Aluna de colégio particular é alvo de mensagens preconceituosas em grupo com colegas na BA: ‘parte boa da favela é a droga’

Aluna do Colégio Cândido Portinari, em Salvador, é alvo de preconceito — Foto: Acervo Pessoal

Uma aluna do Colégio particular Cândido Portinari, em Salvador, foi vítima de mensagens preconceituosas em um grupo estudantes no Whatsapp. A adolescente, que cursa o 8º ano EF e é filha de um funcionário da escola, foi associada a atividades criminosas por morar em uma região periférica de Salvador.

As mensagens de cunho preconceituoso e racista foram enviadas no último final de semana, mas só vieram à tona nesta quinta-feira (18), quando uma das mães dos colegas da vítima, que não quis se identificar, tomou conhecimento da situação. Impressionada com as agressões verbais, ela divulgou as informações à imprensa.

“Eu fiquei estarrecida pelo teor das mensagens e pela naturalidade com que o tema foi tratado”, afirmou. Em uma das mensagens, um dos colegas da vítima diz: “Bala para você só de fuzil”.

A vítima tentou se defender das agressões e se posicionou demonstrando orgulho do local onde mora: “Nascida e criada na favela anjo, prazer. Porém, pode ficar de boa, porque não sou envolvida com tráfico não. Nem eu e nem a minha família”. Ela ainda explicou que a favela tem muitos lados positivos, mas que os colegas não estavam preparados para conversar sobre isso.

Como resposta, a vítima recebeu a seguinte mensagem: “o lado bom da favela é conseguir tudo de graça”. Além disso, um colega mandou áudios em que ria enquanto proferia falas preconceituosas, como “a única parte boa da favela são as drogas” [sic] e “Beethoven para você deve ser som de bala perdida”.

Após o ocorrido, a vítima saiu do grupo de Whatsapp, que têm cerca de 20 alunos da turma.

No Instagram do Colégio, alunos e ex-alunos falaram sobre o caso e cobraram um posicionamento. “Assim como todos os alunos e ex-alunos da instituição, estou no aguardo da devida punição que esses estudantes merecem. Espero que vocês voltem a ser o colégio humanizado que um dia tive tanto orgulho de dizer que estudei”, escreveu uma ex-aluna.

Em nota, o colégio Cândido Portinari disse que manteve “contato com as famílias envolvidas para oferecer orientação a respeito da conduta inaceitável”. A escola ainda afirmou que o tema será trabalhado internamente e que medidas disciplinares serão aplicadas aos alunos que tiverem ações discriminatórias.

Para a mãe que fez a denúncia, o caso serve de exemplo de como o preconceito e o racismo precisam ser melhor trabalhados nas escolas particulares de Salvador. “Espero que sirva de estímulo para outros pais também denunciem, porque esse assunto precisa ser debatido com a devida relevância. Simplesmente não pude deixar passar”, afirmou. (G1)

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