Prejuízos da suspensão do Carnaval de Salvador podem chegar a R$ 1,8 bilhão

(Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO)

A maior festa de rua do mundo se sustenta em uma gigantesca cadeia que vai do catador de latinhas ao mais rico artista. Os prejuízos causados pela suspensão do Carnaval de Salvador devido à pandemia do novo coronavírus têm um enorme impacto econômico e social. Tomando como base o ano passado, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e a Empresa Salvador Turismo (Saltur) estimam que a movimentação econômica ligada à folia pudesse chegar a R$ 1,8 bilhão em 2021.

O CORREIO ouviu a maior parte dos envolvidos nessa indústria de fazer emprego, renda e alegria. Entre desolação e desespero, busca por alternativas e até mesmo a falta delas, a única certeza é de que o Carnaval não é só uma festa, mas representa a sobrevivência de milhares de famílias. O Carnaval congrega uma rede de setores que movimenta de empresas de bebidas a fábricas de purpurina. O folião, seja lá de onde ele venha, é um consumidor ativo que compra no ambulante, utiliza meios de transporte, adquire abadás de blocos, frequenta camarotes e usa fantasias e acessórios.

Em torno disso estão desde as costureiras das fábricas aos cordeiros e seguranças, dos músicos aos roadies das bandas, dos donos de imóveis alugados nos circuitos aos barraqueiros, dos motoristas de trio às empresas de banheiro químico e estruturas de montagens. É uma infinidade de produtos e serviços em que, segundo estimativa da Saltur, cerca de 250 mil pessoas conquistam postos de trabalho. A maioria de maneira informal e temporária. Mas, muitos até assinam a carteira. No mês de fevereiro de 2020, ocorreram 1.982 admissões formais nas atividades ligadas ao Carnaval. Agora imagine tudo isso parado. 

Boa parte dessa cadeia é alimentada por visitantes. Segundo pesquisa realizada pela Prefeitura de Salvador, cada turista nacional chega a desembolsar R$ 5,1 mil e um estrangeiro gasta em torno de R$ 3,7 mil durante a festa. Já os baianos costumam desembolsar cerca de R$ 1,8 mil cada no Carnaval.

Os dados foram atualizados com base na pesquisa de análise de perfil dos turistas no Carnaval de 2017, com revisão monetária no ano seguinte e com aplicação de um crescimento de 1,7% em 2020. De acordo com o mesmo estudo, os visitantes costumam passar sete dias na cidade no período do Carnaval, mas brincam nas ruas aproximadamente cinco dias.

A Secult estimou que 854 mil turistas vieram a Salvador no Carnaval 2020. Destes, 435,8 mil do interior da Bahia, 331,5 mil de outros estados e 86,2 mil eram estrangeiros. Com a pandemia, esse número deve reduzir absurdamente. Até o momento, a prefeitura não tem uma estimativa de turistas que virão esse ano. 

“Vai ter muita gente durante o período de Carnaval em Salvador. Até porque muitos já estavam programados. Inclusive nos preparamos, nos estruturamos para receber esses visitantes na pandemia. Desde dezembro já há uma movimentação na cidade. Mas, claro, nada vai ser comparado ao que seria se tivesse Carnaval”, admite o presidente da Saltur, Isaac Edington.

Mola mestra

Não dá pra esquecer que há muito de verba pública investida na folia também. No Carnaval de 2020, o Governo do Estado injetou na festa R$ 73 milhões em segurança pública, saúde e patrocínio de blocos e artistas. Já a prefeitura investiu R$ 60 milhões em estrutura e atrações. Aliás, é preciso reconhecer que esses artistas, junto com os produtores e todos que os cercam, são a mola metra dessa cadeia. Sem eles, não há público e todo o resto.

Com toda essa categoria sem trabalhar nos sete dias de folia, a Associação Brasileira de Produtores de Eventos da Bahia (Abrape-BA) calcula que mais de R$ 300 milhões deixarão de circular nas produções diretamente ligadas ao Carnaval.

