A leveza define o estado de espírito do momento de Fiuk, atualmente com 32 anos. O artista, que assume no passado ter lidado com algumas situações de maneira mais complicada por se preocupar em demasiado com a repercussão de suas ações e falas, tem aprendido a não se levar tão a sério e a se divertir com o que a vida lhe proporciona.
“Sempre fui muito inseguro e tive muita responsabilidade com a minha carreira, família e relacionamentos. Eu me privei bastante, desde muito novo. Ficava preocupado com o que fazia e falava… Estou começando a ter a leveza de me permitir algumas coisas. Mas é uma briga interna. São muitos anos vivendo o ‘não posso’. Agora me questiono: ‘Tal coisa não pode por quê? Calma! Respira, vai e tenta’. Estou permitindo me divertir mais”, analisa.
No ensaio da primeira capa do ano da Quem, i pelas lentes do renomado fotógrafo Gustavo Arrais, o paulistano brinca com os looks sugeridos pelos stylists André do Val e Livia Oura, se deixa ser maquiado de forma mais ousada pelo makeup artist Leo Almeida e se surpreende ao se achar bonito nas imagens.
“A primeira vez que eu falei que estava me achando bonito foi hoje (risos). E o Elton (Meneses, assessor) ainda comentou: ‘Nossa, que autoestima alta, hein?’. Se ele soubesse que a minha autoestima sempre foi um horror. Agora que ela está começando a melhorar… Então, para mim, é uma vitória eu me sentir legal”, explica.
“A minha autoestima sempre foi um horror. Agora que ela está começando a melhorar”
Filho da estrela Fábio Jr. e irmão da atriz e cantora Cleo , Fiuk desde cedo sofreu com as comparações e com o medo de suas ações respingarem nos familiares. Apesar de ter começado a carreira artística ainda na adolescência, aos 13 anos com sua banda de rock e aos 19 anos como ator em Malhação, o artista sempre tentou manter longe dos holofotes sua vida fora dos palcos e das telas. Ele tinha pavor de cometer erros ou mostrar suas falhas.
“Minha família sempre teve tanto cuidado comigo por conta do meu pai, que sempre lidou com muito sucesso. Desde muito novo, mesmo sem saber direito o peso do nome do meu pai, eu já sabia que ele era muito famoso. Entendia que eu tinha que ter uma certa responsabilidade sobre isso. Sempre me preocupei com todo mundo e esqueci de mim. É a primeira vez que estou lutando bastante para me colocar em primeiro lugar. E isso está me fazendo bem”, diz.
Participar do Big Brother Brasil, em 2021, foi um grande passo. Fiuk garante que o reality show o obrigou a se expor e lidar com defeitos, que nem ele conhecia.
“Eu mostrava o meu trabalho, mas minha vida pessoal nunca tinha mostrado nada para ninguém. Essa exposição no BBB me ajudou. Sempre tive esse receio, nunca tinha vivido abertamente. No começo, foi traumatizante. Vivi sentimentos que nunca tive. Mas, ao mesmo tempo, atravessei esse deserto. Parece que atravessei as piores coisas que poderia atravessar para mim, que era me expor. Sinto que agora já mostrei tudo de bom e ruim que tenho”, relembra.
“As pessoas agora sabem de defeitos que nem eu sabia que tinha. Descobri defeitos meus lá dentro do BBB, junto com todo mundo. É muito gostoso aprender a se amar com os seus defeitos. Isso sempre foi muito difícil para mim. Sempre vivi neste mundo perfeccionista e nunca me bastei. Era sempre: ‘Não estou bom, estou vacilando aqui’. Estou em um momento de entender que isso é o que tenho e o que sou. Tomara que goste, mas se não gostar, sinto muito, tem quem goste e sucesso para você”, avalia.
Foi com esse pensamento que ele lidou com o término exposto de seu relacionamento com Thaisa Carvalho no ano passado. Após a repercussão do fim, anunciado após ele participar da Farofa da Gkay, Fiuk usou a sua rede social para falar que já estava separado e negar os rumores de infidelidade.
