O número de adoções caiu 68,9% em 2020 na Bahia em relação ao ano passado, conforme apontam os dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Este ano, apenas 18 crianças baianas foram adotadas no estado, já em 2019 foram 58.
A redução no número de adoções é uma realidade nacional, pois desde o começo da pandemia da Covid-19 as sentenças de adoção no Brasil registram queda. O chefe da Coordenadoria da Infância e Juventude (CIJ) do Poder Judiciário da Bahia, Salomão Resedá, diz que o medo da contaminação afastou muitas famílias da fila de adoção.
“Acredito que essa redução do número de adoções ele decorreu, exatamente, por força da pandemia. Assim como no Brasil. Porque no Brasil todo tivemos uma redução de mais ou menos 50% no número de adoções durante o ano de 2020”, explica Resedá.
O sistema aponta ainda que a preferência dos 1.298 pretendentes que existem na Bahia é por crianças de até dois anos de idade, do sexo feminino, sem irmãos, sem deficiência física ou intelectual e sem doença infectocontagiosa.
Em relação à cor da pele, a maioria, que corresponde a 44,5%, diz que não tem preferência, 24,8% afirmam quererem crianças pardas, 17,2% crianças brancas e 6,8% crianças pretas.
Um pouco antes do filho Samuel nascer, a enfermeira Denise Silva e o marido, o pastor Junior Silva, decidiram adotar uma menina. Eles estão há três anos na fila de adoção. Conforme relatam, o processo é longo e cheio de expectativas.
“Está mais lento [o processo] por causa das restrições da pandemia, essa dificuldade de ter as reuniões presenciais, as entrevistas e isso torna a coisa mais lenta, de fato. Tudo virtual”, conta Júnior.
A esposa de Júnior, Denise, conta que o curso de prepararão para adoção é presencial, mas com a pandemia as assistentes sociais enviaram e-mail informando que o curso será online, mas segundo ela, o processo ainda é lento.
O casal conta que vive uma situação pela qual já ajudou muito gente a passar. Denise fundou uma instituição em 2016 que auxilia famílias em processo de adoção e explica sobre os serviços prestados à população.
“Existe uma equipe de psicólogos, tem advogado. A gente também tem as próprias famílias que dão orientações de como será esse processo”, conta.
Por causa da pandemia, quase todo o processo de adoção é virtual. Entrevistas e entrega de documentos são feitas online. Só depois de um período de avaliação é que quem quer adotar entra em uma fila nacional à espera de uma criança.
A urbanista Kandre Requião conta que esperou três anos e neste mês de dezembro pôde finalmente adotar Bernardo.
“Eu e meu esposo a gente fala que éramos só um casal e após a chegada do Bernardo, nós nos tornamos, de fato, uma família. Descobrimos o que é amar uma criança, amar outro ser independentemente se ele nasceu de mim ou não, mas ele nasceu para mim”, declarou.
No período do processo de adoção, Kandre ficou grávida de uma menina, mas ressalta que a vontade de adotar outra criança permanece.
Nós entramos na fila, com uma criança no mesmo perfil do Bernardo, de 0 a 8 anos”, revelou. (G1)