Médico de SAJ afirma que fechar o comércio não é a solução e apela: “é preciso um Centro e que faça testes em massa”

Foto: Reprodução / Voz da Bahia

Nessa sexta-feira (12) o Programa Meio-Dia e Meia, na Live do Voz da Bahia recebeu o médico cirurgião do município de Santo Antônio de Jesus, Dr. Antônio Carlos, que contou sua experiência após ser diagnosticado pelo novo coronavírus (Covid-19).

Dr. Antônio Carlos iniciou esclarecendo que já se encontra curado da doença, “eu tive contato com uma paciente que estava em estado grave, uma senhora que é tia da minha esposa, eu fui atender lá e nesse momento de atendimento houve uma quebra no EPI e imaginei que naquele momento eu tivesse sido contaminado. Dois dias depois, algumas pessoas da minha família começaram a sentir os sintomas. Com relação a essa senhora, ela foi internada no hospital Incar, ficou em estado grave chegou a ir a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), foi entubada e apesar de todo o cuidado, essa senhora foi a óbito; foi o primeiro óbito daqui de Santo Antônio de Jesus”, relata.

O médico ainda explica que após a realização dos exames foi diagnosticado não só ele com o Covid-19, mas sua esposa e sua sogra, “o fato é que eu não tive nenhum sintoma como coriza, falta de ar, tosse não tive perda de sabor, nem de falta de olfato, mas algumas pessoas aqui da minha casa sentiram. Minha sogra, por exemplo, teve alguns problemas, minha mulher também sentiu febre. Nós tomamos as medicações e o fato é que hoje todos nós estamos curados, inclusive nós fizemos alguns exames de contraprova, então clinicamente e tecnicamente todos nós estamos curados”, disse.

Sobre os medicamentos utilizados durante o tratamento da Covid-19, Dr. Antônio indica ao Voz da Bahia que não precisou usar a hidroxicloroquina, mas se caso houvesse necessidade usaria sem nenhum problema, “usamos um Anita, além de fórmulas com vitamina C, vitamina D e Zinco, já minha sogra e minha tia por serem pessoas de idade e ter um pouco de febre, usaram um antitérmico também”, pontua.

Durante a entrevista o cirurgião deixa claro o perigo do coronavírus, “essa doença mata e mata mesmo, mas acima desse mal temos o Deus que nos protege e que nos ilumina. Temos que ter fé, sabedoria, porque a doença existe, mas não resiste nenhum mal ao poder de Deus, Deus não é o mal, Deus é o todo poderoso e tem uma força que nada pode derrubar”, esclareceu.

Sobre as atitudes da Prefeitura e da Secretaria de Saúde diante do combate a pandemia do coronavírus, Dr. Antônio Carlos diz não ter nenhuma crítica positiva ou destrutiva com relação a tal, contudo, enxerga algumas falhas diante dessas atitudes, “o Secretário de Saúde e o prefeito precisam ouvir a classe médica. Não adianta fazer reuniões com outros segmentos da sociedade para se tratar da Covid-19, eu acho que essas reuniões com outros segmentos da sociedade são importantes sim, mas em relação a uma doença desse tipo, eu acho que têm que ouvir a classe médica, os enfermeiros, os fisioterapeutas, os odontólogos, infelizmente isso não aconteceu logo no início. Depois de um tempo, o nosso grupo médico procurou o secretário de saúde e agendou uma reunião junto com o prefeito E essas reuniões estão acontecendo, não tanto quanto a gente gostaria de ter, mas infelizmente a coisa já começa acontecer. Eu, por exemplo, tenho algumas sugestões que seriam interessantes para Santo Antônio de Jesus. Por exemplo, eu acho que Santo Antônio de Jesus deveria ter uma central de atendimento exclusivo para Covid-19. Por exemplo, um posto de saúde, em uma localização centralizada, onde qualquer paciente com sintomas gripais fossem encaminhados para essa unidade. Eu não acho uma ideia boa, por exemplo, paciente com covid-19 irem para o HRSAJ (Hospital Regional) ou a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). O HRSAJ atende uma região e pode colocar em risco a vida de quem esteja lá. Então, eu acho que a Prefeitura de Santo Antônio de Jesus construa uma unidade própria da Covid-19 com médicos, com equipe de enfermagem, uma equipe de técnicos de enfermagem, ambulância e etc. Além de todo mundo equipado com equipamentos de segurança, para que seja um centro de referência, para que as pessoas que estão com sintomas se dirijam até esse centro, isso, por exemplo, acontece em Castro Alves”, explicou.

O cirurgião aproveita oportunidade e aponta que o fechamento do comércio não é a solução, “é preciso que haja um Centro com equipe especializada e que se faça testes rápidos em massa”, alertou.

Voltando ao assunto da hidroxicloroquina, Carlos afirma que há uma celeuma em torno deste assunto, “há muita politicagem no meio. Eu quero saber qual é o médico, político, alguma autoridade, se por acaso ele tiver a Covid ele não irá tomar? Na hora H, todos tomam. Eu acho que paciente que tem problemas graves de coração, aí é uma questão, mas paciente jovem e rígido que não tem nenhuma contra indicação, não há problema algum em usar a hidroxicloroquina, claro, que deve ter todo o acompanhamento médico. Não adianta o paciente está com o coronavírus e ser atendido em unidade de saúde e ele ser mandado para casa e ficar em quarentena. A questão não é essa, a questão é cuidar da pessoa, é cuidar dessa família, é acolher essa família, isso é o que  sinto falta, é desse acolhimento aqui em Santo Antônio de Jesus”, finaliza.

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Reportagem: Voz da Bahia

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