Bahia integra dados do SUS e lidera processo no país

Dados integrados ampliam acesso ao histórico de pacientes para melhor resposta e cuidado à saúde, além de subsidiar políticas públicas

Imagine que você vai ao médico e não consegue lembrar dos procedimentos que já fez, ou perdeu seus exames, ou foi atendido em outro estado e não consegue acessar as operações realizadas. Agora, na Bahia, isso vai mudar. O estado está liderando no Brasil a integração dos dados da saúde pública com as informações da rede nacional. Com essa iniciativa, os médicos poderão acessar o histórico de saúde dos pacientes, o que vai tornar o atendimento mais rápido e eficiente. Além disso, essa união de dados ajudará a criar políticas de saúde mais adequadas para a população.

Essa nova medida começou a valer após um acordo assinado na última sexta-feira entre a ministra da Saúde, Nísia Trindade, e o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues. A integração acontece através do sistema de gestão de saúde chamado AGHUse, que agora se conecta com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e a Rede Estadual de Dados em Saúde (REDS Bahia). Isso permite que os profissionais de saúde vejam todo o histórico médico dos pacientes na rede pública.

“O profissional consegue ver de forma unificada todos os atendimentos que o paciente teve, tanto na rede nacional quanto na estadual. Isso inclui dados da atenção primária, vacinações, entre outros. Com essas informações, o diagnóstico é mais preciso, rápido e cuidadoso”, explica Diego Daltro, superintendente de informação e saúde digital da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

O diretor médico do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), Oswaldo Neto, acrescenta que, além de melhorar o atendimento, o sistema também ajuda a economizar recursos. “Às vezes o paciente é operado ou faz um exame e depois não lembra. Com essa integração de dados, posso ver o histórico dele e evitar repetir exames desnecessários. Assim, posso focar no que ele realmente precisa”, disse.

Helvia Fagundes, diretora médica do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), destaca que o histórico de dados traz mais segurança para o paciente. “Por exemplo, se alguém tem uma alergia e não consegue se comunicar, isso poderia ser perigoso. Mas com o acesso ao prontuário, podemos saber se ele tem alergia a algum medicamento. Isso é um grande avanço para todos nós”, afirma.

As unidades de saúde gerenciadas pelo estado que usam o sistema AGHUse, como o HGRS, já têm acesso aos dados integrados. Outras unidades da rede, como hospitais filantrópicos e municipais, também podem aderir ao sistema.

A unificação desses dados nacionais e estaduais pode ajudar na criação de políticas públicas municipais, estaduais e federais, como explica Diego. “Vamos conseguir responder várias perguntas sobre as ocorrências de saúde: Por que aumentou? Onde? Como resolver? O mais importante na política de saúde é ter a informação correta, não só os dados. Estamos unificando todos esses dados para gerar informações que nos ajudem a evitar mortes e surtos de doenças”, explica.

O pioneirismo da Bahia na saúde digital é resultado de investimentos iniciados há sete anos. “Nenhum outro estado tem uma rede estadual como a nossa. O Ceará está finalizando a dele, mas ainda não chegou ao nível de maturidade que a Bahia alcançou. Fomos pioneiros na integração dos três sistemas e estamos compartilhando essa experiência com outros estados”, comenta.

Até o final do ano, a expectativa é que o sistema também esteja disponível para a população, permitindo acesso ao histórico de saúde pessoal, além de funções como visualização de agendamentos e consultas.

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