Fora o que eles já deixaram de ganhar nos ensaios, lavagens, Réveillon e festas de largo que antecedem a festa mor. Presidente da Abrape e um dos sócios da Salvador Produções, Marcelo Britto lembra que o Carnaval é só o fechamento do verão e que muita gente que depende do negócio deles tem passado necessidade.  

“É um cenário desesperador! São milhares de pessoas que precisam desses eventos. O Carnaval é só o fechamento de tudo. Pessoas estão passando fome”, afirma Marcelo, que diz ter solicitado linhas de crédito ao poder público, mas ainda não obteve respostas positivas. “Nós da iniciativa privada não temos como segurar essa cadeia sozinhos”, admite Marcelo, que empresaria artistas como Léo Santana, Parangolé e realiza o Bloco Nana Banana. Marcelo tem liderado o processo de pressionar os deputados federais para aprovação de uma lei que possibilite uma linha de crédito para os produtores.

“É uma cadeia de centenas de fornecedores, de som, de luz, de trios elétricos e de pessoas que trabalham para eles. Lamentável”, diz Marcelo. Mas, bom lembrar, a cadeia é muito mais ampla. A economia do Carnaval extrapola e muito os circuitos da folia. “Começa no táxi no aeroporto. Dali o turista já vai comer um acarajé em Itapuã e segue para o hotel para pegar o abadá”. Em períodos de Carnaval, aliás, a taxa de ocupação nos hotéis vai a 95% em Salvador, chegando a  97% nos estabelecimentos próximos aos circuitos. 

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), o faturamento das acomodações hoteleiras de Salvador no Carnaval de 2020  foi de R$ 150 milhões. Sem o Carnaval, este montante terá uma redução de 80%. A expectativa de ocupação para 2021 não passa de 60% a 65%. O faturamento no período de Carnaval representa em torno de 11% do faturamento anual dos hotéis. “Carnaval é como um 13º dos hotéis porque é justamente nesta época que o setor acumula rendimentos para conseguir enfrentar os períodos de baixa estação, que ocorrem entre os meses de março e junho”, afirma Luciano Lopes, presidente da ABIH. É quase a mesma realidade do bares e restaurantes. Os indicativos da  Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel Bahia) mostram que a queda no faturamento pode chegar até 70% em relação ao ano passado. 

PIB da festa

O Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon) tem números um pouco abaixo da estimativa da prefeitura, mas são montantes que também revelam o enorme impacto do Carnaval na nossa economia. Ao transpor dados de um estudo metodológico realizado em 2007 para o ano de 2018, o economista Gustavo Pessoti chegou à quantia de R$ 1,5 bilhão de circulação monetária durante o período de Carnaval em Salvador, levando-se em conta não só a festa mas todos os “transbordamentos”, como os setores de bebidas, gastronomia, hotéis e trabalho informal. 

Ex-diretor de Indicadores e Estatísticas da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI) e atual vice-presidente do Corecon, Pessoti analisou as estratificações populacionais da festa com base na Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da SEI. O Carnaval seria dividido em quatro grupos: os que não brincam o Carnaval e ficam em Salvador (mas aproveitam os feriados para consumir), a população anti-Carnaval (que viaja), as pessoas que trabalham no Carnaval (que seriam 5% da população de Salvador) e as pessoas que brincam. 

Apesar de a maior parte da população não estar diretamente envolvida na folia, Pessoti diz que “o efeito do Carnaval é muito forte em todos os sentidos”. Até porque, afirma o especialista em gestão governamental e políticas públicas, 4,3% do PIB da Bahia estão relacionados com atividades características do turismo e 3% estão relacionados com a chamada economia criativa. “O Carnaval é imprescindível para ambos”, acredita. 

As perdas financeiras da não realização do Carnaval não podem ser chamadas de PIB do Carnaval, que seria o quanto a festa adicionaria de valor na economia. O cálculo dá conta da circulação monetária, ou seja, leva em consideração tudo o que circula em todas as atividades econômicas relacionadas ao Carnaval. Mas, só a título de comparação, o economista buscou o valor do PIB de todos os 417 municípios da Bahia no ano de 2018. Somente 31 municípios tiveram PIB anual superior à circulação financeira do Carnaval, ou seja, R$ 1,5 bilhão.