“A vida inteira deixei a vida amorosa reservada. Nunca gostei dessa experiência de você ter relacionamento com alguém e outras pessoas ao mesmo tempo. Quando você namora com a mídia, você deve satisfação para muita gente. Você vai a um lugar, alguém inventa uma parada sua, o negócio bomba e você tem que ir atrás para responder isso. Quanto mais você está feliz em um relacionamento, mais as pessoas tentam te atrapalhar. O último relacionamento acabou sendo mais exposto. Respeito a maneira que aconteceu e estou tranquilo”, diz.
“Quanto mais você está feliz em um relacionamento, mais as pessoas tentam te atrapalhar”
Agora solteiro e sem medo do julgamento que farão dele, Fiuk tem se redescoberto. Mas voltar a frequentar festas e se abrir para novos relacionamentos exige um empenho do artista.
“Tem essa parte da redescoberta nesta fase solteira. Estou me sentindo um virgem de 40 anos. Nossa, Senhora. Sou bem intenso em tudo o que faço. Quando estou namorando, namoro sério. Acabou? Volto para a solteirice. Estou voltando a ir para as festas. Mas ainda tenho uma dificuldade de ir a festas. Não sei se é porque trabalho com isso desde cedo… Eu gosto de fazer festa, mas ir a eventos é mais cansativo. Conhecer alguém do zero, então… Tem o lado muito legal das vezes em que sou reconhecido pelo meu trabalho, a menina me admira e tal, mas, às vezes, quando quero um romance, não vai ser tão fácil. Às vezes, a pessoa está ali e só quer tirar uma foto com você. Tem um lado que estou voltando a equilibrar, entre a busca pelo Fiuk e Filipe. O Fiuk sou eu também. Tira 30 fotos comigo, ok, mas neste lado emocional, de companhia, quero ficar tranquilo. Tem que saber respeitar o meu lado vovozinho, do Seu Fiuk”, explica.
No lado profissional, ele também tem se arriscado mais. Além de seguir com seus projetos como ator e como músico, Fiuk está cada vez mais atuando como produtor. Neste ano, ele pretende lançar o filme Tração, um sonho que tinha desde menino de compartilhar a sua paixão pelo drift, categoria do automobilismo que consiste em pilotar curvas em manobras mais ousadas.
“Adoro produzir seja evento, música, filme… Adoro colocar a mão na massa, transformar, ver o começo e o final. Está sendo muito louca essa experiência de produzir o primeiro filme. Se pudesse botar essa experiência em uma escala, ela estaria em um dos maiores sonhos que tenho na vida. Então, me emociono, fico nervoso… Desde que era criança, quando jogava videogame, sonhava com isso. Estou como uma criança fazendo”, celebra ele, que pretende também quebrar preconceitos com o filme.
“Existe, até hoje, um preconceito com quem pratica isso, uma fama de arruaceiro, porque o drift é um esporte relativamente novo perto dos outros de automobilismo. Foi criado na década de 1980 no Japão. É uma modalidade que está começando a acontecer agora, o mundo está começando a olhar para isso, temos tido campeonatos mais sérios, carros melhores… No drift, quem não tem pista para treinar, acaba fazendo besteira na rua, principalmente no Japão, onde as pessoas têm muitos carros para isso. Essa fama de arruaceiro ficou mais forte lá, onde tinha muita concentração de jovem praticando o drift. Esse filme vai mostrar os problemas que alguns jovens enfrentam e questionar bastante os dois lados da moeda. Você tem um sonho? Quanto custa esse sonho?”, adianta ele, que, ao ser questionado sobre isso, responde: “Meu sonho ainda está custando. Dividi em 79 parcelas e vou pagar a vida inteira. Ainda estou abdicando e aprendendo a abdicar. O importante é não desistir”, avalia.
Estamos começando um novo ano e é inevitável não pensar no que fizemos no último ano. Quais os aprendizados que você teve?
