O conselho de administração da Petrobras acatou parecer de comitê interno da estatal e manteve a rejeição a dois dos oito indicados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) a renovação do colegiado. A decisão de levar ou não os nomes à votação agora é da União.
Em reunião nesta segunda-feira (18), o conselho da estatal agendou para 19 de agosto a assembleia que vai eleger os novos nomes do colegiado, parte do esforço do governo para reduzir resistências a intervenções políticas na companhia.
Na última quinta (14), o Comitê de Elegibilidade da empresa avaliou que Jhonatas Assunção e Ricardo Soriano receberam pareceres negativos. O primeiro é o número dois do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o segundo, procurador-geral da Fazenda Nacional.
Na avaliação do comitê responsável por analisar currículos de indicados à estatal, as duas nomeações geram risco de conflito entre os interesses da Petrobras e os interesses do acionista controlador. Por isso, o grupo entendeu que há vedações às suas nomeações.
Fontes da empresa avaliam, porém, que o governo pode desconsiderar os pareceres e manter os nomes na lista de indicados que será avaliada em assembleia. O governo indicou oito nomes. Entre eles, apenas dois já participam do colegiado: Márcio Weber e Ruy Flacks Schneider.
Os outros seis são o próprio presidente da companhia, Caio Paes de Andrade, Assunção e Soriano, e Ieda Cagni, Edison Garcia e Gileno Gurjão Barreto, indicado para presidir o conselho.
Assim como Assunção e Soriano, os três últimos são ocupantes de cargos da administração pública, o que também é alvo de questionamentos. A aprovação dos nomes teve ressalvas de que não atuem em operações relacionadas à estatal.
No anseio de reduzir resistências do conselho de administração, a lista apresentada pelo governo difere de todas as outras renovações do conselho desde o fim do governo Dilma Rousseff, ao priorizar nomes ligados à administração pública em vez de nomes dos mercados financeiro e de petróleo.
O conselho de administração da Petrobras tem 11 cadeiras. Atualmente, o governo ocupa seis, já que perdeu duas para o maior acionista privado da companhia, o Banco Clássico, na última assembleia de acionistas.
Outras duas são ocupadas por representantes dos acionistas minoritários e a última, por representante dos empregados da estatal, que mantêm seus mandatos.
Os dois representantes do Banco Clássico, o banqueiro João José Abdalla Filho e o advogado Marcelo Gasparino, que haviam sido eleitos na última assembleia, em abril, também disputarão vagas em agosto.
A ata da reunião do conselho de administração da Petrobras que avaliou os nomes ainda não foi divulgada. Em nota, a companhia disse que a reunião do conselho “validou integralmente as análises do Comitê de Elegibilidade (CELEG) em relação aos candidatos indicados pelo acionista controlador”. (BNews)