Balanço oficial será anunciado à noite pelo prefeito de Nápoles, Claudio Palomba
O governo italiano decretou estado de emergência neste domingo, 27, na ilha de Ísquia, na costa de Nápoles (sul), um dia depois de um deslizamento de terra que causou pelo menos quatro mortes e uma dúzia de desaparecidos.
A imprensa local anunciou neste domingo à tarde que quatro corpos já foram encontrados.
O balanço oficial será anunciado à noite pelo prefeito de Nápoles, Claudio Palomba.
Um primeiro auxílio emergencial de dois milhões de euros (valor semelhante em dólares) foi desbloqueado, após uma reunião extraordinária do gabinete, necessária para declarar o estado de emergência, disse o ministro da Defesa Civil, Nello Musumeci.
A Itália muitas vezes decreta estado de emergência, após terremotos, erupções vulcânicas ou chuvas fortes, porque possibilita um processo acelerado de mobilização de fundos e meios.
Casamicciola Terme, uma cidade turística de 8.000 habitantes na ilha de Ísquia, já registrou um terremoto em 2017 que causou duas mortes. No final do século XIX, um terremoto muito mais forte destruiu totalmente a cidade.
No local, mais de 200 membros das forças da Defesa Civil e de segurança ainda procuravam uma dezena de pessoas desaparecidas.
Centenas de voluntários, com a lama até os joelhos, participam da limpeza. Nas ruas da cidade era possível ver carros e ônibus soterrados pela lama.
– Urbanismo maciço -Uma multidão de tratores tentava abrir caminho pelos escombros para liberar acesso a casas e comércios.
“É uma situação que nos machuca pelas pessoas desaparecidas. Esta é uma ilha e, embora nem todos nos conheçamos, é quase assim, nos conhecemos pelo menos de vista”, disse Salvatore Lorini, 45 anos, um morador de Ísquia, onde nasceu.
“Uma montanha veio abaixo, houve uma devastação de lojas, carros, um hotel… e isso já aconteceu há nove anos. Agora estou limpando a loja da minha avó”, explicou.
Esse deslizamento foi causado pela falta de manutenção e prevenção “porque natureza é natureza, houve um terremoto, mas um pouco de prevenção” poderia ter salvado vidas, acredita Lorini.
Este morador quer instalar um sistema semelhante às boias que avisam sobre a chegada de um tsunami.
“Honestamente, se pudesse, deixaria Casamicciola porque agora é difícil viver aqui, embora minha casa tenha sobrevivido a um terremoto, a inundações”, disse Iacono Maria, 64 anos, à AFP-TV.
“Me sinto próximo da população da ilha de Ísquia, afetada por uma inundação. Rezo pelas vítimas, pelos que sofrem e por todos os que trabalham no resgate”, declarou o Papa Francisco após a oração do Angelus.
“Em Ísquia há uma urbanização que atingiu e devastou todo o território”, comentou Tommaso Moramarco, diretor do Instituto de Busca e Proteção Hidrogeológica, à agência AGI.
“Quando a ilha entrou no período do turismo maciço, o crescimento da infraestrutura foi exponencial, esmagando todos os elementos naturais do território e cobrindo tudo com cimento”, denunciou o geólogo Mario Tozzi nas páginas do La Stampa, lembrando a existência de dezenas de milhares de construções abusivas em Ísquia.
A tragédia de sábado ocorreu semanas depois que 11 pessoas foram mortas por chuvas torrenciais que atingiram o centro-leste da Itália. (AT)