Após 5 meses, inquérito que investiga morte de casal de rifeiros na Bahia segue sem conclusão

Crime ocorreu no dia 11 de dezembro do ano passado, na praia de Barra do Jacuípe, em Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador, e ninguém foi preso até o momento.

Após cinco meses, o inquérito que investiga a morte do casal de rifeiros Rodrigo da Silva Santos, de 33 anos, e Hynara Santa Rosa da Silva, de 39, segue sem conclusão, segundo a Polícia Civil (PC). Os dois foram mortos a tiros em 11 de dezembro do ano passado, em Barra do Jacuípe, na cidade de Camaçari, localizada da Região Metropolitana de Salvador.

A PC informou que testemunhas, clientes e outras pessoas ligadas ao casal já prestaram depoimento, mas ainda são aguardados resultados de laudos periciais para auxiliar na elucidação do crime. Os agentes seguem diligências, que não foram detalhadas para não atrapalhar o andamento das investigações.

A polícia também não detalhou se há um prazo máximo para a conclusão do inquérito, contudo, explicou que a prorrogação pode ser solicitada sempre que o delegado achar pertinente. O caso foi registrado na 33ª Delegacia Territorial de Monte Gordo, cujo titular é Aldacir Ferreira.

Até o momento, ninguém foi preso. A PC não detalhou qual a linha de investigação traçada, porém, adiantou que os tiros foram deflagrados por dois homens. As vítimas foram alvejadas no peito e na época do ocorrido, a polícia informou que os autores esperaram, ao menos, duas horas para cometerem o crime.

O que houve antes do crime

Horas antes de serem assassinadas, as vítimas curtiam o fim de semana na praia e compartilharam vídeos em que aparecem em uma moto aquática, passeando em uma marina no litoral norte baiano.

Além disso, Hynara havia postado um vídeo chorando, em uma rede social, após conversar com uma amiga de infância. “Me bateu uma tristeza, estava conversando com uma amiga de infância, e ela está postando um monte de fotos antigas da época de escola, da turminha do interior”, disse.

A rifeira sinalizou também que, ao conversar com a amiga, sentiu falta de ter laços afetivos do passado.

“Ela falou que não tinha nenhuma foto comigo, éramos melhores amigas. Na época, eu ia escola para casa e de casa para a escola, porque eu era escravizada. Não tinha infância, nem adolescência, e sinto falta desses laços que são tão bons para nossa vida. Por isso hoje eu faço de tudo pelos meus filhos”, complementou a rifeira, que deixou dois filhos, frutos do relacionamento com Rodrigo.

Outra curiosidade é que Hynara revelou a uma amiga, antes de morrer, que havia sonhado com tiroteio. Em uma mensagem privada trocada em rede social, ela disse ter acordada assustada com o sonho, e pediu: “Tenha cuidado, viu, meus sonhos são sempre avisos”.

Rodrigo e Hynara trabalhavam com a venda de rifas na internet e eram conhecidos como DG e Naroka Rifas. Eles acumulavam, juntos, mais de 100 mil seguidores e ostentavam uma vida de luxo. Nas redes sociais, eles apareciam com carros importados, visitavam áreas VIPs de festas e tiravam fotos com cantores, humoristas e influenciadores digitais.

Além disso, DG era empresário dos cantores baianos Juninho Lopez e Thiago Paulo. Ele ainda tinha uma produtora de festas em Salvador e região metropolitana, chamada a DG Produções.

Rifas na internet

O casal oferecia rifas na internet com prêmios entre R$ 6 mil e R$ 50 mil. Em um destaque fixado no Instagram de Naroka, ela compartilhava relatos de diversos ganhadores. Já no Instagram de DG Rifas, ele fazia lives dos sorteios.

A divulgação de promoções e venda de rifas em redes sociais é comum. No entanto, a distribuição de prêmios mediante sorteio, vale-brinde, concurso ou operação semelhante por organizações da sociedade civil só pode ocorrer mediante autorização prévia do Ministério da Economia. Para obter autorização, é preciso enviar um pedido ao Sistema de Controle de Promoção Comercial (SCPC), de 40 a 120 dias antes da promoção.

Segundo a legislação, a autorização somente é concedida à pessoa jurídica que exerça atividade comercial, industrial ou de compra e venda de bens imóveis. Dessa forma, pessoas físicas não podem realizar promoção comercial.

Passagem pela polícia por estelionato

Naroka foi condenada por estelionato em dezembro de 2019. Segundo o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), ela recebeu pena de oito meses de reclusão, além de sete dias de multa.

Ela foi presa em flagrante por uso de documento falso, para fazer saque em um banco no bairro da Pituba, em Salvador, no dia 19 de janeiro de 2016. Naroka sacou o dinheiro da conta da vítima, que era cliente da agência, conforme informou a Justiça.

De acordo com a sentença que o g1 teve acesso, após desbloquear um cartão magnético da conta corrente da vítima, a rifeira fez um saque de R$ 4,5 mil da conta e recebeu o valor em espécie. Em seguida, ela saiu da agência para entregar o dinheiro a um comparsa, que não foi identificado. Antes de sair, Hynara avisou a uma funcionária do banco que retornaria à agência para fazer uma transferência, via TED, no valor de R$ 25 mil, também a partir da conta da vítima.

A ação gerou suspeita e a vítima foi avisada do saque através de uma mensagem SMS – enviada pelo sistema de segurança do banco. Com isso, a vítima foi na agência, onde foi constatada a fraude. Quando a rifeira voltou ao banco para realizar transferência, a Polícia Militar já estava no local e fez a prisão em flagrante. (g1)

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