Miss Bahia Gay em Salvador defende que ser drag é uma ‘arte’ e que ‘dá para família toda ver’

Foto: Reprodução/Instagram

Em meio a quebra de paradigmas nos concursos de beleza, com a permissão da participação de mulheres e homens trans, os concursos de miss gay caracterizados pelo glamour do mundo drag já funcionam, há muitos anos, como canal para amplificação das vozes que lutam pelas causas LGBTQI+. É neste sentido, que durante um ano, a nova Miss Bahia Gay 2019, Pietra Morato, vai usar a sua imagem de destaque para pedir igualdade e direitos para o público que representa. 

Viver o drag para ela não é algo simples como muitos acreditam e ser drag é uma mistura de arte e luta de quebra de estereótipos formados pela sociedade conservadora. “Eu me considero mais transformista porque eu só me monto pra participar de concurso de beleza e isso pra mim é uma forma de me expressar artisticamente e mostrar que nossa arte não é marginalizada”, explica. 

Assim como as misses tradicionais, que se dedicam em causas sociais durante o reinado, Pietra garante que com o título de Miss Bahia Gay vai dar a sua contribuição a “visibilidade à cultura lgbt, que é grande, bonita e está marginalizada” e assim “mostrar que a arte é rica e dá pra família toda ver”.

Na contramão do que ela espera do futuro, a onda conservadora em alta no Brasil serviu para que a união entre as pessoas LGBTQI+ fosse ainda mais necessária como estratégia de proteção. “Antes as pessoas se escondiam, não tinham coragem de falar do preconceito dela e hoje elas estão com essa possibilidade. Isso fez com que a gente visse que o preconceito está aí. Eu acho que isso serviu para que a gente visse onde a gente deve se proteger e se aproximar para se ajudar”, acredita. 

A equiparação da homofobia como crime de racismo foi comemorado por Pietra, mas ela lamenta o tempo que foi levado até que fosse finalmente transformada em lei: “Eu achei até que demorou demais porque se nós somos considerados como minoria e o Brasil é um dos países que mais mata LGBTs, foi tarde demais. Mas que daqui pra frente isso traga resultados, que essas mortes parem ou diminuam, que essa lei seja válida realmente, que surta efeito, que saia do papel”.

O CONCURSO
Eleita na última segunda-feira (1º) no Teatro Vila Velha, em Salvador, Pietra, que fora da caracterização é o estilista Nadson Maimone, representou a cidade de Feira de Santana no concurso promovido pela drag Bagageryer Spilberg. Experiente em concursos, Morato já acumula, aos 31 anos, os títulos de Miss Gay Princesa do Sertão 2006, Rainha da Beleza 2017 e Miss Feira de Santana 2017. 

Foto: Reprodução / Instagram

Ao lado dela, diversos parceiros ajudam na criação e composição da drag entre eles Sylano Marsyj, na produção da personagem, Guilherme Baldini com a maquiagem e Marcos Cerqueira, esposo de Nadson, no apoio e produção. Sobre o traje típico que será usado no Miss Brasil, que será realizado no início de novembro, Pietra fez mistério mas deu pistas que a sua cidade natal, Feira de Santana, será homenageada.

Questionada como será daqui para frente com o concurso nacional, Morato adiantou que usará o novo título, caso vença, para estimular ainda mais a adesão das minorias nos espaços conquistados por qualquer outro brasileiro: “Eu tenho minha carreira profissional como estilista e pretendo usar dos meus títulos, se eu ganhar mais um, para fortalecer a visão de que os LGBTs estão aí no mercado e trabalham e alcançam espaços que é nosso também”.

por Ailma Teixeira / Ian MenesesBahia Notícias

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