O ano passado foi muito intenso, como a maioria dos anos na minha vida. Tive muitos aprendizados. Estou amadurecendo este lado de ser mais eu, de estar mais tranquilo… Aprendi que dizer “não” é tão importante quanto dizer “sim”. Tem amigo meu que engulo sapo há uns dez anos. Hoje, não me privo mais. Ele fez alguma coisa que não gostei, viro pro meu brother e falo: “Cara, não foi legal isso que você fez”. Estou me permitindo ser eu mesmo. Não vou me privar de falar isso, porque ele é meu amigo e não quero magoá-lo. Falo de coração. Estou nesta fase sincerão. Hoje em dia, também sou amigo de alguns inimigos que eu tinha. Saio junto, vou no evento do cara… Quero paz! E não é só isso. Quando a gente amadurece, começa a entender que todo mundo tem um lado ruim, mas também tem lado bom. Quando esse lado bom vale a pena, você entende o lado ruim. Não é porque o cara vacilou comigo que eu não vou mais olhar na cara. Teve uma época que eu era super-radical, cortava da minha vida. Claro que entendo as fases, que talvez precise me afastar desta pessoa agora, mas que talvez daqui uns dois anos, possa retomar a amizade. Tem relacionamento, que independente no namoro ou amizade, não adianta você forçar. Se a pessoa não quer olhar para o que você está olhando e concordar com o que você acha, é uma opção dela. Não tem como brigar sozinho. Estou aprendendo uma coisa muito importante da minha vida com uma frase que sempre li, mas nunca consegui fazer valer, que é: “Não sofrer por coisas que você não pode mudar”. O trabalho que eu faço isso é: “Eu posso mudar isso? Não! Então, não adianta sofrer”. Não vou ficar batendo a cabeça. É uma luta diária.
Você aparenta estar mais leve, acha que o BBB te trouxe isso?
Sempre vivi nesta busca para ser leve. O Big Brother Brasil me botou à prova. Após dois anos do reality, entendi que, de fato, quero ser feliz. Apesar de todos os pesares, é uma luta diária para descobrir mais um pouquinho, dar um passo maior.
Além da exposição, tinha que lidar com críticas…
A responsabilidade do que falo e faço acaba sendo um pouco over comparada com a de outras pessoas. No próprio Big Brother teve gente que fez coisas piores do que eu fiz e não foram julgadas da mesma maneira. Mas, hoje em dia, tento não olhar de jeito ruim para isso. Estou em uma fase em que consigo ouvir o outro, mas manter o pezinho no chão para avaliar se aquilo é uma crítica construtiva ou não. Se não for, só escuto. Parei de brigar com as coisas e pessoas. Estou mais leve, porque não aguentava mais… Não quero mais problemas. Já temos problemas demais na vida e no Brasil. A gente tem que começar a nossa parte. É um trabalho diário, que começa logo ao acordar. Eu oro pra caramba para acordar e dormir. Agora, escolhi ser feliz. Parece simples, mas não é. Isso não exclui seus defeitos e a dor. É uma escolha que você faz de, mesmo com tudo ali, ter momentos de felicidade. Não dá para ser feliz o tempo inteiro. Mas luto agora para a felicidade.
“Parei de brigar com as coisas e pessoas. Estou mais leve, porque não aguentava mais… Não quero mais problemas”
Você lançou recentemente com o Projota, seu colega de reality show, a canção Hater. Aprendeu a se relacionar com eles?
Hater vem junto do sucesso. Tenho uma história muito boa com o meu pai, que levo para a vida. Eu era menor de idade, tinha acabado de lotar pela primeira vez uma casa de shows com a minha banda em São Paulo. Era o Hangar 110, uma casa muito respeitada pelas bandas de rock. Toda banda queria tocar lá. O show ali foi especial, não sei explicar, foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira. Cheguei em casa e falei: “Pai, a banda está bombando”. E ele, que tem às vezes um jeito meio sarcástico, respondeu: “É mesmo? Está bombando?”. E eu: “Sério, mano, está bombando, lotamos show e está todo mundo falando bem…”. E ele comentou: “Está todo mundo falando bem, moleque? Então você ainda não está fazendo sucesso”. Eu lembro que falei: “Pô, maior corta clima, cara”. E ele disse que um dia eu ia entender. Passou um tempo, estava fazendo Malhação, e começou acontecer um monte de coisa. Teve influenciador falando mal de mim e postando na internet, além de outras coisas. Cheguei em casa arrasado. E pedi: “Pai, me ajuda, não sei mais o que fazer. Estão inventando e falando essas coisas de mim”. Ele começou a rir e eu chorando pra caramba, estava mal. Daí ele falou: “Está vendo? Agora você está fazendo sucesso”. Ali, entendi esse yang da vida, esse paradoxo. Se um te ama, outro vai te odiar. O sucesso é uma coisa muito relativa. Quanto maior a escala de pessoas envolvidas, mais chances de se ter haters. Não tem como uma pessoa fazer sucesso hoje sem ter hater.
