A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) notificou oficialmente a Petrobras, nesta segunda-feira (12), dando um prazo de 72 horas para que a estatal paralise todas as suas atividades em seus campos de petróleo e gás na Bahia.
A decisão foi tomada após auditoria realizada nas áreas de produção de petróleo e gás da Petrobras, no estado, em campos que vão de Bálsamo a Taquipe e que fazem parte do Polo Bahia Terra. Na auditoria, que teve início na segunda-feira (5), os técnicos da ANP encontraram problemas e irregularidades, recomendando a paralisação total desses campos até que a Petrobrás regularize todos os problemas.
Diretores do Sindipetro-BA, que estão acompanhando a questão, afirmam que a decisão da ANP foi contestada por técnicos da Petrobras, que chegaram a propor prazos para corrigir os problemas, que de fato existem. Mas a ANP não aceitou, enviando a notificação para a Petrobras, indicando a parada total dos campos.
Com isso, o Sindipetro-Ba chama a atenção que será paralisado um negócio de 20 mil barris de petróleo por dia e de R$ 4 bilhões de faturamento bruto por ano, impactando diretamente o orçamento de sete municípios (Esplanada, Cardeal da Silva, Entre Rios, Alagoinhas, Catu, São Sebastião do Passé e Araças), que vão deixar de receber o pagamento de royalties e ISS, que é feito pela Petrobras. Além disso, a paralisação das atividades vai gerar cerca de 4.500 demissões, que terão de ser feitas pelas diversas empresas que prestam serviços à Petrobrás nessas áreas.
Além dos impactos indiretos no comércio e cadeia produtiva (hotéis, postos de gasolina, transportes, restaurantes, etc) e na economia, em especial desses municípios, o que afeta consequentemente a economia baiana, segundo informações do próprio Sindipetro Bahia.
Para o diretor de comunicação do sindicato, Radiovaldo Costa, “esta é uma decisão absurda e desnecessária”. Ele sustenta que o problema poderia ser resolvido de outra forma e acusa a ANP de intransigência e falta de sensibilidade social com a economia, com a população e com os trabalhadores”.
“Essa parada pode significar uma paralisação total dos campos por cerca de seis meses enquanto as adequações serão feitas, então é um negócio completamente descabido”, reclama Radiovaldo.
O Sindipetro desconfia que há segundas intenções nessa medida radical tomada pela ANP, como mais uma tentativa de retirada total da Petrobras da distribuição terrestre de petróleo e gás na Bahia. A entidade sindical lembra que a ANP já demostrou, em vários momentos, que não tem interesse que a Petrobrás continue nessa atividade e isso significa a privatização total dos campos da estatal, que já está em curso no estado e será finalizada, caso a atual gestão da Petrobras consiga vender o Polo Bahia Terra.
Para Radiovaldo, esta paralisação total das atividades fragiliza qualquer possibilidade de permanência da Petrobrás na Bahia. “Somos contra, queremos a correção dos problemas e ainda investimentos, aumento da produção e geração de mais emprego para que a Petrobras contribua com o fortalecimento da economia baiana. Defendemos que a Petrobrás volte a crescer na produção de petróleo no estado a partir do Polo Bahia Terra, comprando novos campos, com atividade exploratória e perfuração de novos poços de petróleo e gás.
A direção do Sindipetro está buscando uma reunião com a direção da ANP na tentativa de demover a agência desta posição. A entidade sindical também está mobilizando deputados federais e se reunindo com prefeitos e vereadores das cidades afetadas diretamente para evitar a paralisação desses campos. O governador Rui Costa também foi informado sobre o assunto pelo Sindipetro, que pretende ainda enviar um documento com explicações sobre a problemática que envolve essa questão para o governador eleito da Bahia, Jerônimo Rodrigues. (BNews)