“É um número bastante significativo”, garante Gustavo. Outra comparação: o PIB de Salvador em 2018 foi pouco mais de R$ 63 bilhões. O Carnaval daquele ano, portanto, seria 1,9% do PIB da capital baiana. Parece pouco, mas o curto espaço de tempo revela a importância do Carnaval para a economia. “Você tem que levar em consideração que isso é gerado em uma semana ou dez dias. Várias cidades importantes da Bahia têm o PIB menor”.

Doutor em Comunicação e Cultura e um dos maiores pesquisadores da indústria do Carnaval, o economista Paulo Miguez diz que, nas últimas três décadas, a festa produziu uma economia com múltiplos mercados. “Do trabalhador mais precarizado ao dono do camarote, todos fazem parte de uma economia. São milhares e milhares de pessoas envolvidas. Por isso, o que se chama de PIB da festa é absolutamente significativo para a vida econômica da cidade”, confirma Miguez, que cobra das autoridades políticas que mantenham vivos esses setores.

Miguez chama a atenção para a necessidade de se criar ferramentas de financiamento para todos da cadeia, a começar pelos mais fracos. “O impacto do cancelamento do Carnaval é muito grande. Não só ponto de vista simbólico, mas social e econômico. É preciso ter políticas, cuidados com esses setores. Há um conjunto de atividades que precisam de apoio. Da mesma forma que tem que ser feito para o trade turístico, para os camarotes e blocos, tem que cuidar também do lado mais fraco da corda. Das costureiras aos cordeiros, estão todos sem trabalho. Se, por exemplo, o setor agropecuário tem financiamentos e benefícios fiscais para compensar colheitas ruins, a economia da festa também precisa de ferramentas dessa natureza”, compara o especialista.

Imóveis

O Carnaval mexe com os mais diversos mercados. O imobiliário, por exemplo, está vendo os aluguéis de imóveis por temporada caírem drasticamente. Segundo o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-BA), cerca de 500 casas e apartamentos deixarão de ser alugados, o que representa um prejuízo de R$ 2,5 milhões. Em média, cada imóvel é alugado por R$ 5 mil. Muitos deles continuam com as placas de “aluga-se temporada” ou “aluga-se Carnaval” nas janelas. “O faturamento aumentava bastante. Muito proprietário alugava apenas durante o Carnaval e ficava o resto do ano pagando o condomínio e o IPTU. Esse pessoal teve um prejuízo muito grande. Muita gente já contava com esse dinheiro”, explica José Alberto de Vasconcellos, diretor do Creci-BA. 

Logo após o Carnaval 2020, a paulista Maria Queiroga, que passa o Carnaval em Salvador há 15 anos, iniciou as negociações para o aluguel de um imóvel na Orla da Barra. Queria a mesma casa que comportou um grupo de 29 pessoas da última vez. “Veio a pandemia e todo planejamento foi suspenso. Algumas pessoas já haviam iniciado os pagamentos da estadia e a compra de abadás”, conta Maria. Segundo o proprietário do imóvel, o baiano Luís Magno, o valor do aluguel sai por R$ 30 mil.

“Alugo ele no Carnaval há mais de 20 anos. Dessa vez o pessoal já me passou que não vem. Faz parte da vida”, resigna-se Luís, que devolveu o dinheiro a quem tinha pago. Mas, as tratativas para 2022 já estão adiantadas. A ideia é que o grupo tenha 40 pessoas. “Já alugamos para 2022 com a pendência de confirmação e acreditamos que tudo só será fechado mesmo pós-vacina. Estamos na expectativa”, diz Maria.

Blocos

Presidente da Associação de Blocos Alternativos da Barra (ABA) e uma das coordenadoras do Conselho Municipal do Carnaval e Outras Festas Populares (Comcar), Márcia Mamede diz que os blocos de Carnaval tiveram uma perda de receita “incalculável”. Ela não fala em prejuízos porque sequer houve investimentos em trios, artistas e etc. “É uma receita que eu deixo de ganhar. Teria prejuízo se eu tivesse investido em algo para colocar o bloco na rua, mas ao mesmo tempo quantas pessoas eu vou deixar de contratar?”. Primeira mulher a trabalhar com blocos de trio no Carnaval, Márcia não enxerga qualquer alternativa para mudar o cenário de perdas financeiras e segue focada em sua outra empresa.

