Em quase uma década de calote, funcionários de faculdade relatam fome e empréstimo com agiota

Foto: Divulgação

A Fundação 2 de Julho chegou ao limite após dívidas e irregularidades que se arrastam desde o ano de 2012. Funcionários e ex-funcionários do local cobram seus salários e direitos, que vêm sendo negados pela fundação há quase uma década.

Em uma carta de denúncia recebida pelo Metro1, a equipe de profissionais classifica a situação como um “caos” e “filme de terror”. O atraso nos pagamentos é tão extremo que, há alguns meses, uma funcionária chegou a ser demitida após um agiota entrar armado no Colégio 2 de Julho para cobrar um empréstimo. Os professores dizem que o empréstimo foi necessário porque a funcionária “estava passando fome”.

Os relatos de fome são muitos. Funcionários e ex-funcionários se organizavam para ajudar uns aos outros com cestas básicas.

A jornalista Queila Val do Amaral, que integrava a equipe de comunicação, é uma entre muitos funcionários que processaram a Fundação. Com uma decisão favorável da Justiça, ela espera receber um total de R$ 28.714,05. Mas não tem esperanças: “Com certeza não vão pagar”, diz.

Outros ex-funcionários esperam o cumprimento de determinação da Justiça já há nove anos. Para pagar as dívidas trabalhistas, uma parte do terreno da Fundação seria leiloada nesta quarta-feira (22), mas a medida foi suspensa na véspera, com a afirmação de que um comprador se interessou de última hora.

A equipe desconfia da suspensão e anda faz outras acusações à diretoria da 2 de Julho. De acordo com eles, os diretores são únicos que recebem o pagamento em dia. “O povo sem receber salário e eles com as contas em dias”, afirmam.

Em nota, o Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (Sinpro-BA), lamenta as denúncias e afirma que é uma situação recorrente. Em seus cálculos, a Fundação deve 18 milhões ao total de funcionários e ex-funcionários.

Na segunda-feira (20), a Fundação 2 de Julho divulgou uma nota na qual atribui à pandemia o caos nos pagamentos que se dá há anos. Questionada, a assessoria respondeu que o passivo trabalhista foi herdado há décadas.

“O problema é que é um passivo trabalhista herdado há décadas. Todas as vezes que há um mínimo de desequilíbrio financeiro na Instituição, os débitos voltam a se acumular. A Instituição não tem fins lucrativos e nem outras fontes de renda que não sejam as mensalidades. Desde o início da pandemia, houve uma evasão muito significativa impactando na manutenção da Instituição”, informam. (Metro1)

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