Me coloco no lugar da mãe, que está sofrendo’, diz mãe de presa no caso Cristal

(foto: reprodução e acervo pessoal)

Ela denunciou a filha Gilmara Daiam de Sousa Brito à polícia

Quando uma mãe chora, todas choram. Foi pensando sob essa perspectiva que a mãe de Gilmara Daiam de Sousa Brito, a primeira mulher presa por participar do assalto que resultou na morte da adolescente Cristal Rodrigues Pacheco, denunciou a própria filha à polícia. “Me coloco no lugar da mãe [de Cristal], o quanto que ela está sofrendo com a situação de perder uma menina dessa forma. Uma jovem que tinha tudo pela frente e elas interromperam o sonho da criança”, relatou a mãe da acusada. 

A mulher, que preferiu não se identificar, contou que Gilmara pediu abrigo depois do ocorrido, mas ela sabia que não era o certo a se fazer. “Eu fiz minha parte como mãe, eu senti muito pelo acontecido, eu já sabia o que tinha que fazer, nem pensei duas vezes. Eu penso que ela tem que pagar pelo que fez, não sei quantos anos, mas ela tem que pagar, foi uma vida que foi ceifada, um sonho interrompido. Não partiu dela o tiro, mas ela compactuou”, disse a mãe. 

“Quando ela me procurou, estava desesperada, não parecia que estava drogada, mas desesperada. Eu coloquei ela para fora. Ela estava machucada no braço, no local do tiro, porque a colega atirou, a bala atravessou no braço dela e pegou em Cristal. Ela disse que a colega atirou acidentalmente, que não foi porque ela quis, mas quem sai com arma na mão está disposto a matar e morrer”, relatou a mãe de Gilmara. 

A mãe da acusada tem outros três filhos, todos homens, um de 33 anos que trabalha como pizzaiolo, outro de 22 que atua na área da construção civil e outro de 18 que é autista e requer cuidados constantes. Ela cuidou de todos sozinha. Segundo ela, a filha usa drogas desde os 13 anos e saiu de casa antes mesmo de alcançar a maioridade. 

“Eu fico muito decepcionada em ver ela nesse caminho, eu não dei essa criação, ela foi pra esse lado [da criminalidade] sem motivo algum. Fico muito triste pelo fato acontecido, uma jovem que tinha tudo pela frente e elas interromperam o sonho da criança, porque elas não têm nada a perder, mas tiraram a vida de quem tinha sonhos”, disse. 

A mulher relatou ainda que assim que viu a notícia do crime ocorrido no Campo Grande, imaginou que a filha estava envolvida. “Eu sabia que ela costumava roubar as pessoas na região. Quando eu vi a notícia pela manhã e que se tratava de duas mulheres, desconfiei que fosse ela, porque eu sabia que ela ia naquelas imediações. Assim que assisti às imagens do crime, vi que realmente tinha sido ela”, contou. 

A mãe confirmou que sabia que a filha roubava nas imediações do Campo Grande, mas que nunca ouviu relatos de ela ter machucado alguém. “As pessoas me falavam que ela roubava, ela aparecia aqui em casa, tomava banho, comia, depois sumia de novo, passava mais de seis meses sumida. Nunca vi ela com essa mulher que cometeu o crime contra Cristal, não reconheci a mulher”, disse. 

Suspeita confessou disparo
Presa nesta quinta-feira (04), Andréia Carvalho ou ‘Andréia Rasta’, como é conhecida, confessou à polícia que atirou em Cristal. A delegada Andréa Ribeiro, diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou em coletiva que a suspeita estava escondida na cidade de Nova Soure, mas resolveu se apresentar com um advogado depois que teve prisão decretada pela Justiça.

A arma usada no crime ainda está sendo procurada, diz a delegada. “Não temos informações sobre a arma, estamos em busca dessa cadeia de como essa arma chegou na mão das duas autoras do crime”, diz.

A polícia ainda não sabe se as duas suspeitas costumavam atuar juntas em crimes pela região. “Estamos fazendo levantamento da vida pregressa, mas o que nos chega é que são muitas passagens por furtos aqui no Centro”, acrescentou. “Ela confessou o crime e também confirma que ela efetuou os disparos”.

A suspeita ainda está sendo ouvida para dar detalhes sobre toda a dinâmica do fato. “Após o crime, ela teve suporte da família e seguiu para o interior do estado. Resolveu se apresentar, acredito que por conta da repercussão do crime na mídia não só local, mas também nacional”, avalia a delegada. 

Ainda não se sabe se o tiro foi dado propositalmente ou foi um disparo acidental, acrescenta Andréa Ribeiro. “São muitas questões que precisam ser esclarecidas, vamos somar tudo que foi apurado para chegar a um resultado”, diz. “Elas não falaram o que queriam, mas a princípio nos parece que a motivação é de cunho patrimonial, queriam roubar objetos das vítimas”.

As duas presas são usuárias de drogas e, provavelmente, os objetos roubados seriam usados em permutas por entorpecentes. 

Entenda o caso
A adolescente Cristal Rodrigues Pacheco, 15 anos, seguia para a escola quando foi morta durante uma tentativa de assalto, a poucos metros da sede do Comando Geral da Polícia Militar.

Moradora do Corredor da Vitória e estudante do Colégio das Mercês, a adolescente estava acompanhada da mãe e da irmã quando foi abordada. Segundo informações iniciais, no meio da ação, uma das suspeitas, que carregava uma pistola pequena – possivelmente calibre 653, colocou a arma no peito da vítima e disparou, antes de fugir.

O crime aconteceu em frente ao Palácio da Aclamação, próximo ao Campo Grande. Cristal não resistiu aos ferimentos e morreu antes mesmo de ser atendida, ainda com o uniforme da escola. A mãe e a irmã dela não sofreram ferimentos.

Em nota, a Polícia Militar informou que foi acionada por volta das 7h através do Cicom. Equipes do 18º BPM, unidade responsável pelo policiamento da região, foram até o local e já encontraram a estudante morta. (Fonte: Correios).

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