“Quem tem outros negócios tá focando nos outros negócios. Eu sou empresária do Carnaval, mas também tenho uma empresa de intermediação de mão de obra. Eu foquei na minha empresa”, admite Márcia, que já nem enxerga mais a possibilidade de ter Carnaval em 2021, ainda que seja no final do ano. “Pra nós não é interessante fazer um Carnaval depois de julho para ter outro em fevereiro. Como empresários da festa, estamos rezando para que tenha Carnaval em 2022”, afirma. “Eu prefiro não lembrar que estamos em fevereiro. O sentimento é de muita tristeza”, lamenta.   

Perda total 

A Central do Carnaval, empresa que reúne em média 30 das entidades mais representativas do Carnaval de Salvador, calcula que, entre blocos e camarotes, os prejuízos podem ficar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões. Isso somente a Central. Se contar as mais de 200 entidades carnavalescas, esse prejuízo possivelmente chega perto dos R$ 200 milhões. 

“Nosso negócio é perda total! Não tem alternativa. Qual é a alternativa? Não tem! Por que? Porque não tem o que substitua nosso negócio”, lamenta Tinho Albuquerque, sócio da Central.

“Nosso negócio”, no caso, é a venda de abadás. E elas estagnaram desde que a pandemia mostrou que iria se prolongar. Isso sem falar nos empregos perdidos. Ao longo do ano, a Central conta com 65 empregados diretos, mas esse número passa para 500 no período que antecede o Carnaval, boa parte deles contratados simplesmente para entrega de abadás. Durante a festa, a Central chega a ter 3 mil empregados, o que abrange as lojas, apoio administrativo, produção e segurança. Tinho explica que os foliões que pagaram por abadás de blocos e camarotes para o Carnaval 2021 tiveram a possibilidade de receber o dinheiro de volta. “Mas muita gente preferiu já deixar pago o Carnaval de 2022”. 

Foi o que fez o paraibano Pedro Nonato da Silva, que gastou R$ 1,6 mil em abadás, um deles do Camaleão. “Pedi para trocar para o próximo ano. Eu tava pagando e resolvi continuar”. Pedro só não conseguiu ainda remarcar as passagens áreas. “Gastei R$ 600 de passagens e a empresa ainda não liberou a remarcação. Se não conseguir, vou ficar no prejuízo”, afirma Pedro, que parece sentir mais a falta do Carnaval do que do próprio dinheiro. “Estou sentindo uma sensação de que estará faltando alguma coisa no mês que está por vir. Um evento que contagia qualquer ser humano”.

Pedro viria a Salvador com um grupo de 16 pessoas. Poucas delas mantiveram a viagem porque não conseguiram adiar as férias. Alguns dos blocos vendidos pela Central do Carnaval aliás, já estão com produtos à venda desde o mês passado. “Normalmente começamos a vender logo depois que acaba o Carnaval. Dessa vez antecipamos e começamos a comercialização de alguns produtos já em janeiro”, explica Tinho Albuquerque.  

Live

A única ação da Central do Carnaval este ano vai ser a live de Bell Marques, espécie de artista oficial da Central. No dia 14 de fevereiro, domingo de Carnaval, no mesmo horário em que o Camaleão sairia do Farol da Barra em direção à Ondina, Bell vai fazer uma transmissão ao vivo pelas redes sociais e Youtube diretamente do Forte de São Marcelo. “O que nós estamos captando de patrocínio da live é basicamente para cobrir os custos de operação. Não é algo relevante. Queremos fazer para que as pessoas lembrem do Carnaval de Salvador. É para não perder espaço no mercado enquanto cidade e manter a visibilidade nacional”, explica.

