A imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Quinze Mistérios, que havia sido transferida do templo homônimo por causa do estado precário da estrutura, foi furtada da Igreja do Santo Antônio Além do Carmo onde estava como abrigo temporário. Uma campanha ocorre pelas redes sociais para localizar a obra sacra
A Paróquia Santo Antônio Além do Carmo (Pascom), por meio do pároco padre Jailson Jesus dos Santos, mobiliza ação. Furto aconteceu durante a transição da administração da igreja, com o falecimento do padre Ronaldo, então titular da basílica.
“Não tinha um inventário. Mas, com o passar do tempo e ao visitar a Igreja dos Quinze Mistérios, eu procurei saber onde estava a imagem do altar-mor. Visitei o Boqueirão, que tinha algumas, mas não encontrei e mais ninguém sabia informar. Nesse processo de procura, descobrimos após conversar com secretárias da igreja e juízas da irmandade”.
Documento
Ele explicou que foi solicitado um relatório e o encaminhasse ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), notificando a Polícia Federal. O Iphan comunicou que esperava o boletim de ocorrência feito pelo padre. “Continuamos a procurar aqui na igreja, inclusive no último sábado. Por isso, resolvemos começar a realizar campanha e tornar o fato público a todos os fiéis na missa.”
Retirada há cerca de 20 anos da Igreja dos Quinze Mistérios, a imagem portuguesa é mais antiga do que a própria Irmandade de Nossa Senhora dos Rosário dos Quinze Mistérios dos Homens Pretos, criada no ano de 1811.
Reforma
O padre Jailson acrescenta que o estado da igreja foi piorando durante os mais de 20 anos que o templo permaneceu fechado com a promessa de reforma. Em visita ao local, a equipe de A TARDE constatou a quantidade de entulhos e animais mortos, além das paredes sem reboco e objetos espalhados. As obras estavam jogadas pelo pátio sem manutenção e cuidado.
“É de chorar. É um descaso e um desprezo com o bem artístico. Nós observamos, agora, porque na primeira vez não consegui ficar pelo mau cheiro. É um absurdo porque está dentro do sítio tombado pelo Iphan.”
Neste cenário, critica a falta de relacionamento com entes públicos para buscar a revitalização do local. Em reportagem publicada em A TARDE, em 23 de novembro de 2000, foi denunciada as rachaduras e cupins no local e sobre verba destinada para a restauração da igreja.
Inclusive, alguns moradores da região nunca viram a igreja aberta, como Andreia Campos, que reside no entorno há 52 anos. “É uma igreja bonita, que vale a pena reformar. Sinto uma tristeza vendo assim por dentro. É realmente linda. Se restaurasse seria bom para mim, que tenho comércio, e para todo mundo.”
(A Tarde)