O mundo está em alerta com a variante ‘Nu’, nome dado à nova cepa de coronavírus encontrada na África do Sul. Cientistas dizem que ela reúne uma grande quantidade de mutações, que deixam-a mais transmissível e potencialmente resistente à vacinas.
Diversos países da Europa, como Alemanha, Itália e Reino Unido, assim como Israel, já proibiram a entrada de pessoas vindas da África do Sul e outros países do continente.
Já a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nota técnica nesta sexta-feira recomendando que o governo brasileiro adote medidas de restrições para voos e viajantes vindos de seis países africanos. Entre os países, estão Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue, além da África do Sul. A efetivação das medidas depende de portaria interministerial.
“É uma variante que possui características mais agressivas e que, obviamente, requer das autoridades sanitárias mundiais medidas imediatas. É exatamente o que fizemos há poucos minutos. Já enviamos nossas notas técnicas para os ministérios da Casa Civil, Saúde, Infraestrutura e Justiça no sentido que voos vindos desses países, são países localizados no sul do continente africano, sejam temporariamente bloqueados, não venham para o Brasil”, disse o diretor da Anvisa Antonio Barra Torres à GloboNews.
Por enquanto, os casos da nova variante já foram detectados em lugares como Israel, Bélgica e Hong Kong.
Como encontraram esta nova variante
A cepa foi descoberta por cientistas sul-africanos em amostras coletadas entre os dias 14 a 16 de novembro. O anúncio oficial da nova variante foi feito nesta quarta-feira (24).
Cientistas sequenciaram mais genomas, informaram ao governo que estavam preocupados e pediram à Organização Mundial da Saúde (OMS) para reunir seu grupo de trabalho técnico sobre a evolução do vírus para sexta-feira.
O país identificou cerca de 100 casos da variante, principalmente em sua província mais populosa, Gauteng.
Como surgiu a nova variante de coronavírus
Ainda não se tem certeza. Um cientista do UCL Genetics Institute em Londres disse que provavelmente evoluiu durante uma infecção crônica de uma pessoa imunocomprometida, possivelmente em um paciente com HIV/AIDS não tratado.
Quais países já registraram casos da nova variante
De acordo com cientistas, a nova variante já se espalhou em Gauteng e pode já estar presente em outras oito províncias do país.
A taxa de infecção diária do país quase dobrou na quinta-feira, passando para 2.465. O Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis (NICD) da África do Sul não atribuiu o crescimento à nova variante, embora cientistas locais suspeitem que seja a causa.
O Botswana detectou quatro casos, todos estrangeiros que chegaram em missão diplomática e desde então deixaram o país.
Hong Kong registrou um caso, de um viajante vindo da África do Sul. Israel também tem um caso, o de um viajante voltando do Malaui. O caso confirmado na Bélgica foi de uma pessoa não vacinada que viajou para o exterior e testou positivo no dia 22 de novembro.
A nova variante é resistente à vacinas?
Essa variante chama a atenção pois tem ais de 30 mutações na proteína spike que os vírus usam para entrar nas células humanas, dizem autoridades de saúde do Reino Unido.
Isso é quase o dobro do número da Delta e torna essa variante substancialmente diferente do coronavírus original, que as vacinas contra covid atuais foram projetadas para neutralizar.
No entanto, nenhum estudo foi feito ainda para medir a eficácia das vacinas nesta nova variante.
Quais são as mutações da nova variante?
Cientistas sul-africanos dizem que algumas das mutações estão associadas à resistência a anticorpos neutralizantes e maior transmissibilidade, mas outras não são bem compreendidas, então seu significado total ainda não está claro.
A Conselheira Médica Chefe da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, Dra. Susan Hopkins, disse à rádio BBC que algumas mutações não haviam sido vistas antes, então não se sabia como elas interagiriam com as outras, tornando-se a variante mais complexa vista até agora.
A nova variante é mais transmissível?
Mais testes serão necessários para confirmar se é mais transmissível, infeccioso ou pode escapar das vacinas. Um porta-voz da BioNTech, parceira da Pfizer no desenvolvimento da vacina, afirmou que estão testando a eficácia do imunizante contra a nova variante e dentro de duas semanas terão uma resposta.
O trabalho levará algumas semanas, disse na quinta-feira a líder técnica da Organização Mundial da Saúde na covid-19, Maria van Kerkhove. Nesse ínterim, as vacinas continuam sendo uma ferramenta crítica para conter o vírus.
Nenhum sintoma incomum foi relatado após a infecção com a variante B.1.1.529 e, como com outras variantes, alguns indivíduos são assintomáticos, disse o NICD da África do Sul. (Correios)