Uma onda de calor fez os termômetros ultrapassarem 40°C em diversas regiões do país nos últimos dias e expôs o despreparo das escolas brasileiras para lidar com as altas temperaturas.
Um levantamento feito pelo CIEPP (Centro de Inovação para a Excelência das Políticas Públicas) aponta que apenas 33% das salas de aula das escolas públicas do país são climatizadas. Mesmo na rede particular menos da metade é climatizada (47%). Os dados são do Censo Escolar 2023.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), responsável pelo Censo, considera como climatizadas as salas de aulas que possuem equipamentos como ar-condicionado, aquecedor ou climatizador.
Os dois estados com o maior número de alunos são os que têm o menor percentual de salas de aula climatizadas: Minas Gerais (8,4%) e São Paulo (2,7%). Alunos e professores das escolas paulistas, no entanto, relatam que a situação é ainda mais difícil do que apenas a falta de climatização, já que muitas das salas nem sequer possuem ventilador funcionando ou cortina nas janelas para impedir a entrada de sol.
Estudos já indicam que o excesso de calor prejudica a aprendizagem por afetar a concentração, memória e a saúde física e mental dos alunos. Economistas do Banco Mundial fizeram uma projeção de que o aumento de dias com altas temperaturas pode levar à queda de rendimento escolar das crianças brasileiras.
O levantamento do CIEPP mostra que são os estados do Norte e Centro-Oeste os que têm maior proporção de climatização das salas de aula. Rondônia, Tocantins, Mato Grosso e Amazonas possuem os maiores percentuais.
Isabela Palhares/Folhapress