Esse seu momento atual tem influenciado o seu trabalho como compositor?
Sempre falei muito de amor nas minhas músicas. Quando fico mal, escrevo música fossa. É a minha terapia. Inclusive, uma dessas músicas fossa que escrevi, o Felipe Araujo e Mc Ariel lançaram agora, a Até Achar Alguém. Olha o título para você entender o nível do sofrimento. Estou fazendo várias modas sertanejas agora. Esse momento que estou vivendo está impactando de uma maneira muito boa meu trabalho, porque traz de volta esse gás que sempre tive. Sempre tive uma energia de banda, roqueiro, um pouco acima… Estou sentindo essa energia reacender novamente e está me fazendo muito bem.
“Quando fico mal, escrevo música fossa. É a minha terapia”
Você está cheio de feats. Por sinal, queria saber de um especial, o com o Jorge Ben Jor, com quem lá atrás você já fez uma parceria em Quero Toda Noite.
Estou com feats já gravados com o Jorge Ben Jor, Rael, Gab e Cone Crew, uma banda do Rio de hip hop. E tem uns que vou gravar ainda, mas não posso falar. Pretendo, se der tudo certo, gravar no segundo semestre meu primeiro DVD ao vivo. O com Jorge Ben Jor, com quem eu já tinha trabalhado lá atrás, é uma música nova. A gente se deu muito bem desde o nosso primeiro encontro, em 2011. Todo mundo para mim é gente. Pode ser o papa ou ter três trilhões na sua conta, o que vale é a pessoa. Mas o Jorge me causa uma estranheza ainda em estar por perto. Ele significa muito na minha vida. Até hoje, quando ele me manda uma mensagem, falo: “Meu Deus, é o Jorge!”. Sou muito grato por ele gostar de mim. Parece bobo isso, mas quando alguém fala alguma coisa que não gosto, lembro dele e penso: “Por que estou preocupado com isso? Tenho que me preocupar com o que o Jorge fala”. Ele é muito especial.
E você sempre fez um som que não seguia modinhas…
Sempre fiz um som na contramão, era malvisto… Sou meio teimoso. Poderia ter gravado, por exemplo, essa música sertaneja que fiz, mas sabia que não era para mim, por mais que a letra e a melodia tenham saído do meu coração e eu tenha feito com os meus amigos. Ela não foi pensada: “Vamos fazer um sertanejo”. Nasceu naturalmente. Quando terminamos, perguntaram se eu ia gravá-la. Eu disse: “Talvez um dia”. Me reconheço neste lugar um pouco diferente.
Você não se define como o seu pai diz: “Sou cantor antes de ser ator”?
Fico uma hora ali e aqui. Não sei se sou primeiro ator ou primeiro cantor. Se você olhar a minha linha do tempo, comecei a cantar com a banda aos 13 anos e a atuar com uns 18. A música chegou antes, mas ainda peno para conciliar essas careiras. Meu pai escolheu ser só cantor e, às vezes, ele vem e pergunta: “E aí?”. Eu falo: “E aí o quê? Você vem me perguntar isso?”. E ele concorda. Me reconheço muito como cantor e ator. Não me imagino, por enquanto, sem um dos dois.
Seu pai começou a fazer sucesso muito novo. Você também começou a trabalhar muito jovem. Rolava uma autocobrança para dar tão certo quanto ele?
