é difícil. “Alguns desses locais você tem muitos morros. Especialmente Jucuruçu, que é uma região montanhosa, de difícil acesso para o helicóptero, se não tem visibilidade. Estamos tentando chegar nessas cidades, mas não estamos conseguindo”, disse. Ele falou também sobre o prefeito da cidade, Lili, que está ilhado em uma fazenda.
“Eu falei com ele ontem ao telefone, consegui falar via o zap, e ele me mandou imagens de onde ele estava. Ele mora em uma fazenda próxima da cidade. Me mandou imagens onde a sede da fazenda está toda cercada de água. Foi tudo alagado. Ele não consegue sair e ninguém consegue chegar. Consegue esporadicamente contato via telefone, em função do sinal, também prejudicado com a chuva. Caíram muitos postes, muitas redes de energia. Em alguns lugares tem problema com falta de água, como Eunápolis”, disse o governador, explicando que a Embasa vai atuar com carros pipa.
O secretário de administração de Jucuruçu, Audilei Silva, disse ao Bahia Meio Dia que há três dias não ouve a voz do prefeito. “A gente está aqui nessa angústia. Além de resgatar as famílias, resgatar os prefeitos. Sem saber a real condição dele, está isolado em uma comunidade rural. O que a gente sabe é que ele está ilhado. Tem três dias sem ouvir a voz dele, sem saber realmente como ele está. A gente conseguiu contato com o motorista dele, que saiu a nado”, diz.
A expectativa do governador é visitar as áreas atingidas assim que o tempo permitir. “Tentei ontem, meteorologia não deu condições. Hoje cancelei agenda para poder ir à região. Mas o aeroporto de Porto Seguro fechou, Itamaraju fechou. Disseram que não tem condição de voo”, diz. “Estou monitorando. Amanhã, no mais tardar domingo, as condições permitirão. Quero ir de helicóptero e posar em vários locais para ver in loco. Vou visitar várias cidades, não apenas um local”. (Correios)