Diretor de empresa do transporte coletivo de SAJ denunciou que recurso federal que iria para Romastur teve desvio de finalidade por exigência da prefeitura

“O recurso vem, mas quem libera é a prefeitura, só liberaria se gastasse uma parte desse recurso com algumas ações”, denúncia do diretor da empresa de transporte de Santo Antônio de Jesus

Foto: Reprodução

Nesta segunda-feira (11), a Câmara de Vereadores de Santo Antônio de Jesus revelou denuncias graves sobre o transporte público coletivo do município. A pedido dos vereadores da situação e da oposição através de Uberdan Cardoso (PT), esteve presente durante a sessão, José Antônio Rodrigues dos Santos, diretor da empresa Romastur Transporte E Turismo Ltda., que denunciou falta de apoio por parte da prefeitura municipal em relação à situação da empresa que se encontra em déficit, além de possíveis desvios de recursos provenientes da Secretaria de Trânsito e Transporte, sob a direção do secretário Cosme Bittencourt, junto com a prefeitura municipal.

O diretor da empresa contou desde o início, quando foi contratado pela prefeitura para trabalhar na cidade, o que foi acordado e como a empresa começou a ter problemas, ocasionando em serviços precários para a população, “a primeira vez que viemos prestar serviço aqui em Santo Antônio de Jesus foi no dia 30 de julho de 2021, vim e conversei com o secretário Cosme Bittencourt e o prefeito Genival Deolino (PSDB) e falei que iria trabalhar os seis primeiros meses, e no final desse tempo iríamos ter o resumo se daria para continuar com subsídio ou não. Quando chegou em dezembro de 2021, conversei com eles e falei que as contas não fecham, e sempre desconversando, empurraram com a barriga. Informei que não estava dando e que o custo era muito alto, relacionado a manutenção, pneus, lubrificante, funcionários, impostos. Ninguém deu importância, a empresa chegou nesse caos, e é falta de atenção do poder público, porque foram avisados várias vezes. Quando implantei o sistema de bilhetagem eletrônica, foi que vi que o problema era mais sério que imaginava. Teve um mês que transportei cerca de 37 mil gratuidades, em dois meses foi cerca de 71 mil gratuidades. Não temos condições de manter o transporte com essa quantidade de gratuidade e o município fingir que nada está acontecendo. As críticas só em cima da empresa, mas na realidade é o poder público que não está dando atenção. Em dezembro de 2021, sentei com o secretário e o prefeito, onde o gestor autorizou o secretário a dar 540 PNE (passes livres) um benefício do Ministério da Infraestrutura, que o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) já havia cadastrado e passou para ele. O prefeito autorizou ele pagar R$ 20 mil reais, mas até hoje ele não me pagou nada”, falou.

Após ser questionado sobre um recurso liberado pelo Governo Federal, no valor de aproximadamente R$ 899 mil, que foi enviado para auxílio das empresas de transporte público durante a pandemia da Covid-19; o diretor afirmou que foi orientado pela Secretaria de Trânsito e Transporte a realizar pagamentos para empresas e pessoas físicas, com o intuito de pagar pela construção de 30 pontos de ônibus, compras de cones e reparo de viaturas da secretaria. Tudo isso sem licitação, “hoje a empresa está com o deficit cerca R$ 130 há R$ 140 mil reais, mês. Há de 10 a 12 (ônibus) rodando na cidade. O Governo Federal deu um auxílio de R$ 899 mil, esse repasse foi passado com a direção do secretário de trânsito e transporte, paguei os impostos e algumas contas atrasadas, e ainda tive que seguir a direção do secretário para colocar 30 pontos de ônibus e outros pedidos. Os 30 pontos foi a empresa que colocou que veio do recurso público federal. Fiquei sabendo depois que esse dinheiro não era para ter emitido nota fiscal, veio de repasse do Governo Federal para o Município e a cidade tinha que passar via repasse para a empresa. Houve outros pedidos e tive que ceder, porque já estava com mais de R$ 200 mil reais em dívidas pendentes da empresa, como cones e viatura. Pagando tudo, fiquei com R$ 550 mil reais, com esse recurso paga o deficit da empresa, completei uma quantidade para colocar a bilhetagem eletrônica que não deu. Emitir nota fiscal do valor integral, mas tive que ceder esses valores para compensar pontos de ônibus, viatura, cone e outros pedidos. Eu transferi o dinheiro via PIX, para cerca de 3 contas físicas e jurídicas. A conta jurídica foi da serralheria que fizemos os pontos de ônibus, as pessoas físicas foram oficinas e a compra dos cones”, falou.

O diretor denunciou ainda, que se não realizasse o pagamento dessas compras e obras utilizando o dinheiro do Governo Federal, a prefeitura não iria realizar o repasse do restante do recurso, que foi dividido em 3 parcelas pela secretaria, “o dinheiro quando saiu, foi dito que teria que direcionar um valor para fazer os pontos, senão o município não liberaria. Isso foi o que foi falado para mim. Tive que ceder, estava passando por uma situação difícil. O recurso vem, mas quem libera é a prefeitura, só liberaria se gastasse uma parte desse recurso com algumas ações. Não houve licitação. Quando o dinheiro caiu na conta, o secretário mostrou o projeto para a serralheria, iria ficar o valor de aproximadamente R$ 5,700 reais cada ponto, sendo um total de 30 pontos de ônibus. Fui repassando os valores para a serralheria, com o conhecimento do secretário. Não conheço nenhum serralheiro na cidade. Foi um pouco mais de R$ 200 mil reais o total, tudo sem licitação”, revelou.

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