Caso Lázaro: 270 policiais ainda buscam por serial killer em Goiás

Uma força-tarefa foi montada para perseguir e encontrar o fugitivo Foto: reprodução

No décimo segundo dia de buscas pelo serial killer Lázaro Barbosa de Sousa, de 32 anos, a polícia reforçou bloqueios nas estradas que ligam o distrito de Cocalzinho de Goiás a outros municípios. Até a noite deste sábado, um efetivo de 270 policiais procuravam o criminoso e agora trabalham com a hipótese de que ele possa coagir alguém a levá-lo no porta-malas do carro. O ritmo das buscas deve ser de cerca de 10 carros parados por minuto.

Em entrevista ao Correio Braziliense, um dos agentes envolvidos na operação afirmou que já é possível perceber a movimentação de motoristas deixando a área rural dos municípios de Girassol e de Edilândia por medo do criminoso. Além disso, os moradores de zonas mais isoladas têm procurado espaços com melhor conexão e sinal de celular no perímetro urbano.

A empresária Wylza Gomes, 42 anos, afirmou ao Correio que tomou a decisão de buscar os avós de 87 e 90 anos da fazenda onde vivem sozinhos na área rural de Cocalzinho. Segundo ela, a insegurança é um sentimento constante na região e foi necessário mobilizar toda a família para retirar os parentes do local.

— Qualquer barulho, ficamos naquela insegurança. Eu mesma já acordo e olho o celular atrás de notícias, para saber se ele foi preso. Fica aquela insegurança de ele aparecer no nosso quintal. Durante o dia, a família se reveza para alimentar as galinhas e o gado que ficou para trás. Tinham aquela rotina de cuidar da fazenda, mudou totalmente, está todo mundo assustado. — disse Gomes.

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás afirma que as equipes “estão cada dia mais conhecedoras das peculiaridades da área de atuação e do perfil de ação de Lázaro”. A operação montada para capturar o serial killer será mantida de forma intensiva, com ajuda das polícias militar e civil de Goiás e do Distrito Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e da Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE-DF).

Segundo o Correio Braziliense, lideranças de religiões de matriz africana denunciaram que pelo menos 10 terreiros foram alvo de ações policiais violentas em Águas Lindas, Girassol e Edilândia desde que a perseguição pelo criminoso teve início. A vice-presidente da Comissão de Liberdade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Patrícia Zapponi, afirmou ao jornal que já pediu apoio das forças de segurança do Distrito Federal e de Goiás.

— Não dá para entender, porque não há comprovação nenhuma de que ele seja de qualquer denominação de matriz africana. Isso fomenta, na verdade, uma guerra santa, porque demoniza as religiões de origem africana, sendo que não acreditamos em demônios nem em satanás, essa visão é cristã. Cultuamos a natureza e a vida — declarou Zapponi.

Buscas por Lazáro

Na última quinta-feira, houve uma nova troca de tiros envolvendo Lázaro e a polícia, e um novo cerco ao criminoso foi montado nesta sexta. O confronto foi o segundo envolvendo Lázaro num intervalo de dois dias. Havia suspeitas de que o serial killer tenha ficado ferido, já que um dos cães farejadores que participam da força-tarefa achou um pano com marcas de sangue. No mesmo dia, foi anunciado que 20 agentes da Força Nacional foram acionados para reforçar as buscas, mas eles não devem mais ir ao local.

— Houve oferecimento. No primeiro momento, coloquei que não haveria necessidade porque outros estados podem precisar, como Amazonas. Ele disse que tem tropa de 20 policiais de pronto emprego, mas essa tropa não veio. Creio que foi mobilizada para outro lugar — explicou o secretário.

Na última terça-feira, houve um confronto após o criminoso fazer um casal e sua filha adolescentes reféns à beira de um Rio. A jovem conseguiu mandar uma mensagem para um policial pedindo socorro. Os agentes foram para o local e conseguiram salvar a família. Na troca de tiros, um PM foi baleado de raspão. Ele já teve alta.

A caçada a Lázaro começou depois de ele matar quatro pessoas de uma mesma família em Ceilândia Norte, no Distrito Federal, no dia 9 de junho. Ele invadiu a chácara de Cláudio Vidal, de 48 anos, e assassinou ele e seus filhos, Carlos Eduardo, de 21, e Gustavo, de 15. Na fuga, o criminoso sequestrou Cleonice Vidal, de 43 anos, mulher de Cláudio. Ela foi encontrada morta no dia 12.

