Diante de inúmeras fake news, correntes e postagens nas redes sociais questionando a possível eficácia de uma vacina contra a COVID-19 pelo fato de ser desenvolvida na China, como a Coronavac, o diretor do Instituto Butantan e responsável pelos testes do imunizante contra o novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Brasil, Dimas Covas, se pronunciou sobre o assunto nesta quinta-feira (6).
“A gente tem que lembrar que o nosso telefone Apple é feito na China e são feitos inúmeros outros produtos industriais, inclusive as grandes farmacêuticas todas têm grandes laboratórios e grandes investimentos na China”, comentou Covas sobre a importância do país no cenário mundial, em comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as ações de enfrentamento ao novo coronavírus.
“A China é um país que tem um investimento muito pujante, hoje, em ciência. É uma ciência que se ombreia com qualquer outro país do mundo e muitas vezes, em termos de volume, até superior. Não há motivos para descaracterizar ou desconsiderar uma vacina pelo fato dela ter sido desenvolvida, inicialmente, na China”, completou o diretor do Instituto Butantan sobre a importância da Coronavac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech.
Em sua fala, Covas também citou a farmacêutica AstraZeneca, parceira no desenvolvimento da vacina da Universidade de Oxford, que também deve ser produzida no Brasil, só que pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Isso porque a empresa britânica de remédios tem também um laboratório no país asiático.
Quando a vacina chega?
Por enquanto, o Instituto Butantan coordena a fase três dos testes para a aprovação da vacina Coronavac no país. Essa testagem envolve a participação de nove mil voluntários brasileiros e deve ser concluída entre o final de outubro e o início de novembro.
Dos 12 centros de pesquisa selecionados no Brasil, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP) iniciaram a pesquisa ainda em julho. Nessa etapa, são investigados a eficácia, a quantidade de doses adequadas e a segurança do medicamento para a proteção contra a COVID-19.
A partir de um contrato entre a farmacêutica chinesa e o Butantan, haverá transferência de tecnologia para produção em escala industrial tanto na China como no Brasil para fornecimento gratuito ao Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse sentido, é esperado que o Brasil comece sua produção da vacina em outubro, caso os testes clínicos saiam conforme o esperado.
Em paralelo, após a conclusão dos testes, a vacina precisará receber o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Depois, o imunizante deve começar a ser distribuído para a população, provavelmente, em janeiro de 2021. Segundo o gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, apesar da flexibilização dos registros por causa da pandemia, a comprovação da eficácia e a segurança são imprescindíveis nesse processo.
De acordo com o diretor do Instituto Butantan, há interesse de outros países para fornecimento da vacina, após sua aprovação. “A perspectiva é que o Butantan, em parceria com a Sinovac, possa ser um grande provedor de vacinas para a América Latina”, afirmou. As conversas estão em andamento com a Argentina, a Colômbia, com a Organização Pan-Americana da Saúde e com um órgão americano.
Fonte: Agência Brasil