Eu tinha essa cobrança dos outros, mas muito novo virei essa página. As pessoas esperavam que, por eu ser filho do Fábio Jr., fosse fazer muita coisa romântica… Brigava com todo mundo no começo, porque ninguém entendia que eu tinha uma banda de rock. Na cabeça de todo mundo, eu tinha a obrigação de dar continuidade ao trabalho do meu pai. Traduzindo, eu tinha a obrigação de botar um terninho, cantar Alma Gêmea e ficar quieto. Foi muito difícil no começo, porque poucas pessoas me aprovaram. Meu pai depois começou a gostar da banda, mas no começo também nem conseguia ouvir, falava: “Isso é barulheira”. Eu respondia: “É rock and roll! Você não vai entender, eu também não gosto de Alma Gêmea, tá ligado?”. Enfim, nem ele entendia o meu som. E sempre fui inseguro e tive as minha particularidades. Foi uma época que sofri muito por não entender que o único lugar que eu era feliz era o que ninguém queria que eu estivesse. Teve um momento que escolhi: “Beijo, mundo. É isso que quero fazer”. Fiz um pacto comigo mesmo. Podia não ganhar um real, mas ia lutar por aquilo que me fazia feliz. Foi a escolha que fiz, mas se eu tivesse escutado a crítica em qualquer momento da minha vidam teria parado. Sempre escutei Deus e o meu coração.
“Me reconheço muito como cantor e ator. Não me imagino, por enquanto, sem um dos dois”
No estilo também, né? Você usa maquiagem e roupas tidas como agêneras há muito tempo, mesmo sabendo que será alvo de críticas…
A gente vive em uma sociedade que a gente acha que tem o direito sob o outro. Se eu acho que o roxo não é bonito para você, você também tem que achar. Isso é um pensamento muito antigo. Desde pequeno, sempre me encantei por bandas de rock com músicos que tinham a personalidade forte. Todas as bandas que eu ouvia, que vinham de fora, tinham personalidade, marcas de roupas, estilo… No Brasil, quando fui fazer Malhação, coloquei as minhas roupas e lembro que foi um choque. “Meu Deus, o que é isso? Gola V? Nossa, Senhora!”. Não existia essa moda aqui. As primeiras roupas deste tipo que comprei, eram femininas. Passou a ter depois que fiz Malhação. As pessoas não entendiam, queriam me podar. Quem me ajudou foi o Mário Márcio Bandarra, diretor já falecido. Ele foi muito importante naquela época que veio todo mundo contra mim. Começaram a questionar: “Ele é galã, papel principal e vai usar essas roupas?”. Ele virou para mim e disse: “Uma pessoa aqui só que tem que se importar com isso e é o Fiuk. Se ele não se importa, concordo com ele. Chega de dizer o que homem tem que usar”. Isso foi muito especial. Um cara mais velho, de outra geração, falando: “Homem tem que usar terno? Deixa o moleque, porr*. Ele tem 20 anos de idade, tem que usar o que ele quer, mesmo”. E apresentei muita coisa da moda para ele, o que estava surgindo e tendo um movimento em outros países. Ele comprou a minha ideia. Lembro que muita gente me criticou. Eu não entendia as críticas. Questionavam: “É gay ou não é?”. Eu nem respondia. Deixa as pessoas comentarem. Para mim, tanto faz. Isso é tão antigo. Quem liga para essas coisas sofre sozinho. Quando você é bem resolvido, não tem nada que te incomode. Comecei a me divertir com o questionamento das pessoas. Queria que as pessoas se questionassem também: “Pô, e eu? Estou bem assim? Quero colocar tal coisa, mas não coloco por quê? Por que as pessoas vão falar?”. Cara. Você tem que usar para você. Se for pensar nos outros, você não vai saber nem como agir. Vão falar de você de qualquer jeito. Eu me toquei que poderia ajudar outras pessoas com o meu estilo. Recebi muitos comentários de pessoas falando que eu tinha ajudado. Isso me dava um gás.
Financeiramente falando, o BBB foi positivo? Você estava morando com o seu pai, conseguiu sua independência?
Graças a Deus. A vida é feita de fases e não me envergonho disso, muita gente acha que eu deveria me envergonhar. Graças a Deus, nunca fracassei, mas já tive momentos sem dinheiro. Já quebrei em questão de dinheiro, mas nunca saí do meu caminho. Sempre tropeço e levanto. Tomo uma porrada aqui, passo água na cara e vamos embora. Continuo nessa. O BBB valeu a pena, sim. Foi muito bom. Sempre trabalhei com evento, mas nunca fui muito bom de internet. Quando entrou a pandemia, a nossa classe artística foi a primeira que parou a última que voltou. Eu não estava preparado. Tinha equipe para sustentar todo mês, você não quer mandar embora. Três meses se estenderam para um ano, um ano passou para outro… Foi um momento de desespero mesmo. O Big Brother eu encarei quase como um trabalho. A Prova do Anjo era um trabalho. O BBB me salvou neste sentindo, fez eu me sentir útil durante a pandemia.
