Ataque na Arábia Saudita faz preço do petróleo disparar

Mercado de Petróleo: Arábia Saudita tirou de circulação o equivalente a duas vezes a produção diária do Brasil (Stringer/Reuters)
Mercado de Petróleo: Arábia Saudita tirou de circulação o equivalente a duas vezes a produção diária do Brasil (Stringer/Reuters)

As primeiras horas desta segunda-feira vão mostrar como o mundo responderá a um ataque que deixou 5% da produção global de petróleo comprometida.

Drones atingiram na noite de sexta-feira 13 a maior instalação de petróleo do mundo, na Arábia Saudita, o que fez o preço do barril futuro nos estados Unidos subir 12% para 61,60 dólares na noite de domingo. O barril de petróleo Brent, referência para preços no mundo, também subiu 19% para quase 72 dólares o barril.

A instalação de processamento Abqaiq, que fica na cidade de Buqyaq, transforma petróleo cru em petróleo refinado, e o ataque fez praticamente toda a produção ficar comprometida. O impacto é de 5,7 milhões de barris por dia, o que corresponde a metade das exportações da Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do mundo.

O presidente da estatal saudita Saudi Aramco, Amin Nasser, disse no domingo que a empresa está trabalhando para restaurar a produção e que uma atualização dos progressos será informada na terça-feira 17.

A expectativa da Aramco, que opera as instalações, era retomar no máximo um terço da produção, ou 2 milhões de barris, já nesta segunda-feira. O restante continuará interrompido pelos próximos dias e, possivelmente, pelas próximas semanas.

Além do mercado mundial de petróleo, o caso vai afetar ainda as já complicadas relações do Irã com o Ocidente. O grupo rebelde Houthi, do Iêmen e aliado do Irã, declarou autoria do atentado. O governo dos Estados Unidos, aliado da Arábia Saudita, estuda a possibilidade de o campo não ter sido atacado por drones vindos do Iêmen, ao sul, mas por mísseis vindos do Irã ou do Iraque, ao norte.

O Irã nega envolvimento e diz que as acusações visam “danificar a imagem do estado e preparar o terreno para uma série de medidas [hostis] no futuro”. O caso pode prejudicar as negociações para uma possível reunião entre o presidente americano, Donald Trump, e o presidente iraniano, Hassan Rouhani — eles trocam farpas desde que Trump assumiu, em 2017.

Claudia Rabello, presidente da consultoria OGE, especializada em óleo, gás e energia, afirma que os impactos no preço vão depender “da capacidade de recuperação das operações e de decisões estratégicas sobre o uso do estoque do país”, mas que “o impacto na geopolítica do petróleo é imenso”.

André Perfeito, da corretora Necton, apontou em relatório que a alta do petróleo pode gerar pressões inflacionárias nos EUA e alta do dólar, assim como queda nas bolsas mundo afora. “O prognóstico não é favorável e a aversão ao risco pode aumentar mas isto ainda deve ser confirmado ao longo da semana e da reação dos países da região.”

O volume retirado de circulação equivale a duas vezes a produção diária da brasileira Petrobras. Na noite de domingo gestores se dividiam sobre os impactos do ataque para as ações da estatal brasileira. Também não está claro com que velocidade o preço do combustível vai subir para o consumidor brasileiro. As respostas devem chegara já nas primeiras horas desta segunda-feira. (EXAME)

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