Justiça do RJ quebra sigilo em caso de infecção por HIV em transplantes

Investigação aponta negligência em laboratório da Baixada Fluminense

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A Justiça do Rio de Janeiro autorizou a quebra do sigilo de dados eletrônicos e mensagens dos envolvidos no caso de contaminação por HIV em pacientes que receberam órgãos transplantados pela rede de saúde estadual.

A decisão foi tomada no último domingo (13), durante o Plantão Judiciário. A principal suspeita recai sobre o laboratório PCS Lab Saleme, de Nova Iguaçu, que teria emitido laudos incorretos indicando que os doadores de órgãos estavam livres do HIV, quando, na verdade, eram positivos.

Sete pessoas estão sendo investigadas, entre elas sócios e funcionários do laboratório. Seis pacientes que receberam os órgãos acabaram infectados com o vírus. A juíza Flavia Fernandes de Melo autorizou a análise de dados de aparelhos eletrônicos apreendidos, como mensagens, e-mails e conversas em aplicativos. Também foram determinados mandados de busca e apreensão nas residências dos sócios Walter Vieira, Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, Marcia Nenes Vieira e Eliane Nunes Vieira, além de funcionários do laboratório.

Na segunda-feira (14), a Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e prendeu dois suspeitos, incluindo Walter Vieira, um dos sócios do laboratório, e um técnico. Outros dois investigados seguem foragidos.

De acordo com o delegado André Neves, foi constatada negligência no uso de reagentes vencidos, o que teria causado exames falsos negativos para HIV, visando a redução de custos e aumento do lucro.

Walter Vieira afirmou em depoimento que uma sindicância interna no laboratório detectou indícios de falha humana na transcrição dos resultados de dois testes de HIV.

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