A Bolsa brasileira superou os 120 mil pontos pela primeira vez desde agosto nesta sexta-feira (10), impulsionada pelas ações da Vale, a maior empresa do Ibovespa, que subiram 1,68% acompanhando os preços do minério de ferro no exterior.
O índice também teve apoio das “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica. Altas de Grupo Soma (6,62%), MRV (6,30%) e Dexco (5,88%) foram as maiores da sessão, com as companhias sendo beneficiadas pela divulgação de seus balanços do terceiro trimestre e pela queda dos juros futuros no Brasil.
Com isso, o Ibovespa subiu 1,28%, aos 120.568 pontos, acumulando alta de 2,08% numa semana marcada por uma série de resultados corporativos e pela aprovação da Reforma Tributária no Senado.
O destaque negativo foi a Petrobras, que passou a maior parte do dia oscilando, mas engatou queda no fim da tarde. Apesar da forte alta do petróleo no exterior ?o barril do Brent subiu mais de 2%?, as ações foram pressionadas justamente pela divulgação de seu balanço, que ocorreu na quinta (9) após o fechamento do mercado e apontou queda de 42% no lucro da petroleira.
Além disso, a Petrobras anunciou uma redução de quase 20% em sua projeção de investimentos para 2023, citando um “cenário desafiador”.
O Bradesco também pesou contra o Ibovespa, com queda de quase 3% após ter reportado queda de 11,5% no lucro do terceiro trimestre. Os papéis do banco estavam entre os mais negociados da sessão.
O dólar, por sua vez, caiu após dados positivos de inflação no Brasil e com o declínio dos rendimentos dos títulos americanos, que fez com que a divisa enfraquecesse ante outras moedas no exterior.
A moeda americana terminou o dia em queda de 0,52%, cotada a R$ 4,914, mas acumula valorização de 0,36% na semana.
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta manhã que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,24% em outubro, numa desaceleração ante os 0,26% registrados em novembro.
O resultado também ficou abaixo do esperado por analistas consultados pela Bloomberg, que previam alta de 0,29%.
Segundo o IBGE, o IPCA foi pressionado principalmente pelas passagens aéreas, e os alimentos voltaram a subir de preço após quatro meses de redução. A gasolina, por outro lado, caiu e ajudou a frear a inflação.
Para analistas do mercado, o resultado foi positivo e endossou o plano do Banco Central de manter o ritmo de cortes da Selic em 0,50 ponto percentual.
“O resultado de hoje confirmou os bons detalhes que foram registrados no IPCA-15 de outubro em relação aos segmentos mais acompanhados pelo Banco Central para avaliação do processo desinflacionário. Foi um resultado favorável”, afirma Rafael Costa, analista da BGC Liquidez.
João Savignon, chefe de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, faz a mesma avaliação, afirmando que a abertura dos dados mostra um cenário benigno.
“A despeito de serviços terem acelerado ligeiramente no mês, essa dinâmica se deveu a itens voláteis ?especialmente passagem aérea. Os dados de hoje reforçam a dinâmica recente da inflação no país e o plano de voo do Banco Central no ciclo de cortes de juros”, diz Savignon.
Se por um lado uma inflação mais comportada significa uma taxa básica Selic menor ?o que torna o Brasil, em tese, menos atrativo ao capital externo?, por outro o resultado do IPCA é uma boa notícia sob o ponto de vista macroeconômico, o que melhora o ambiente de negócios local.
Os dados de inflação também colaboraram para alívio nas curvas de juros futuros do país, que registraram queda significativa nesta sexta. Os contratos com vencimento em janeiro de 2026 foram de 10,60% para 10,50%, enquanto os para 2028 saíram de 10,94% para 10,84%, o que também apoiou as ações do Ibovespa.
No exterior, o dia foi positivo. A queda nos rendimentos dos títulos americanos deu força aos índices de ações dos EUA, fazendo com que o S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq registrassem altas de mais de 1%. (BNews)