Durante os dez dias de folia em Salvador – incluindo os eventos pré-Carnaval – muitas pessoas aproveitam esse período para garantir renda extra ou mesmo um trabalho temporário para enfrentar os altos índices de desemprego que ainda assolam o país. Dentre elas estão os 4,5 mil ambulantes licenciados pela Prefeitura que atuam nos principais circuitos e no Carnaval dos Bairros. Para a edição deste ano, o segmento já calcula, até ontem (23), um crescimento de 20% nas vendas quando comparado ao mesmo período da folia passada.
Esse crescimento se deve, inclusive, ao aumento de turistas nacionais na cidade, que chegam a desembolsar cerca de R$ 5.163, enquanto que os baianos costumam gastar cerca de R$ 1.875 e estrangeiros R$ 3.677. Estes dados foram atualizados com base na pesquisa de análise de perfil dos turistas no período da festa, realizada pela administração municipal, realizada no ano passado, aplicando em 2020 um crescimento de 1,7% em todos os gastos.
A projeção é que, com o crescimento de 6,7% dos turistas durante o Carnaval, R$ 1,8 bilhão seja movimentado durante os dias da folia. A vendedora de adereços de fantasia e brinquedos Rita Nobre, com experiência de 35 carnavais, adora atender os pequenos foliões dos blocos infantis e já computa crescimento no faturamento. “Antes eram apenas as crianças que usavam fantasia, agora todo mundo quer sair enfeitado na avenida”, comentou, entusiasmada com as vendas que já superam R$ 4,5 mil desde a quinta-feira (21).
Dentre os ambulantes licenciados, Tatiane Santos vende bebidas no Circuito Osmar há dez anos e comemora a vantagem de comercialização com cartões de débito e crédito. “Muitos foliões estão preferindo usar o cartão, mesmo com cobrança da taxa”. Ao longo do ano, a vendedora mantém ponto de acarajé nas imediações do Teatro Castro Alves e aproveita o Carnaval para uma renda extra.
Para matar a fome dos foliões não faltam opções. Raimundo Souza, pipoqueiro há 10 anos na folia, complementa a renda mensal da construção civil no período do carnaval. “Até agora já vendi quase R$2 mil Tem pipoca lá no trio e aqui também” , brincou. Já a vendedora de carne do sol com pirão de aipim Tais Xavier revelou que tem clientes fieis há mais de 15 anos. “Meus clientes do Gandhy sempre trazem mais um amigo pra reforçar as energias para o desfile. Esse ano vamos faturar mais”.
Avaliação – Marcos Cazuza, presidente do Sindicato dos Ambulantes, Barraqueiros e Quermesseiros do Estado da Bahia – Sindbaq, calculou o crescimento nas vendas da categoria em 20% na folia até aqui. O resultado melhor será no Circuito Dodô (Barra/Ondina). “O Carnaval agora está mais forte na Barra e no Pelourinho, mas a expectativa da categoria é de boas vendas com o grande número de atrações sem corda também no Centro”, afirmou.
Cazuza ressaltou também a infraestrutura oferecida aos trabalhadores. “Esses banheiros para que os ambulantes façam a higiene pessoal são muito importantes. Eu gostei muito da iniciativa da Prefeitura. A cada ano a gente vê que há uma preocupação em melhorar as condições de vida deles com ações como a creche e o chuveiro”.
Infraestrutura – A Prefeitura também montou uma infraestrutura especial de apoio aos ambulantes. A Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) disponibilizou 2.998 sanitários químicos e 80 sanitários climatizados – dentre estes, oito possuem chuveiros. São quatro banheiros femininos e quatro masculinos situados no Circuito Osmar (Centro). Mais quatro chuveiros em sanitários femininos e masculinos estão localizados na Travessa Marques de Leão, na Barra, e na Praça do Camaleão, em Ondina – ambos no Circuito Dodô.
Filhos de vendedores ambulantes e de catadores de latinha também estão sendo acolhidos em três Centros de Acolhimento, Aprendizagem e Convivência (CAACs), com capacidade para receber até 460 crianças e adolescentes. As estruturas montadas na Escola Municipal Hildete Lomanto (no Garcia), na Escola Municipal Casa da Amizade (em Ondina) e na Escola Municipal Osvaldo Cruz (Rio Vermelho) já acolheram 453 crianças e adolescentes ao longo da festa. (Ascom)