Uma dirigente do PSL de Minas Gerais disse, em depoimento à Polícia Federal, que gastos de campanha do então candidato a deputado federal Marcelo Álvaro Antônio foram pagos por meio de dinheiro vivo, entregue a ela dentro de uma caixa branca, a dois dias da eleição do ano passado. De acordo com a Folha, Ivanete Maria da Silva Nogueira, que era vice-presidente da sigla em Conselheiro Lafaiete, a cerca de 100 km de Belo Horizonte, prestou depoimentos em duas ocasiões. A última foi em 27 de agosto, quando entregou documentos de comprovação da contratação de panfleteiros e de um salão para o lançamento da campanha de Álvaro, hoje ministro do Turismo.
Ela afirma ainda que um assessor do ministro não quis receber os recibos dos serviços prestados. As investigações mostram que nenhum desses casos esteve declarado na prestação de contas entregue à Justiça pelo ministro ou pelo partido.
No depoimento, Ivanete ainda diz que contratou vários panfleteiros para atuar nas campanhas de Álvaro Antônio e de Celton Mesquita, candidato a deputado estadual. Os relatos da dirigente fazem parte do inquérito e agora estão com a Promotoria e com a Justiça de Minas Gerais. A apuração sobre o caso está em segredo de Justiça.
Álvaro Antônio foi indiciado e denunciado nas apurações das candidaturas laranjas do PSL.. A PF já sugeriu a abertura de novo inquérito para apurar a suspeita específica de caixa dois na campanha do ministro.
O relato da dirigente do PSL é um dos indícios que a polícia tem para esse pedido da segunda apuração. O promotor do caso, Fernando Ferreira Abreu, deve requisitar formalmente essa investigação. Procurada, a defesa do ministro do Turismo afirmou que Ivanete não trabalhou em sua campanha e que o depoimento dela à PF “não procede”.
“O que pode ter ocorrido eventualmente é a distribuição e panfletagem, por parte de Ivanete, de algum material gráfico consistente nas chamadas ‘dobradinhas’, neles contendo a imagem do então candidato a deputado estadual Celton Mesquita e do Marcelo Álvaro como candidato a deputado federal”, disse o advogado Willer Tomaz.
“Ou seja, trata-se de campanha no interesse de Celton Mesquita, mas com residual apoio à candidatura de Marcelo. É exatamente o que ocorre com todos os candidatos de todos os partidos que se utilizam da imagem dos seus candidatos a cargos majoritários, e nem por isso se diz que a campanha se deu no interesse exclusivo do candidato”, completou.
A reportagem não localizou a defesa de Celton Mesquita. (Metro1)