Avenida Suburbana lidera mortes por acidente de trânsito em Salvador; veja ranking

Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo Correio

A Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Suburbana, é a via de Salvador com maior registro de mortes por acidentes de trânsito no primeiro trimestre deste ano. Dados da Transalvador mostram que de janeiro a março, foram 27 colisões, sendo 24 com feridos e três com óbitos no logradouro. A suburbana está em terceiro lugar no registro de acidentes por fluxo na capital. Nessa modalidade, a Avenida Luiz Vianna Filho (Paralela) aparece em primeiro lugar, com 44 colisões; seguida pela Octávio Mangabeira, 39. A Antônio Carlos Magalhães (ACM), com 24 ocorrências, é a quarta colocada no ranking. 

Sem mortes registradas de janeiro a março, a Avenida Octávio Mangabeira, na orla da Boca do Rio, foi cenário de um capotamento essa semana, que resultou na morte de Sandra Tales de Jesus Santos, de 36 anos. O acidente que a vitimou ocorreu na madrugada de segunda-feira (09), quando Sandra, o marido dela, que estava ao volante, a filha e outros três menores voltavam de uma festa. 

“Todos esses ficaram bem, não tiveram nada. […] Só ela [Sandra] que foi arremessada para fora do carro porque estava sem cinto, sentada no fundo, para cuidar das crianças. Os outros  eu creio que também estavam sem, mas não foram arremessados. Ela estava atrás e do lado da porta lateral”, contou o irmão de Sandra,

Marcos Sales. Ele ainda conta que não teve contato direto com o cunhado, no entanto, soube que no depoimento, ele confirmou ter assumido a direção do veículo após uso de bebida alcoólica. 

Segundo a analista de transporte e tráfego Cristina Aragón, a desobediência às leis de trânsito acarreta em uma série de erros que culminam em graves acidentes. Falta de atenção aos sinais de trânsito, sono e embriaguez são alguns dos descuidos comuns e que tornam as avenidas mais perigosas.

 “O álcool, apesar de ser uma droga lícita, é ilícita quando você está dirigindo. Esses acidentes da madrugada acontecem muitas vezes quando você não dormiu e bebeu. Dois fatores de altíssimo risco para que o acidente aconteça”, afirma.  

No caso da avenida Paralela, a recordista em colisões, Cristina Aragón aponta falhas na infraestrutura. “[Na] Avenida Paralela, houve uma redução na largura das faixas de trânsito. Ela tem hoje cinco faixas bem estreitas. Reduziu a largura das faixas, mas não reduziu a velocidade regulamentada. Está em 80km/h, isso valia quando tinha largura de faixa de 3,5 metros e hoje não tem mais. Quando passa um ônibus ou caminhão, ocupa praticamente toda a faixa. Não fica espaço entre os veículos, qualquer deslize ali acontece um acidente”. 

Na Suburbana, o problema, diz a especialista, é com os pedestres. “Já se colocou alguns semáforos, mas o problema é que você tem os pedestres e nem sempre tem uma passagem sinalizada”, explica. 

Levantamento da Transalvador mostra que houve queda de 7,6% no número de acidentes e mortes no trânsito na comparação entre o primeiro trimestre de 2022 e o mesmo período do ano passado. Enquanto os meses de janeiro a março registraram 798 vítimas – entre feridos e mortos – em 681 acidentes em 2021; este ano foram 737 pessoas vitimadas em 628 colisões. 

A redução, segundo o órgão, é fruto de uma alteração na metodologia de pesquisa e no aumento da fiscalização. Com a promulgação do Código de Trânsito Brasileiro e a vigilância eletrônica, o setor de tráfego possui mais controle sobre as normas. Sabendo que há vistoria em determinados locais, os motoristas deixam de cometer infrações. 

Para a analista Cristina Aragón, a diminuição pode ser ainda maior e evitar acidentes como o da Boca do Rio. “É uma tragédia que pode ser evitada. Para isso precisamos ter investimento em programas de segurança do trânsito que envolvem a questão da educação e da fiscalização. A fiscalização precisa ser maior, mais presente nas ruas, inclusive durante a noite, para que coisas como essa deixem de acontecer”, projeta. 

Tabela com base nos dados da Transalvador sobre principais tipos de acidentes de trânsito em 2022 na capital

Cinto de segurança 

Outro fator que contribui para evitar acidentes fatais no trânsito é o uso do cinto de segurança. De acordo com estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), o equipamento de proteção, quando usado no banco da frente, reduz o risco de morte em 45% e, no banco traseiro, em até 75%. 

O choque de quem está no banco da frente será com o para-brisa, enquanto que o choque de quem está no banco traseiro será na poltrona da frente, podendo ferir o outro passageiro com o impacto da batida. Além de prevenir a vida na maioria dos casos, o equipamento reduz as chances de lesão durante o acidente. 

Cristina Aragón ainda explica que o cinto de segurança consegue evitar o arremesso pela janela, morte na maioria dos casos e lesão na coluna porque serve para estabilizar o corpo dentro do veículo. Sem o equipamento, o corpo continua em movimento no caso de um acidente e é jogado na direção do choque. 

A lei n° 9.503 do Código de Trânsito Brasileiro diz que o cinto de segurança é obrigatório para o condutor e passageiros em todas as vias do território nacional, gerando, assim, multas ao proprietário do veículo que infringir a regra.  

*Com a orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo. 

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