Baiano de 12 anos que foi vítima de racismo nas redes sociais recebe doação de livros da ABL

Foto: Jornal Nacional

Adriel Oliveira, de 12 anos, morador de Salvador, vítima de racismo por meio das redes sociais (clique e veja), recebeu uma doação de livros, nesta quarta-feira (3), da Associação Brasileira de Letras (ABL). Em abril de 2019, o garoto criou o perfil “Livros do Drii”, no qual faz pequenas resenhas de livros e indica títulos para mais de 800 mil seguidores.

“O Adriel é um menino realmente admirável. Ele respondeu com tudo aquilo que não Houve da parte dos seus agressores. Com inteligência, sentimento de orgulho, de oportunidade e de clareza. O Adriel usou aquilo que está faltando muito ao Brasil: armas culturais”, disse o presidente da ABL, Marco Lucchesi.

O baiano foi surpreendido com uma mensagem ofensiva, na quarta-feira (27), de uma pessoa que não teve a identidade revelada. “Porco gordo. Eu achava que preto era pra ta cavando mina, não lendo. Você foi criado pra ser pobre e preto”, diz parte das ofensas.

As mensagens com ofensas foram expostas pelo próprio Adriel. O garoto utilizou as redes sociais para enviar uma resposta ao agressor. A atitude partiu por um conselho dado pela mãe do menino, Deise Oliveira, de 32 anos.

“Ele expôs as ofensas e escreveu: “Aprende a escrever, cara. Isso não é um insulto, e sim um conselho. E em pleno século 21, pessoas ainda são racistas? Atualizem-se. Insultos acabam com o psicológico de pessoas fracas, esse tipo de coisa não me abala em nenhum ponto. Aliás, tenho orgulho de ser negro”, disse o menino, que está no 7º ano do ensino fundamental e conta que nunca havia sofrido qualquer agressão do tipo, seja no mundo real ou virtual.

Além da doação feita pela ABL, que chegou na casa de Adriel pelos Correios, por causa da pandemia da Covid-19, o garoto também recebeu livros doados por pessoas de todo o país. Na página do seu perfil, o número de seguidores aumentou de 240 para mais de 800 mil.

“Nesse momento e que a gente está vivendo, por tudo que a gente viveu dá um ‘acalentozinho’ no coração, uma ‘esperançazinha’ de que ainda tem jeito”, disse a mãe do menino, Deise Oliveira.

Após receber o apoio de milhares de brasileiros, Adriel disse que espera inspirar meninos e meninas de todas as idades.

“Como eu acreditei nos meus sonhos eu consegui realizar, então essas pessoas precisam acreditar nos sonhos e nelas mesmos”.

Através de um vídeo, o presidente da Associação Brasileira de Letras disse que espera conhecer Adriel após o período de isolamento social.

“Você Adriel, nos dá um horizonte de esperança. Porque você nos dá sonho num momento em que vivemos grandes pesadelos. Você defende a cultura enquanto outros bárbaros de muitas cidades do Brasil em pontos de decisão têm orgulho da própria ignorância. E quando a pandemia passar espero realmente abraçá-lo pessoalmente e dizer muito obrigado, Adriel”, disse Marco Lucchesi.

Denúncias de casos de injúria racial pela internet podem ser realizadas pelo Disk 100, serviço do Governo Federal que recebe denúncias de violação de direitos humanos. A denúncia também pode ser feita em delegacias comuns e especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância.

Também existe o portal Safernet, que recebe denúncias de violações de direitos humanos. Lá, basta escolher o motivo da denúncia e comunicar o crime de racismo ou injúria. (G1)

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