Desde então, a procura por Lázaro ganhou o noticiário nacional. O criminoso virou até meme nas redes sociais. A todo momento, a polícia recebe ligações de pessoas que afirmam terem visto Lázaro. Muitas pessoas que moram na região rural de Cocalzinho deixaram suas casas — algumas são invadidas pelo suspeito, que aproveita para se alimentar.

Os crimes de Lázaro

Quarta-Feira, dia 9 de junho: Lazáro invade a chácara de Cláudio Vidal e mata ele e seus filhos, em uma ação que dura cerca de 10 minutos. No momento da fuga, faz Cleonice Marques, de 43 anos, mulher de Cláudio, refém e a sequestra. Logo após a entrada do bandido na casa, ela teria feito uma ligação para seu irmão pedindo por socorro. Sua família chega momentos depois, mas encontra apenas os corpos de Cláudio e seus filhos.

Quinta-feira, dia 10 de junho: Na parte da manhã, Lazáro Barbosa teria invadido outra residência apenas três quilômetros de distância da chácara da família de Cláudio e Cleonice. Ele teria mantido a dona da casa, Sílvia Campos, de 40 anos, e o caseiro, Anderson, de 18, sob a mira de sua arma durante três horas e os obrigado a fumar maconha. Ele teria roubado cerca de R$ 200 e celulares antes de deixar a residência. Cleonice continua desaparecida.

Sexta-feira, dia 11 de junho: Lazáro é suspeito de roubar um carro e fazer mais um refém. Ele teria deixado Ceilândia e ido para Cocalzinho, em Goiás. Lá, incendeia o veículo. A polícia acredita que ele pode ter contado com a ajuda de um comparsa nesse momento. As buscas por Cleonice continuam.

Sábado, dia 12 de junho: O corpo de Cleonice é encontrado em um córrego próximo ao Sol Nascente. Enquanto isso, Lázaro teria invadido uma residência nos arredores de Lagoa Samuel, onde teria ingerido bebidas alcoólicas, feito o caseiro refém e destruído o seu carro. Horas depois, ele teria invadido outra chácara, atirado em três homens e roubado armas de fogo. À noite, teria incendiado uma casa em Cocalzinho. Alguns relatos afirmam que ele teria trocado tiros com a polícia, informação que não foi confirmada pelo secretário de Segurança Pública de Goiás. Os três homens baleados foram levados a um hospital. Dois encontram-se em estado grave.

Domingo, dia 13 de junho: Lazáro invade uma casa por volta das 15h. A residência estaria vazia naquele momento. O criminoso teria roubado um carro Corsa vermelho. Aproximadamente às 18h30, o veículo teria sido abandonado em uma rodovia, a 30 quilômetros da residência invadida mais cedo. Acredita-se que Lázaro tenha avistado um bloqueio policial e decidiu fugir para o mato. Dentro do carro, a polícia encontrou um carregador de munição. De acordo com a Polícia Militar de Goiás, o suspeito teria chegado a trocar tiros com a polícia antes de fugir para um matagal.

Segunda-feira, dia 14 de junho: Lázaro troca tiros com um fazendeiro na região de Edilândia. Policiais civis e militares fecham o cerco, mas não efetuam a prisão do suspeito. Foi levantada a hipótese de o autor da chacina ter ficado ferido.

Terça-feira, dia 15 de junho: Uma família é feita refém por Lázaro na zona rural de Edilândia. Segundo Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, ele utilizou o mesmo modus operandi e levou o casal dono da propriedade e a filha adolescente deles para a beira de um rio. A menina conseguiu, porém, mandar uma mensagem para o celular de um policial que visitou a casa das vítimas no dia anterior. As equipes foram até o local e houve confronto com o criminoso. Os reféns foram salvos, mas um policial acabou sendo baleado de raspão. Ele recebeu atendimento e passa bem. Lázaro conseguiu fugir.

Quarta-feira, dia 16 de junho: Lázaro Barbosa foi visto por um morador em uma área rural. De acordo com Rodney Miranda, secretário de Segurança Pública de Goiás, os policiais foram alertados sobre a presença do serial killer e fecharam o perímetro de buscas em torno do local onde ele foi visto. Miranda também afirmou que Lázaro havia passado a noite anterior em uma casa que estava abandonada.

Quinta-feira, dia 17 de junho: No 9º dia de buscas pelo serial killer Lázaro Barbosa de Sousa, o secretário de Segurança de Goiás, Rodney Miranda, afirmou que Lázaro está “desgastado” e tem cometido “erros”. Miranda também anunciou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, ofereceu 20 agentes da Força Nacional para ajudar nas buscas pelo assassino. Houve um novo confronto com policiais. Segundo os agentes que partiparam da ação, Lazáro tentou atirar em um cão farejador, mas não acertou. O animal não se feriu.

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