Um estudo ainda não publicado em revista científica aponta que Manaus (AM) pode ter chegado à imunidade de rebanho contra a Covid-19. De acordo com a coluna Bem Estar, do G1, 66% da população da capital amazonense já teria desenvolvido anticorpos contra o vírus, mostra a pesquisa.
Contudo, os cientistas fazem a ressalva de que analisaram 6.316 amostras de sangue colhidas pela Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas entre os dias 7 de fevereiro e 19 de agosto. Ou seja, não representa toda a população da cidade.
Além disso, o estudo necessita de revisão de outros cientistas. Ao todo, 34 autores de várias faculdades da USP, da Universidade de Oxford (RU) e da Escola de Saúde Pública de Harvard (EUA) participaram da análise. Também estiveram presentes fundações do Amazonas, de Sâo Paulo e dos EUA. A divulgação da versão prévia do estudo foi feita nesta segunda-feira (21), em um repositório online.
A estimativa de 66% da população imunizada contra o coronavírus é o máximo estipulado pelos cientistas. O mínimo é de 44%.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas justificaram que a taxa de mortalidade e a queda no número de novos caso da região indicam que a população manauara teria conquistado a imunidade de rebanho. Nesse caso, pessoas que não podem ser vacinadas ficariam protegidas.
Modelos iniciais apontavam que populações atingiriam imunidade de rebanho da Covid-19 quando 60% a 70% das pessoas tivessem contato com a doença. No entanto, é preciso ressaltar que isso causaria mais mortes, segundo a pesquisadora Ester Sabino, autora sênior do estudo e professora da Faculdade de Medicina da USP.
“Se em São Paulo tivesse acontecido a mesma coisa, e se corrigisse pela faixa etária [dos moradores], teriam morrido três vezes mais pessoas”, afirma a cientista, lembrando que a população paulistana é mais velha do que a de Manaus.
A capital amazonense tem 7 vezes menos habitantes do que a cidade de São Paulo, mas cinco vezes menos mortes. De acordo com dados co consórcio de veículos de imprensa, eram 12,3 mil mortes pela Covid-19 na capital paulista e 2,46 mil em Manaus.
“A dúvida sempre é: esses doares representam a população de Manaus? Doadores de sangue são pessoas jovens, tem muito doador de sangue de serviço público – bombeiro, policial, trabalhadores de saúde. Não se sabe se essa população não tem uma prevalência maior [de anticorpos] que a população geral de Manaus”, lembra o professor Fernando Barros, das universidades federal e católica de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Nesse caso, os cientistas que fizeram o estudo colocam que a queda no número de casos em Manaus também pode estar relacionada com o distanciamento social e o uso de márcaras, e não representam necessariamente uma imunidade de rebanho.
No entanto, Ester Sabino pondera que as medias de contenção do vírus em Manaus não foram tão eficazes como em São Paulo.
Mas a pesquisadora Ester Sabino, da USP, autora sênior do estudo, avalia que as medidas para conter a disseminação do vírus, que foram semelhantes em Manaus e em São Paulo, não foram tão eficazes na capital amazonense.
“Aparentemente, no papel, pelo menos, foram muito parecidas, mas depende de como a população compreende. Não consegue entender só pelas medidas por que não funcionou. No papel, é muito parecida com São Paulo, é muito difícil saber. As pessoas provavelmente ficaram em casa, mas circularam próximo de casa”, avaliou. (BN)