Cardeal brasileiro já foi eleito Papa, porém recusou

Conclave que escolheu Robert Prevost contou com sete brasileiros entre os eleitores. Em 1978, Aloísio Lorscheider chegou a ser eleito, mas recusou o pontificado alegando problemas de saúde.

Foto: Divulgação

O conclave que elegeu nesta quinta-feira (8) o cardeal norte-americano Robert Prevost como novo Papa contou com a participação de sete cardeais brasileiros com direito a voto. Apesar da presença marcante, o Brasil segue sem nunca ter tido um pontífice à frente da Igreja Católica.

Um episódio pouco conhecido da história da Igreja revela que, em 1978, um brasileiro chegou a ser eleito Papa, mas recusou o cargo. O cardeal Aloísio Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza, recebeu dois terços dos votos no conclave que se seguiu à morte de João Paulo I, que faleceu apenas 33 dias após assumir o papado.

Ao ser consultado, Lorscheider recusou o posto, alegando questões de saúde: ele havia passado por uma cirurgia cardíaca e tinha oito pontes de safena. Preocupado com a possibilidade de um novo papado breve, o cardeal brasileiro preferiu não aceitar a missão.

Para evitar ser eleito novamente, articulou com colegas no conclave a transferência dos votos para o cardeal polonês Karol Wojtyla, que assumiu o cargo como João Paulo II. Ele permaneceu no papado por 26 anos, até sua morte em 2005.

A história foi relatada no livro Papa João Paulo 2º – A Biografia, do jornalista norte-americano George Weigel. O temor de Lorscheider, no entanto, acabou não se confirmando: ele viveu até 2007 e morreu aos 83 anos, quase dois anos após a morte de João Paulo II, por falência múltipla dos órgãos.

Apesar de sua decisão, Aloísio Lorscheider continua sendo uma das figuras brasileiras mais influentes da história recente da Igreja. O Brasil, até hoje, permanece como o país com a maior população católica do mundo, mas sem nunca ter tido um Papa.

google news