Tinho garante que o evento incentiva que as pessoas fiquem em casa. Inclusive, os que já adquiriram ou vierem a adquirir a fantasia para o Carnaval do Camaleão em 2022 vai ganhar um abadá na residência como brinde para assistir a live. Um abadá histórico de colecionador para marcar o único Carnaval que o Camaleão não saiu em 42 anos. Abatido com o cancelamento da festa, Tinho lembra que o Carnaval envolve boa parte da população, inclusive os que não gostam de Carnaval. “Os blocos e camarotes são só a ponta do iceberg. A dimensão econômica do Carnaval é gigantesca. São milhares de famílias prejudicadas. E você não vai recuperar isso nunca. Esse dinheiro não vai voltar”.  

Sem renda, 20 mil ambulantes e 15 mil cordeiros pedem socorro 

Como se sabe, a corda sempre arrebenda do lado mais fraco. No caso do Carnaval de Salvador, essa máxima é quase literal. Isso porque, ao lado dos ambulantes, os cordeiros dos blocos esse ano não vão ter o dinheiro extra que faz toda a diferença no sustento em casa. No caso dos ambulantes, os ganhos com as festas populares e o Carnaval garantem o sustento praticamente o resto do ano inteiro, explica Railda Nascimento de Carvalho, presidente da Associação de Barraqueiros de Festas Populares do Estado da Bahia (Abfest), que também é presidente da Associação de Ambulantes.

Segundo Railda, que tem uma cadeira no Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), os ambulantes e barraqueiros representam 75% da economia de bebidas e alimentos do Carnaval. São quase 20 mil ambulantes nas ruas, calcula Railda, sendo que 5 mil são credenciados. Além deles, há 540 barraqueiros trabalhando não só durante o Carnaval, mas também em micaretas de interior, festas populares e lavagens. Da mesma forma os cordeiros, que são cerca de 15 mil durante a folia. Imagine que cada cordeiro e cada ambulante é uma família que está perdendo sua receita. “A cadeia de emprego temporário informal foi pega com as calças na mão. O sentimento é de desespero. São 15 mil cordeiros desempregados. Estamos desassitidos”, afirma Matias Santos, presidente do Sindicato dos Cordeiros da Bahia (Sindicorda).

Um cordeiro recebe R$ 52 de diária no Carnaval, diz Matias. “Pode parecer pouco, mas é um dinheiro extra que todos esperam o ano inteiro”. Os ambulantes e barraqueiros faturam mais e, por isso, muitos vivem ao longo de meses graças aos isopores e estruturas que montam nas festas populares, lavagens e portas de ensaios. No Carnaval, um ambulante chega a faturar R$ 4 mil e um barraqueiro R$ 10 mil. Este ano, desde a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, que em dezembro abriu o círculo de festas populares até o Carnaval, ninguém vai faturar nada.

Cordeiros vão ficar sem renda extra esse ano (Foto: Marina Silva/Arquivo CORREIO)

A Secretaria Municipal da Ordem Pública (Semop) informou que os 5 mil ambulantes e barraqueiros credenciados estão recebendo auxílio de R$ 270 da prefeitura. “Todo mundo está trabalhando, menos a gente. Os restaurantes estão abertos, as baianas de acarajé estão trabalhando, os camelôs da Avenida 7 estão vendendo, mas nós estamos a zero. Desde a festa da Conceição da Praia até o Carnaval estamos parados. Nossas economias do ano passado já acabaram há muito tempo”, avisa Railda, que costuma colocar nove pessoas para trabalhar na sua barraca durante as festas, entre garçons, cozinheiro e ajudantes. 

O Sindicorda tenta fazer algumas ações para minimizar a situação precária de alguns associados. “Estamos tentando distribuir cestas básicas para as famílias. Às vezes conseguimos medicamentos, um encaminhamento de atendimento médico ou uma assistência financeira a uma família que está em situação mais precária”. Matias diz que os blocos não têm muito o que fazer para ajuda-los. “A gente não tem o que pedir ao bloco. É uma cadeia econômica. O bloco precisa dos patrocinadores e associados. O que vou cobrar deles?”. (Informações: Correios 24 horas)

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