Governo cria grupo de trabalho para monitorar preço do petróleo diante de conflito no Oriente Médio

Tensão na região se intensificou no fim de semana, após Irã entrar diretamente no conflito com Israel. Governo espera que Petrobras aguarde desdobramentos antes de alterar preços dos combustíveis.

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O Ministério de Minas e Energia criou, nesta segunda-feira (15), um grupo de trabalho para monitorar o preço do petróleo diante do conflito no Oriente Médio. A informação foi dada pelo ministro Alexandre Silveira, em entrevista a jornalistas.

“É importante que estejamos atentos. O ministério está debruçado [sobre o assunto], hoje mesmo já fiz uma reunião cedo com a Secretaria de Petróleo, Gás e Biocombustíveis a fim de que a gente possa, no grupo que acabei de criar de monitoramento permanente da oscilação do preço do Brent [petróleo], a gente possa estar atento e agindo de pronto com os mecanismos que temos”, declarou.

A tensão na região se intensificou no fim de semana, depois que o Irã entrou diretamente no conflito com Israel e enviou drones e mísseis para atacar o território do país. O ataque aumenta o risco de a guerra entre Israel e o Hamas escalar para todo o Oriente Médio.

A região responde por grande parcela da produção mundial de petróleo. E um conflito generalizado pode aumentar o preço da commodity, que influencia o valor dos combustíveis no Brasil, como gasolina e óleo diesel.

O governo espera que a Petrobras aguarde os próximos desdobramentos da guerra antes de alterar os preços de combustíveis no Brasil.

A jornalistas nesta segunda-feira (15), Silveira disse que não falou com a estatal sobre o conflito e que qualquer medida tomada vai respeitar a governança da companhia.

“Ainda não conversei com a Petrobras. O ministério tem papel muito distinto da Petrobras. […] Primeiro, fizemos essa reunião para poder avaliar a crise internacional, chegamos a essa conclusão de montar esse grupo de trabalho”, declarou.

Segundo Silveira, pasta deve manter diálogo com a estatal e com outras empresas do setor de petróleo ao longo do dia.

“Durante o dia com certeza nossos contatos serão intensos, não só com a Petrobras, mas com as distribuidoras, com os outros membros da cadeia de suprimento para que estejamos preparados para possíveis maiores escaladas internacionais”, completou.

Dividendos extraordinários

O ministro também comentou a distribuição de dividendos extraordinários aos acionistas da companhia, quando questionado se o conflito poderia mudar a expectativa de pagamento. “São coisas completamente distintas. Esse assunto não está na mesa”, disse.

A Petrobras passa por um momento turbulento desde o último mês:

  • com a retenção de dividendos aos acionistas e perda de valor de mercado;
  • a quase demissão do presidente da estatal, Jean Paul Prates;
  • e, na última semana, o afastamento de dois conselheiros de administração representantes da União.

Agora, o conflito internacional pode pressionar a companhia para segurar reajustes nos preços dos combustíveis, colocando a empresa de economia mista mais uma vez no meio de interesses privados e da União.

Fonte: g1

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