O livro “Le monde des nouveaux autoritaires” (O mundo dos novos autoritários), resultado de um projeto desenvolvido pelo think tank francês Institut Montaigne e recém-lançado como livro, coloca o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, como um dos 18 líderes autoritários da atualidade.
A publicação o categoriza como um governante populista em uma democracia em regressão e afirma que sua eleição em 2018 representa um risco real de desintegração da democracia do país rumo ao autoritarismo. O trabalho contou com a colaboração de pesquisadores de várias universidades, que foram instados a traçar perfis de figuras públicas com tendências autoritárias.
“Jair Bolsonaro surgiu do nada”, diz uma apresentação sobre o presidente brasileiro escrita pelo organizador do livro, Michel Duclos. “Ele assumiu o comando de um país importante, que com o presidente Lula e, em certa medida, Dilma Rousseff, teve uma influência significativa no nível internacional graças ao seu status de grande emergente”, escreveu.
Para Duclos, Bolsonaro “pode ter apenas uma margem de manobra limitada na política internacional”, mas sua ascensão ao poder simboliza um “ponto de virada” – para ele trata-se de “um retrocesso em um país que acaba de emergir do subdesenvolvimento”.
O perfil completo de Bolsonaro foi escrito pelo professor Frédéric Louault, especialista em política brasileira da Universidade Livre de Bruxelas após a eleição do capitão reformado e ex-deputado federal. Segundo Louault, “mergulhou o Brasil no desconhecido” no “maior cheque em branco” assinado pelos brasileiros na História.
O autor ressalta a atuação pouco relevante, por três décadas, de Bolsonaro no Legislativo e lista suas declarações autoritárias, preconceituosas e racistas, incluindo sua defesa da ditadura militar e da repressão contra opositores.
“Os brasileiros que votaram nele no segundo turno da eleição presidencial não levaram em conta excessos retóricos, nem sua ineficiência em trinta anos de mandato, nem mesmo o vazio de seu programa. Mas eles não poderão dizer que não sabiam. Jair Bolsonaro é tão claro quanto a água benta. O novo presidente é uma Bíblia aberta: ele diz o que pensa e pensa o que diz. Suas palavras são verdadeiras”, diz.
“O risco de a democracia se desintegrar e o governo se desviar para uma forma de autoritarismo não deve ser minimizado, bem como o desprezo de Bolsonaro por instituições democráticas, direitos humanos e liberdades fundamentais”, completa.
Além de Bolsonaro, o livro perfila os seguintes nomes: Donald Trump, presidente dos Estados Unidos; Vladimir Putin, presidente da Rússia; Xi Jinping, presidente da China; Narendra Modi, premiê indiano; Benjamin Netanyahu, premiê israelense; Matteo Salvini, da Itália; Rodrigo Duterte, presidente das Filipinas; Recep Tayyip Erdogan, presidente da Turquia; Paul Kagame, presidente de Ruanda; Ali Khamenei, líder supremo do Irã; – Nicolás Maduro, presidente da Venezuela; Viktor Orban, premiê da Hungria; Bashar al Assad, presidente da Síria; Mohammed bin Salman e Mohammed bin Zayed, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes (reunidos em um único perfil); Kim Jong-un, da Coreia do Norte; Jaroslaw Kaczynski, da Polônia; e Abdel Fattah al-Sissi, presidente do Egito. (Revista Fórum)