Seu pai, além do sucesso por seu trabalho, sempre teve a fama de namorador…
Por que será? Ele se casou pouco, né? Só sete (risos).
Você disse que se privou muito de ser você mesmo, até pelo seu contexto familiar. Essa reserva que você tinha em expor sua vida amorosa tinha a ver com o medo de ser taxado de namorador também?Não… Por mais que eu seja artista e viva também da fama, tenho esse lado do carinha do interior, que quer ter uma família, reunir todos à mesa pra comer… Sempre tentei colocar essas coisas em potes diferentes mesmo sem dar, porque não tem como. Mas sempre tentei preservar os meus relacionamentos, afastá-los um pouco dessa turbulência, opiniões, ego e inveja que a fama traz. Neste ponto, me sinto um pouco vovô. Quero alguém para jogar um baralhinho, fazer uma comidinha… Saiu da casa? Tudo bem, aquela loucura, tiro uma porrada de foto, atendo a mídia e tal. Mas voltou para casa, quero paz. Sempre tentei fazer isso como uma maneira de preservar algum lado da minha vida. Queria deixar um ladinho que fosse só meu. Mas agora estou mais tranquilo em relação a isso também.
Sempre tentei preservar os meus relacionamentos, afastá-los um pouco dessa turbulência, opiniões, ego e inveja que a fama traz”
Você comentou sobre os seus problemas com autoestima, mas é considerado um galã, um cara sedutor. O que acha disso?
Escuto as pessoas falarem que eu sou “galã” e fico quieto. Eu atuo, amo os papéis que faço, mas é engraçado falarem isso. Sou tão tímido. O que me trouxe isso, acho que foi o meu trabalho mesmo. É muito curioso eu ser tímido e conseguir fazer o meu trabalho. Sempre fui muito introspectivo e essa coisa da sensualidade me dava medo. Tinha fãs crianças. Não entrava na minha cabeça fazer um ensaio sensual. Mas agora já estou em uma certa idade, as fãs que eram criança estão mais grandinhas… Estou me permitindo. Tudo o que antes eu ficava meio assim, falo para mim mesmo: “Calma, respira, olha com outros olhos. Legal”.
E você está se cuidando mais também, ostentando tanquinho…
Estou na luta, mas ainda sou peso-pena. Mas o exercício impacta na autoestima. O visual não mudou tanto, mas o exercício me ajuda a lidar com a depressão que eu tenho e a ansiedade. São doses que injetam de endorfina. Se eu fico três dias sem malhar, percebo o impacto no meu humor. Hoje, se estou triste, vou para a academia e fico três horas.
Depois dos 30 já bate aquele relógio biológico para ser pai?
Acho que me comprometi com o relógio biológico quando tinha 20 anos. Sou bem aleatório. Queria fazer algumas coisas e me questionei: “Quero fazer isso e aquilo porque quando eu tiver 30, não vai ser assim”. Eu me comprometi que dos 20 aos 30 eu ia fazer tudo o que eu tivesse vontade de trabalho. De vida, era o contrário, agora que estou começando a viver. Quando virou os 30, lembrei disso e falei. “Opa, passou! Está na hora de começar a pensar em tudo que me competi comigo mesmo lá atrás”. Criei esse relógio biológico lá atrás e lembrei dele agora, no ano passado. Quero ter família demais. Estou me preparando para esse momento. Quero muito que esse momento chegue, mas com a pessoa certa.
Como se vê daqui 30 anos?
Estou começando a pensar mais longe. Daqui 30 anos, quero fazer uma entrevista com você para a gente lembrar de tudo isso que falei. Tenho meus sonhos, quero realizar todos, vou morrer tentando, mas não quero me comprometer com essa frustração. Quero estar bem. Não sei o que vou ter ou o que vou estar vivendo, mas quero estar nesta mesma energia, jogar um papo bom, trabalhando em algo bacana, ter a minha família e ajudar muita gente.